Artigos da Corte, alegria e resistência: a tradição e história dos leques

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Utilizado para abanar o rosto e o corpo contra o calor, o leque é muito mais que um objeto para suavizar a temperatura. Ele se tornou um dos símbolos da realeza e atualmente está presente tanto no carnaval, quanto nas comunidades LGBTQIAPN+.

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De acordo com registros antigos, o leque teria surgido aproximadamente em 3000 a.C. na China, de onde chegou ao Japão. Ele também foi utilizado por faraós no Egito, assim como por assírios e etruscos.

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Os primeiros leques eram de plumas; os de marfim só surgiram no século 10 a.C. A criação deste objeto foi focado em auxiliar a dissipar a sensação provocada pelo calor, mas logo tornou-se um elemento de distinção de classe.

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No Oriente, ele chegou a ser usado até para afastar o povo do soberano quando este saía a passeio. Esse objeto era um sinal de poder e dignidade, sendo usado em bailes de máscaras no Japão e em cerimônias tradicionais.

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Em solo grego, um homem, para se desculpar, tinha que abanar sua esposa durante o sono. Já em Roma, o leque era conhecido como flabelum, visto que as senhoras romanas tinham escravos encarregados de abaná-las, conhecidos como flabeliferos.

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Os primeiros leques eram feitos de folhas, penas, pedras preciosas, plumas, folhas ou pergaminhos. Afinal, no século V, as hastes passaram a ser de marfim, seda, renda e tecido. Além disso, o cabo passou a ser de ouro e prata, tornando-se retráteis séculos mais tarde (XV).

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A introdução do leque no Ocidente ocorreu por volta do século XVI, durante o período das grandes explorações marítimas. Navegadores europeus que viajavam para o leste trouxeram consigo o leque, juntamente com outras mercadorias exóticas.

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Aqui na América, após as Cruzadas, o objeto de abano já era conhecido entre os astecas e os incas. Quando os primeiros europeus chegaram, em 1519, Montezuma ofereceu seis leques para Fernando Cortez.

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Além de dissipar o calor, eles eram usados também, assim como as flores, para transmitirem determinados códigos. Assim, os modos de manejá-los, por homens e mulheres, podiam passar mensagens inteiras sem que trocassem uma única palavra.

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A coleção de leques da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano encaixa-se na categoria de “leques comemorativos”. A ideia de se perpetuar acontecimentos notáveis nos leques surgiu na França, no século XVII.

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O decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, assinado em Salvador, em 28 de janeiro de 1808, trouxe o comércio do restante do mundo para o solo brasileiro. Na época, o ato acabou com o Pacto Colonial entre a metrópole, Portugal, e o Brasil Colônia.

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Desse modo, os leques históricos chegaram ao Brasil com a Corte Portuguesa. Eles, então, passaram a ser encomendados nas chamadas “Casas da Índia”, localizadas na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, vindos diretamente da China.

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Na ocasião, junto com o pedido, os chineses recebiam o desenho com os motivos e as imagens que os leques deveriam ter. Assim, o objeto se tornava cada vez mais popular na corte portuguesa, que estava inserida em solo brasileiro.

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Em um mesmo evento, poderia ter três ou mais versões diferentes de leques, com variações, como a cor do fundo, inscrições e outros elementos inseridos pelo artista.

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O auge do leque como acessório de moda no Brasil foi na década de 1920, mas com a invenção do ventilador elétrico, caiu em desuso.

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Embora tenha perdido parte de sua popularidade como acessório de moda no mundo ocidental, o leque continua a ser amplamente utilizado em muitas partes da Ásia.

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Ele é usado tanto como item prático para se refrescar do calor quanto como elemento cultural em danças tradicionais (Flamenca) e cerimônias formais.

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Além disso, o leque ainda é valorizado como uma forma de arte, com colecionadores apreciando leques antigos e contemporâneos por sua beleza e habilidade artesanal. Ele também é usado ​​na prática do Kung Fu, como prática de defesa.

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No entanto, no Brasil, houve um ressurgimento do interesse por leques como peças de coleção e itens de moda vintage, especialmente entre os entusiastas da moda e colecionadores.

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Mais do que sua característica de abanar e afastar o calor, os leques fazem parte da história de luta da comunidade LGBTQIAPN+, na luta contra discriminação de gênero, e levam o arco-íris da bandeira e essa representatividade.

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O leque para a comunidade LGBTQIA+  é um ícone de identidade, confiança e criatividade e uma forma de resistência e autoexpressão.

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A humorista, cantora, atriz e repórter brasileira Nany People sempre carrega consigo um leque. Ela já revelou que usou o leque pela primeira vez aos 18 anos.

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O leque é um acessório usado no carnaval e também era utilizado pelos mestre-salas que cortejam as porta-bandeiras e defendem e apresentam o pavilhão de cada escola de samba.

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No Carnaval Carioca, os leques chamaram a atenção na comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense, no título de 1994. Com uma coreografia criada pelo saudoso Fábio de Mello, a apresentação sempre é lembrada e ficou marcada na história da folia. 

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Os leques começaram a ser usados no carnaval no século XIX, quando os leques "Mandarim" foram trazidos para a Europa. Atualmente, seguem vivos na festa, ainda mais por ser em época de verão, onde o calor é intenso nas capitais.

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