Rival de Senna na F1, Alain Prost critica série da Netflix: ‘Falta de sensibilidade’

O tetracampeão de Fórmula 1 Alain Prost fez críticas severas à minissérie “Senna”, da Netflix. O ex-piloto francês, que protagonizou famosa rivalidade nas pistas com Ayrton Senna, expôs sua visão sobre a produção em entrevista à rádio francesa RMC.

“Tenho certeza de que Ayrton não gostaria, principalmente porque mostra falta de sensibilidade. Não deveríamos contar coisas que não são verdade”, declarou Prost, para quem o objetivo da série foi exclusivamente comercial, sem pensar na fidelidade aos fatos.

Recentemente, Prost foi notícia ao revelar que o maior erro de sua carreira foi ter criado sua própria equipe de Fórmula 1 em 1997. “Eu já estava dizendo à minha família e aos amigos mais próximos que estava condenado (após criar a equipe). Eu sabia disso desde o começo. Conheço a F1 muito bem, conheço o país muito bem. Se eu cometi um erro, foi esse. Teria sido melhor não ter feito isso”, afirmou, segundo o site “Motorsport”.

A Prost Grand Prix nasceu após o francês encerrar a carreira de piloto. Com sede em Guyancourt, nos arredores de Paris, ela participou de cinco temporadas (1997 a 2001). O ex-piloto encerrou as atividades da escuderia devido a dificuldades financeiras. O grupo empresarial DART comprou o espólio da empresa, mas não conseguiu seguir na Formula 1.

Um dos mais importantes pilotos da história da Fórmula 1, Alain Prost teve uma rivalidade emocionante com Ayrton Senna e ela ganhou uma minissérie dramatizada na Netflix. No entanto, o francês declarou não desejar que sua carreira seja resumida a apenas isso. 

"Faz muito tempo que não quero falar de outra coisa que não seja o esporte. Há 30 anos, convivo com uma espécie de redução da minha vida, que é o episódio Prost-Senna", explicou Prost.

Alain Prost afirmou que não nega sua rivalidade com Senna, com quem dividiu a garagem da McLaren entre 1988 e 1989. Mas prefere contar o início de sua vida no automobilismo. Ele ganhou uma série documental, lançada no Canal+, da França,

"Com a idade, com o tempo, eu queria deixar um rastro, queria compartilhar. Quando digo que esse é o período do qual mais me orgulho, não estou tentando disfarçar", frisou ao Motorsport.com França.

"É realmente o início. É um pouco simplista dizer isso, é claro que foi muito mais complicado, muito mais mágico ao mesmo tempo, porque você precisa ver em detalhes como isso acontece. Depois disso, o resto se torna quase banal: a corrida, a competição, mesmo que tenha sido mágica", completou.

"Eu teria ficado frustrado se as pessoas não conhecessem [minha carreira], com todas as histórias, e se fosse apenas sobre uma luta com Senna. Sinceramente, é só disso que as pessoas se lembram", salientou.

"Entre o filme Senna, o primeiro [Senna: O Brasileiro, O Herói, O Campeão], no qual passei talvez até mais tempo do que no meu documentário, e esse filme biográfico, é óbvio que não vou ficar satisfeito, porque sempre há um mocinho e um bandido [mostrado nele]", analisou.

Alain Marie Pascal Prost nasceu em Loire, no dia 24 de fevereiro de 1955. Talentoso e promissor desde jovem, o francês descobriu o kart, aos 14 anos, durante férias em família.

Na sequência do início da carreira, Prost venceu os campeonatos francês e europeu de Fórmula 3, antes de ingressar na equipe McLaren de Fórmula 1, em 1980, aos 24 anos.

Alain Prost estreou na Fórmula 1 no Autódromo de San Martin, em Buenos Aires, na Argentina, onde terminou nos pontos, em 1980. Ao longo da carreira, ele consagrou um estilo de pilotagem seguro, leve e elegante, apesar da postura perante outros pilotos.

No Autódromo de San Martin, em Buenos Aires, Argentina, Prost conquistou seu primeiro pódio, em seu segundo ano de Fórmula 1. Além de sua primeira vitória na corrida, um ano depois (1981), na França, pilotando a Renault de fábrica.

Ainda na Renault, ele somou mais oito vitórias ao seu currículo. No entanto, divergências com a equipe o fizeram regressar à McLaren, na qual somaria mais 30 vitórias e ganharia três títulos mundiais: 1985, 1986 e 1989. O quarto veio em 1993, com a Williams

Em uma passagem conturbada pela Ferrari, foi vice-campeão em 1990 e não competiu em 1992. Retornou em 1993, sagrando-se mais uma vez campeão, agora pela Williams, e encerrando no mesmo ano sua carreira.

A principal rivalidade de Prost foi com Ayrton Senna, algo que ganhou ainda mais força em 1988, quando ambos se tornaram companheiros de equipe na McLaren.

O evento mais notável durante a temporada de 1988 ocorreu no GP de Portugal, onde Senna tentou bloquear Prost de obter a liderança, forçando o francês a correr próximo do muro dos pits.

Prost manobrou para passar Senna por fora, obtendo a liderança quando os dois chegaram à primeira curva, mas manteve-se irritado com a manobra perigosa do brasileiro.

A rivalidade se intensificou após o Grande Prêmio de San Marino de 1989, onde os dois competidores firmaram um acordo de que nenhum ficaria no caminho do outro na primeira curva.

Um acidente envolvendo Gerhard Berger na quarta volta parou a corrida. No reinício, Prost levou a melhor entre os dois, mas Senna forçou seu caminho na primeira curva, quebrando o acordo feito no início da corrida e deixando o francês furioso.

A rivalidade chegou ao ápice no fim de 1989, quando o título estava para ser decidido no GP Japão de 1989, em Suzuka. As duas McLarens colidiram na chicane do Casio Triangle, e a desclassificação de Senna fez com que Prost ganhasse o título matematicamente.

Em 1990, Senna estava à frente de Prost, que agora era piloto da Ferrari, no campeonato de pilotos. No Japão, o francês levou a melhor entre os dois, mas ao completar a primeira curva, o brasileiro se recusou a recolher o carro para dar espaço e colidiu de lado e ficou com o título.

O francês tirou um ano sabático em 1992 após ser demitido da Ferrari por ter criticado publicamente o carro e a equipe. Depois das polêmicas, em 1993, Alain Prost voltou à Fórmula 1 em grande estilo, pilotando o Williams FW15 com os motores Renault V10 e se sagrou tetracampeão.

Com a iminente entrada de Ayrton Senna na Williams para a temporada de 1994, Prost decide não reaver a lendária e polêmica rivalidade dos tempos de McLaren e anunciou sua aposentadoria justamente no final de semana do GP de Portugal.

Alain Prost é casado com Anne-Marie Prost e tem três filhos: Nicolas, Sacha e Victoria. Ele reside em Nyon, na Suíça.