Menina Benigna: após queixas de devotos, estátua de mártir cearense será refeita

A principal queixa dos devotos é que na estátua de 26 metros a jovem assassinada aos 13 anos parece ter feições adultas.

A construção da imagem da Menina Benigna e do complexo que hospeda a imagem custaram R$ 15 milhões aos cofres públicos.

Ainda durante a construção, fiéis já vinham expressando estranhamento com os traços da imagem.

Ypsilon Félix, secretário de Cultura e Turismo de Santana do Cariri, afirmou ao jornal “O Povo” que a empresa vencedora da licitação “não atendeu às especificações solicitadas”.

“A decisão foi aplaudida por todos os romeiros. Esperamos que a empresa que irá produzir a nova imagem possa atender os aspectos técnicos que foram solicitados, principalmente pela diocese do Crato”, afirmou o secretário.

Em 1941, quando tinha 13 anos, Benigna Cardoso da Silva foi assassinada a golpes de facão por um homem que tentou estuprá-la.

Cirineu, um dos irmãos de Benigna, foi quem encontrou o corpo da menina, sepultado no dia seguinte no cemitério São Miguel. Após investigações policiais, Raul Alves Ribeiro, então com 17 anos, foi identificado como o autor do crime. Ele foi detido em um abrigo de menores em Fortaleza.

Nos anos seguintes, ela passou a ser adorada por católicos do interior do estado por ser considerada uma mártir da castidade.

No local em que a jovem morreu foi instalado um monumento com uma cruz. Além disso, uma lápide foi colocada na beira da estrada da região, onde devotos acendiam velas e faziam orações direcionadas à mártir.

Menina Benigna, que se tornou um símbolo na luta contra o feminicídio e crimes contra menores, foi reconhecida como beata pelo Vaticano em 24 de outubro de 2022. Ela é a primeira beata do Ceará.

Os fiéis fazem coro para que a Igreja Católica reconheça a Menina Benigna como santa. A beatificação foi um passo que antecede a canonização.

Ao portal G1, Raimundo Alves Feitosa, de 98, declarou que Benigna era uma menina simples, dedicada aos estudos e que demonstrava muita fé em Deus.

“Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela, se destacava a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa”, afirmou Raimundo, que conviveu com Benigna.

Raimundo foi um dos depoentes que serviu de testemunha no processo de beatificação da Menina Benigna no Vaticano.

Benigna Cardoso da Silva nasceu no dia 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, no povoado de Inhumas, em Santana do Cariri.

Com apenas um ano de idade, a menina já era orfã de pai e mãe. Ela e seus três irmãos - Carmélia, Alderi e Cirineu - foram criados pelas irmãs Rosa e Heroína Sisnando Leite, donas do Sítio Oitis. A adoção permitiu que ela frequentasse a escola e as missas na Igreja Matriz de Santana.

Agora, os devotos da mártir esperam que a Menina Benigna ganhe uma estátua que represente com o mínimo de fidelidade a sua figura.