Martinho da Vila: 87 anos do artista de obra múltipla, da música à literatura

Crédito: Flickr Mario Miranda Filho

Um dos maiores nomes da música brasileira, Martinho da Vila completou 87 anos em 12/02. O Flipar relembra a seguir a trajetória desse importante artista.

Crédito: Flickr Mario Miranda Filho

Filho de lavradores, Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, no interior do Rio de Janeiro, em 1938. Com apenas quatro anos de idade, ele mudou-se com a família para a capital fluminense. Antes de se tornar um ícone da arte brasileira, ele serviu o exército na juventude. No quartel, chegou a ocupar a patente de sargento.

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Na década de 1970, decidiu abandonar a carreira militar para dedicar-se ao samba, paixão que o tornaria conhecido nacionalmente.

Crédito: Arquivo Nacional do Brasil

Porém, sua incursão na música aconteceu ainda na década anterior, durante a chamada “era dos festivais”. No Festival da Música Popular Brasileira de 1967 da Record, vencido por Edu Lobo com “Ponteio”, concorreu com a canção “Menina Moça”, interpretada por Jamelão, cantor que se tornaria um emblema da Mangueira.

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No ano seguinte, Martinho da Vila emplacou seu primeiro grande sucesso, “Casa de Bamba”, canção que se tornaria um dos clássicos de seu repertório.

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A canção foi faixa do primeiro álbum do sambista, lançado em 1969 pela RCA Victor. O disco trazia ainda sucessos como “Quem É Do Mar Não Enjoa”, “O Pequeno Burguês” e “Prá Que Dinheiro”.

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Daí em diante, passou a lançar discos quase todos os anos, emplacando clássicos definitivos do samba nacional. Entre suas produções mais cultuadas estão “Canta Canta, Minha Gente” (1974) e ‘Tá Delícia, Tá Gostoso” (1995).

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O álbum “Tá Delícia, Tá Gostoso”, aliás, fez de Martinho da Vila o primeiro sambista a vender um milhão de cópias em curto espaço de tempo.

Crédito: Instagram @martinhodavilaoficial

Além de “Casa de Bamba” e “Canta Canta, Minha Gente”, outras músicas muito conhecidas do compositor e cantor são “Disritmia”, “Devagar Devagarinho” (composição de Eraldo Divagar), “Mulheres” (de Toninho Geraes) e “Ex-Amor”.

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Martinho da Vila também é uma das personalidades mais ilustres do Carnaval carioca. Especialmente por sua ligação com a escola de samba Unidos de Vila Isabel, da qual é presidente de honra. O apelido “da Vila” surgiu justamente por sua relação com a agremiação.

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É dele a idealização do histórico enredo “Kizomba: A Festa da Raça”, que deu à escola o seu primeiro título do Grupo Especial, em 1988, no centenário da abolição da escravatura.

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Martinho é um dos grandes compositores da Vila Isabel. Ele é um dos autores do samba da Vila Isabel no título de 2013, “A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo - Água no Feijão que Chegou Mais Um”.

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Ele compôs outros sambas-enredo famosos da escola, como “Carnaval de Ilusões” e “Quatro séculos de modas e costumes”.

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Em 2022, foi a vez de a escola retribuir todos os anos de dedicação do “filho ilustre” ao homenageá-lo com o enredo “Canta, Canta, Minha Gente! A Vila É de Martinho!”. A Vila Isabel terminou em quarto lugar.

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Dois anos depois, no Carnaval de 2024, a escola reeditou o samba de Martinho de 1993, “Gbala - Viagem ao Templo de Criação”.

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Entre as características marcantes da obra de Martinho estão a celebração da cultura popular, a crítica social e a exaltação da negritude.

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Em 1991, Martinho encontrou-se com Nelson Mandela, líder sul-africano que foi símbolo da luta contra o apartheid no país. Um reconhecimento a um dos artistas brasileiros que mais se engajou no combate ao racismo e pelos direitos da população negra.

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Em 1984, Martinho da Vila recebeu o estandarte de ouro, organizado pelo jornal “O Globo”, de melhor samba-enredo por “Pra Tudo Se Acabar na Quarta-Feira”. Quem entregou a placa ao compositor foi Jimmy Cliff, jamaicano que é um ícones do reggae. Ele estava no Brasil para shows.

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Apesar de sua forte ligação com o samba, o artista é reconhecido como detentor de estilo eclético, incursionando por outros gêneros da MPB, e também um pesquisador da cultura popular.

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Martinho da Vila também tem uma trajetória consistente como escritor. Em 2024, ele lançou seu 21º livro, “Martinho da Vida”. Sua obra bibliográfica passeia por gêneros diversos, do infanto-juvenil ao romance e ao autobiográfico.

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Em 2017, aos 79 anos, Martinho ingressou na faculdade de Relações Internacionais. Ele deixou o curso no último ano. “Fui para a faculdade aprender mais e buscar conhecimento. O último ano da graduação é para preparar o aluno para o mercado de trabalho, e essa não era minha intenção”, explicou.

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Martinho da Vila tem oito filhos, incluindo a cantora Mart’nália. Ele é casado desde 1993 com Cléo Ferreira, mãe de seus dois filhos mais novos.

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