O recente desmoronamento de parte do teto da Igreja da Ordem Primeira de São Francisco, conhecida como "igreja de ouro", chamou atenção para esse termo que se refere à riqueza do interior do templo
Crédito: Divulgação Defesa CivilFundada em 1723, a Igreja de São Francisco, em Salvador, é famosa por seu interior todo revestido de ouro, com talha barroca impressionante e afrescos coloridos. Não apenas uma preciosidade cultural e histórica, mas também turística. Na hora do acidente, várias pessoas visitavam a igreja. Uma morreu.
Crédito: BrunoEspindola84 wikimedia commonsO Brasil possui igrejas históricas ricas em ouro, especialmente nas cidades coloniais. Esse ouro veio do ciclo do ouro nos séculos XVII e XVIII, sendo usado para adornar altares, capelas e imagens sacras. Essas igrejas são símbolos do barroco e rococó brasileiro, misturando fé e arte.
Crédito: Reprodução TV BahiaO ouro pode ser encontrado em diversos elementos dessas igrejas. Ele reveste talhas em madeira, como os altares ornamentados e púlpitos esculpidos. Também está presente em esculturas sacras, molduras, cúpulas e até mesmo em detalhes de pinturas e azulejos.
Crédito: Sailko wikimedia commonsCidades como Ouro Preto, Mariana, Congonhas e São João del-Rei, em Minas Gerais, possuem igrejas com ouro. Salvador, no estado da Bahia, também abriga templos históricos com ricas ornamentações douradas.
Crédito: Paul R. Burley - wikimedia commonsOutras cidades com esse tipo de riqueza no interior de igrejas são Recife, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro. Veja algumas igrejas emblemáticas, além do templo soteropolitano de São Francisco.
Crédito: Ana Claudia Shcad wikimedia commonsIgreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto, 1766) – Projetada por Aleijadinho, tem altar e teto pintados com detalhes dourados e imagens sacras valiosas.
Crédito: tetraktys ( wikimedia commonsBasílica de Nossa Senhora do Pilar (Ouro Preto, 1733) – Considerada uma das igrejas mais ricas do Brasil, possui cerca de 400 quilos de ouro e prata em sua decoração.
Crédito: Ricardo André Frantz - wikimedia commonsIgreja de São Francisco de Assis (São João del-Rei, 1774) – Com talha rococó dourada, tem um interior elegante e um imponente altar-mor em ouro.
Crédito: Alexandre Machado wikimedia commonsSantuário do Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas, 1773) – Conhecido pelas esculturas dos profetas de Aleijadinho e por sua capela ricamente adornada com ouro.
Crédito: autor desconhecido wikimedia commonsCatedral Basílica de Salvador (1672) – Possui altares barrocos dourados e uma capela-mor luxuosa, sendo um dos templos mais importantes da Bahia.
Crédito: Elói Corrêa/SECOM wikimedia commonsIgreja de Nossa Senhora do Carmo (Recife, 1767) – Destaque para os painéis dourados e o altar-mor com talha barroca exuberante
Crédito: Wilfredor - wikimedia commonsIgreja de Santo Alexandre (Belém, 1719) – Antiga catedral, tem um altar ricamente decorado em ouro e detalhes artísticos coloniais impressionantes.
Crédito: Prburley wikimedia commonsMosteiro de São Bento (Rio de Janeiro, 1671) – Um dos interiores mais luxuosos do Brasil, com madeira entalhada e recoberta em ouro.
Crédito: Arine Gaspar Filho - O wikimedia commonsMosteiro de São Bento (São Paulo, 1650) – Seu altar-mor tem talha dourada belíssima e abriga um importante órgão de tubos histórico.
Crédito: Patrimônio Belga no Brasil / wikimedia commonsEssas igrejas possuem grande importância cultural, pois representam o auge da arte barroca no Brasil. Elas são patrimônio nacional e preservam tradições religiosas e artísticas. Sua riqueza decorativa reflete a influência europeia na arquitetura colonial.
Crédito: Paul R. Burley - wikimedia commonsHistoricamente, essas igrejas simbolizam o período do ouro no Brasil e a força da Igreja Católica na colonização. Elas foram centros de poder e ajudaram a moldar a sociedade da época. Muitas estão ligadas a importantes figuras da história brasileira.
Crédito: Eugenio Hansen, OFS - wikimedia commonsTuristicamente, são grandes atrativos para visitantes do Brasil e do mundo. Suas obras de arte, pinturas, esculturas e talhas douradas encantam estudiosos e curiosos. Muitas dessas igrejas fazem parte de roteiros culturais e religiosos renomados.
Crédito: Patricia Figueira - wikimedia commonsVale ressaltar que, apesar de atrair a atenção de ladrões, o ouro presente nas igrejas históricas do Brasil, na prática, não vale dinheiro porque faz parte do patrimônio cultural e religioso. Ele não pode ser retirado ou vendido, pois está incorporado a altares, talhas e esculturas que possuem valor artístico e histórico inestimável.
Crédito: Paul R. Burley - wikimedia commonsRemover esse ouro significaria destruir as obras e descaracterizar a arquitetura barroca. Além disso, essas igrejas são protegidas por leis de preservação do patrimônio, como as do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Qualquer tentativa de comercializar esse ouro seria considerada crime contra o patrimônio histórico.
Crédito: Sailko - wikimedia commonsOutro ponto é que o ouro muitas vezes está misturado com vernizes, tintas e outros materiais, tornando inviável sua extração sem causar danos irreparáveis. Assim, o verdadeiro valor desse ouro está no seu papel na história, na arte e na cultura do Brasil.
Crédito: Francisco Osorio wikimedia commons