Artista plástico e paisagista brasileiro, Roberto Burle Marx completaria 115 anos no dia 4 de agosto de 2024. O profissional foi responsável por introduzir o paisagismo modernista no Brasil e um dos primeiros a utilizar plantas nativas em seus projetos.
Crédito: San Luis Obispo/Wikimédia CommonsNascido em 1909, em São Paulo, Burle Marx foi filho de Wilhelm Marx, judeu alemão comerciante de couro, e de Cecília Burle, pernambucana, descendente de franceses.
Crédito: Marcio Scavone/Wikimédia CommonsO casal, que residia no bairro da Boa Vista no Recife, mudou-se para São Paulo quando Cecília estava grávida, tendo Roberto nascido na capital paulista aos quatro dias do mês de agosto de 1909.
Crédito: DivulgaçãoA mãe era uma exímia pianista e cantora e despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas. Roberto a acompanhava, desde muito pequeno, nos cuidados diários com as rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e muitas outras espécies que plantava em seu jardim.
Crédito: Reprodução Guia de ArteOs negócios da família começaram a ir mal em São Paulo, o que fez com que seu pai resolvesse mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1913. Quando a nova empresa de exportação e importação de couros de Wilhelm Marx começou a ter resultados positivos, finalmente se mudaram para um casarão no Leme.
Crédito: DivulgaçãoAlém de paisagista, Burle Marx foi arquiteto, desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista, designer de joias e decorador. Em 2023, Senado Federal reinstalou tapeçaria criada pelo artista que havia sido danificada por vândalos durante a invasão ao Congresso Nacional.
Crédito: Waldemir Barreto/Agência BrasilUm artista completo que mudou-se com a família para a Alemanha em 1928 e entrou em contato com obras de Vincent van Gogh (1853-1890), Pablo Picasso (1881-1973) e Paul Klee (1879-1940).
Crédito: DivulgaçãoDurante a estadia na Alemanha, Burle Marx estudou pintura no ateliê de Degner Klemn. De volta ao Rio, em 1930, Lúcio Costa o incentivou a ingressar na Escola de Belas Artes, Burle Marx conviveu na universidade com nomes como Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa, Milton Roberto, entre outros
Crédito: Reprodução SEFA GOVO primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, em Recife, em 1934. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco.
Crédito: Divulgação Prefeitura de PernambucoNesse cargo, fez uso intenso da vegetação nativa nacional e começou a ganhar renome, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema (então Ministério da Educação e da Saúde).
Crédito: Reprodução JT NewsA Praça Euclides da Cunha (conhecida como Cactário Madalena) foi ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino. Ele buscou livrar os jardins do "cunho europeu", semeando a alma brasileira e divulgando o "senso de brasilidade"
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxParticipou de um grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com Luís Nunes, da Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Corrêa Lima, responsável pelo Plano Urbanístico da cidade)
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxAtuou nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. Entre eles, o primeiro Parque Ecológico de Recife, em 1938, e o terraço-jardim do Edifício Gustavo Capanema, que é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxA obra é definida por vegetação nativa e formas sinuosas, visto que o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxEntão, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata, o concretismo e o construtivismo.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxO artista também desenhou os azulejos do Hall de entrada do Edifício Prudência (Rino Levi) em Higienópolis, em São Paulo, e adquiriu um sítio de 365 mil m2, em Guaratiba, RJ, onde abrigava uma grande coleção de plantas.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxBurle também projetou o Parque Generalisimo Francisco de Miranda em Caracas, Venezuela, assim como os Jardins da Cidade Universitária da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro e o do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Crédito: Guillermo Ramos Flamerich/Wikimédia CommonsNas décadas de 50 e 60, realizou projetos como o paisagismo do Balneário Municipal de Águas de Lindóia, em São Paulo, assim como o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Além do paisagismo da Praça da Cidadania da Universidade Federal de Santa Catarina, onde situa-se o Prédio da Reitoria, em Florianópolis.
Crédito: DivulgaçãoUma de suas obras mais famosas foi o paisagismo do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Projetou também para a Embaixada do Brasil em Washington, D.C. (Estados Unidos), o Palácio Karnak, sede oficial do Governo do Piauí e o aterro da Bahia Sul, em Florianópolis.
Crédito: RioturAo longo da carreira, recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco do Itamaraty em Brasília, assim como o título Doutor honoris causa da Academia Real de Belas Artes de Haia (Holanda). Além de Doutor honoris causa do Royal College of Art em Londres.
Crédito: Arquivo Nacional do BrasilDoou seu sítio de Guaratiba com seu acervo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e foi homenageado pela escola de samba Independentes de Cordovil, 1988, no Grupo de Acesso do Carnaval carioca.
Crédito: Ichiro Guerra/Wikimédia CommonsBurle Marx recebeu o título Doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por indicação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Crédito: Lightnshadows/Wikimédia CommonsO último grande projeto do artista foi o paisagismo do Parque Ipanema, em Ipatinga/MG. Ao longo da vida, projetou mais de 2 mil jardins e sempre foi um dos grandes nomes brasileiros na defesa da natureza. Na foto, Praça Adhemar de Barros, em Águas de Lindódia (SP).
Crédito: Lsampeter /Wikimédia CommonsO paisagista Roberto Burle Marx, aos 84 anos, morreu no dia 4 de junho de 1994,, em consequência de uma embolia pulmonar. Ele estava em seu sítio, em Barra de Guaratiba (zona oeste do Rio), onde morava. O artista tinha um câncer na região abdominal.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxNa vida pessoal, o artista era sabidamente homossexual. Atualmente, pessoas LGBTQIA+ lembram de seu nome como uma referência e um exemplo a ser seguido.
Crédito: Rodrigo Soldon/Wikimédia Commons