‘Invasão’ de mexilhões-verdes na Baía de Guanabara preocupa especialistas

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Estudos realizados pela Universidade Federal Fluminense (UFF) revelaram o impacto que o lixo marinho tem na dispersão de espécies invasoras na Baía de Guanabara (RJ).

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Um exemplo é o mexilhão-verde, que se adaptou a estruturas de barcos e píers. O lixo funciona como um "veículo" para esses organismos, facilitando sua dispersão para novas áreas.

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O estudo, liderado pelo doutorando Alain Póvoa e supervisionado pelo professor Dr. Abilio Soares Gomes, analisou organismos incrustantes encontrados em resíduos sólidos, principalmente plásticos, coletados em praias de Niterói.

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A pesquisa revelou uma grande diversidade de espécies invasoras, como crustáceos, vermes poliquetas, moluscos e esponjas, que colonizam rapidamente superfícies submersas.

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Esses organismos, muitos deles filtradores, influenciam as cadeias alimentares ao servirem tanto como consumidores quanto como alimento para espécies locais.

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"A gente viu outros organismos também, que cruzam esse lixo e que são altamente invasores, com um grande potencial de invasão", disse o professor Abilio Soares ao portal IG.

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"Ou seja, são organismos exóticos que se fixam no lixo. Inclusive, alguns desses, como o próprio mexilhão-verde, podem ter colonizado esse lixo aqui mesmo, na Baía de Guanabara”, acrescentou.

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O mexilhão-verde já foi encontrado em várias partes da Baía de Guanabara preso em garrafas plásticas, reforçando a tese de que resíduos sólidos podem facilitar sua disseminação.

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Segundo o professor Abilio, o mexilhão-verde pode ter chegado à região através de água de lastro de navios, cascos de embarcações ou outras plataformas flutuantes.

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Esse molusco bivalve (possuem duas conchas que se completam) se alimenta de algas microscópicas e materiais em suspensão na superfície do mar.

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O mexilhão-verde vive em costas marinhas, superfícies rochosas e áreas de água doce.

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Seus predadores naturais incluem estrelas-do-mar, caranguejos e caramujos.

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Embora ainda não represente um problema grave, o mexilhão-verde deve ser monitorado, pois, como espécie invasora, pode deslocar espécies nativas, como o mexilhão-marrom, causando desequilíbrios no ecossistema local.

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A introdução de espécies invasoras pode romper cadeias alimentares, afetando recursos pesqueiros e gerando impactos significativos.

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"Algumas espécies invasoras se estabelecem sem causar grandes problemas, mas, quando causam, os impactos podem ser muito sérios”, alerta o professor.

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O estudo destacou ainda que os resíduos plásticos são o principal meio de transporte de espécies invasoras, representando cerca de 99% dos materiais analisados, enquanto madeira, metal, vidro e tecidos compõem uma parcela menor.

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Entre os materiais mais comuns estão o polipropileno (PP), usado em cadeiras e copos plásticos, e o polietileno tereftalato (PET), presente em garrafas, ambos amplamente dispersos nos oceanos.

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O descarte inadequado de resíduos e o transporte marítimo são fatores determinantes para esse fenômeno, com a poluição das praias ainda sendo um dos maiores agravantes para as condições da Baía de Guanabara.

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Apesar de ações do poder público para diminuir o volume de esgoto doméstico, o professor ressalta que "a quantidade de lixo na Baía de Guanabara não diminuiu e o lixo continua sendo um dos principais problemas ambientais."

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"A questão do lixo está diretamente ligada ao saneamento público, pois envolve a coleta eficiente de resíduos. A quantidade de lixo gerada diariamente é enorme. Se a coleta fosse feita corretamente, não haveria tanto lixo acumulado”, pontuou Abilio.

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"Até pouco tempo atrás, existia na Baía de Guanabara o lixão de Gramacho, onde os caminhões despejavam os resíduos. Esse lixão foi desativado. Hoje, no município do Rio de Janeiro, esse problema não existe mais. Porém, a falta de coleta adequada ainda persiste em outros municípios”, concluiu.

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