Um réptil nativos de desertos da América do Norte contribuiu decisivamente para uma descoberta médica que está entre as mais importantes de tempos recentes.
Crédito: Arpingstone/Wikimédia CommonsTrata-se do monstro-de-gila (Heloderma suspectum), um pequeno lagarto peçonhento encontrado no sudoeste dos Estados Unidos e no noroeste do México.
Crédito: Jeff Servoss/Wikimédia CommonsNo veneno do monstro-de-gila, depositado em glândulas na mandíbula inferior, foi descoberta uma enzima que possibilitou aos cientistas o desenvolvimento de fármacos bastante comentados, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.
Crédito: Divulgação“As toxinas evoluem para desempenhar funções muito específicas, como se defender contra predadores ou incapacitar suas presas”, afirmou à BBC Kini Brandehoff, professor especializado em estudos dedicados a detectar usos alternativos em toxinas.
Crédito: I, Blueag9/Wikimédia CommonsO monstro-de-gila é um réptil de movimentos lentos. Por isso, seu veneno evoluiu para ser capaz de imobilizar pequenas presas.
Crédito: Domínio Públio/Wikimédia CommonsAlém disso, os pesquisadores descobriram que o veneno do monstro-de-gila contém um hormônio que auxilia seu metabolismo a reduzir de tal forma a velocidade que ele pode sobreviver por longo tempo com baixo consumo calórico.
Crédito: MonsterDoc/Wikimédia CommonsDe acordo com cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, o réptil consegue resistir com apenas seis refeições por ano.
Crédito: Reprodução do Instagram @projetoselvavivaNos estudos, os cientistas isolaram em laboratório o hormônio, que batizaram de exendina-4, e perceberam que ele é muito parecido com o GLP-1 - hormônio que o intestino humano produz naturalmente para controlar os níveis de açúcar no sangue após as refeições.
Crédito: fernando zhiminaicela por PixabayPorém, o GLP-1 é excretado pelo corpo humano rapidamente. Já a exendina-4 mantém-se no organismo por mais tempo, produzindo efeito de longo prazo no controle da glicose.
Crédito: Freepik Company S.L.Essa descoberta é a chave para o desenvolvimento de medicamentos que agem como os chamados em bioquímica de “agonistas do receptor de GLP-1”.
Crédito: DivulgaçãoO medicamento Byetta (exenatida), usado no tratamento da diabetes tipo 2 ao fazer cair os níveis de glicose na circulação, foi o primeiro a ser desenvolvido após a descoberta da exendina-4 nos estudos do monstro-de-gila.
Crédito: Reprodução do Facebook Da Silva SauroA partir dele, com algumas mudanças pequenas na cadeia de aminoácidos, foram elaboradas substâncias com efeitos maiores nessa redução de glicose. É o caso da semaglutida, o princípio ativo do Ozempic.
Crédito: Reprodução do Youtube Canal Dr. Francisco ZacariasOs estudos com o monstro-de-gila podem impulsionar novos trabalhos com toxinas liberadas por animais, na tentativa de descobrir substâncias que estimulem o desenvolvimento de novos fármacos.
Crédito: MonsterDoc/Wikimédia Commons“Podemos encontrar compostos ainda mais eficazes no veneno de algum outro animal, ou criar versões sintéticas que ataquem doenças por novos ângulos”, ressaltou o professor Kini.
Crédito: Imagens Freepik - Montagem FLIPARO monstro-de-gila vive exclusivamente em ambientes secos e é uma das cinco espécies do grupo de lagartos denominado heloderma, caracterizados por sua saliva venenosa.
Crédito: Flickr Joachim S. MuellerEle é um dos poucos lagartos venenosos, o único do tipo registrado em território norte-americano. Um indivíduo da espécie pode chegar a 56 centímetros de comprimento e pesar quase dois quilos.
Crédito: Flickr Christina N. ZdenekDe hábitos exclusivamente noturnos, os monstros-de-gila têm a pele de fundo escuro com listras laranjas ou rosadas, que funcionam como camuflagem. O animal é dotado de uma estrutura externa chamada osteoderma, que funciona como uma espécie de armadura que o defende de predadores, como os falcões.
Crédito: Reprodução do Facebook VIDA SelvagemEmbora seja um animal de pequeno porte, de caminhar vagaroso e aparência inofensiva, o monstro-de-gila pode oferecer riscos aos seres humanos exatamente por seu veneno, embora acidentes não sejam muito comuns.
Crédito: Flickr Carl MonopoliEm 2024, um homem de 34 anos, do estado do Colorado (EUA), perdeu a vida após quatro dias de internação por uma mordida de seu monstro-de-gila de estimação.
Crédito: Flickr Joachim S. MuellerEsse tipo de evento é raríssimo. A última morte humana registrada por mordida de monstro-de-gila era de 1930.
Crédito: MonsterDoc/Wikimédia Commons“A grande maioria das mordidas causa inchaço e sangramento local. Acho que este caso destaca que qualquer animal venenoso deve ser respeitado”, declarou na ocasião a Nick Brandehoff. à rede CBS.
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