A identificação de um fóssil de girino (larva de anfíbios) na Argentina por parte de cientistas pode dar uma grande contribuição para o conhecimento sobre o desenvolvimento e evolução dos sapos.
Crédito: ReproduçãoO fóssil do girino gigante (16 centímetros de comprimento) estava bem preservado e é o mais antigo já encontrado, com cerca de 160 milhões de anos. O achado foi publicado pela revista científica “Nature” e indica que o ciclo de vida de anfíbios entre uma etapa inicial aquática, como larva, e outra terrestre, na fase adulta, é mais antigo do que se imaginava.
Crédito: ReproduçãoSapos são anfíbios da ordem Anura ("sem cauda", em grego antigo), assim como pererecas e rãs. Em muitos casos, é comum acharmos que esses animais são iguais, com as mesmas características. Apesar de terem muitas semelhanças físicas, os três são diferentes.
Crédito: Imagens PixabayDas mais de 8.400 espécies de anfíbios conhecidas no mundo, 1.188 estão no Brasil, o que faz do país o dono da maior diversidade no mundo, segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN).
Crédito: José Reynaldo da Fonseca/Wikimédia CommonsO órgão pertence ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ressalta que dentro da ordem Anura estão várias famílias de sapos, rãs e pererecas cujas espécies estão em todos os continentes, com exceção da Antártica.
Crédito: Museu de Zoologia de São Paulo“A principal diferença é que os sapos têm a pele mais seca e preferem ficar na terra. As rãs podem ser macho ou fêmea e gostam de ficar perto de lagoas, assim como as pererecas, que costumam viver em árvores e escalar paredes por terem discos adesivos na ponta dos dedos" explicou Carlos Jared, diretor do Laboratório de Biologia Estrutural do Instituto Butantan.
Crédito: Museu de Zoologia de São Paulo"Já as semelhanças é que todos os anuros respiram pela pele e pelo pulmão e sugam água pela região inguinal (abaixo da barriga)”, esclareceu Jared.
Crédito: Museu de Zoologia de São PauloOs sapos são membros da família Bufonidae e apresentam cerca de 600 espécies dentre 52 gêneros. Já a maior família de rãs é a Ranidae, cujas espécies ocorrem quase exclusivamente no hemisfério norte.
Crédito: Richard Bartz/Wikimédia CommonsEm alguns lugares do mundo, as rãs são servidas em restaurantes. Trata-se da espécie Aquarana catesbeiana, mais conhecida como rã-touro, que vêm de criadouros, ou seja, fora da natureza.
Crédito: Reprodução do Instagram @procururu"Os portugueses introduziram o termo ‘rã’ aqui no Brasil para um animal que não é rã de verdade, mas é semelhante. As nossas rãs, chamadas de jias ou caçotes, pertencem à família Leptodactylidae, cujas espécies são comuns na América do Sul e Central”, afirma Carlos Jared.
Crédito: Creative CommonsAs pererecas vivem em árvores e a maioria é da família Hylidae (lê-se hilide), embora haja outras tantas com diferentes espécies. O nome perereca tem origem na palavra pere'reg (“ir aos saltos”) em tupi.
Crédito: H. Zel/Wikimédia CommonsEntre as principais diferenças, os sapos são mais corpulentos e com patas traseiras mais curtas e robustas. Esses animais costumam caminhar ao invés de saltar e pular, sendo mais terrestres.
Crédito: Flickr Nigel SymesEles apresentam duas grandes glândulas atrás da cabeça, chamadas de parotoides. É nelas que fica o veneno usado em quem tenta mordê-lo. O predador aciona esse veneno, por meio da pressão da mordida.
Crédito: Reprodução do X @sapodepapoAs rãs, por sua vez, passam mais tempo na água do que os sapos, sendo considerados animais semiaquáticos. Por lá, fogem de possíveis ameaças, sendo exímias saltadoras, com patas longas e fortes.
Crédito: Charles J. Sharp /Wikimédia CommonsAs pererecas são mais leves, têm pele muito úmida, lisa e brilhante, e pernas finas e longas. Elas se diferenciam dos demais anuros por terem discos adesivos na ponta dos dedos, semelhantes a ventosas, e são menores que sapos e rãs.
Crédito: Holger Krisp/Wikimédia CommonsMesmo com o medo ou repulsa de alguns, a presença de rãs, sapos e pererecas é um indicador de um ecossistema saudável. Eles conseguem sobreviver somente em lugares não poluídos e são sensíveis às mudanças de ambiente.
Crédito: Museu de Zoologia de São PauloEm 2022, o canto de um sapo em uma montanha no norte da Amazônia atraiu a atenção dos pesquisadores. Tratava-se de uma espécie nova, que foi capturada por cientistas, que dois anos depois definiram sua identidade: Neblinaphryne imeri.
Crédito: Reprodução USP Foto: Antoine FouquetO nome Neblinaphryne imeri foi em homenagem à cadeia de montanhas na qual ele foi descoberto: a longínqua Serra do Imeri, na fronteira do Amazonas com a Venezuela.
Crédito: Reprodução USP Foto: Leandro MoraesA análise foi de grupo de pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP, do Centro de Pesquisas sobre Biodiversidade e Ambiente (CRBE) da França e da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha. Eles descreveram a espécie na revista científica Zootaxa.
Crédito: Reprodução USP Foto: Leandro MoraesOs pesquisadores passaram 12 dias acampados no topo de uma montanha vizinha ao Pico do Imeri, a quase 1.900 metros de altitude. Eles coletaram a maior diversidade possível de plantas e animais em uma das regiões mais preservadas e menos conhecidas da Amazônia.
Crédito: Herton Escobar / USP Imagens“Logo que chegamos, ouvimos o canto de um sapinho que era claramente novo, pelo menos para nós. E desde os primeiros momentos tentamos encontrar o emissor daquele canto", relatou o biólogo Antoine Fouquet em entrevista ao Jornal da USP.
Crédito: Reprodução USP Foto: Leandro MoraesO Neblinaphryne imeri é predominantemente marrom, com pintinhas brancas e algumas manchas amarelas espalhadas pelo corpo (sobretudo na porção ventral). As fêmeas são um pouco maiores do que os machos, que cantam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer.
Crédito: Reprodução USP Foto: Antoine FouquetA parente mais próxima dos novos sapos é a Neblinaphryne mayeri, uma outra espécie que o mesmo grupo de cientistas havia descoberto em 2017. Isso numa expedição ao Pico da Neblina, a montanha mais alta do Brasil, que fica 80 quilômetros a oeste do Pico do Imeri.
Crédito: Reprodução USP Foto: Herton EscobarOutro exemplo de anfíbio que ganhou os noticiários nos últimos meses foi o sapo-de-barriga-amarela (Bombina sp.), que possui pupilas em forma de coração que intrigam cientistas.
Crédito: Flickr Jean NENERTSegundo os pesquisadores, esses animais são bem adequados para viver na lama, sendo marrons no topo e com barrigas amarelas. Eles ficam paralisados por um longo período durante o inverno e depois emergem na primavera para o acasalamento.
Crédito: Reprodução do facebook QI - Quite InterestingAs pupilas em forma de coração são apenas uma das muitas formas estranhas de pupilas vistas em anuros, que é o grupo de anfíbios que engloba sapos e rãs.
Crédito: Reprodução do X @sapodepapo