Ciência e Saúde
SES alerta sobre redução na cobertura vacinal de crianças, jovens e adultos
No Dia Nacional da Imunização, Estado convoca população a checar cadernetas de vacinação e colocar as doses em dia
Em 1796 , o médico inglês Edward Jenner fez um experimento com o filho de seu jardineiro, aplicando nele uma pequena dose de varíola bovina. O menino de 8 anos, ficou doente, mas apresentou uma forma branda da doença. Quando a criança se recuperou, o médico aplicou nela a forma mais fatal do vírus, mas a criança já havia adquirido imunidade e não desenvolveu a varíola. O episódio narrado em livros históricos e científicos é o primeiro registro do uso de uma vacina como conhecemos hoje. Duzentos e vinte e seis anos depois, inúmeras vacinas foram criadas no mundo e mais de 20 doenças podem ser evitadas com a aplicação dos imunizantes. Da poliomielite e varíola, erradicadas há anos no país, à Covid-19, as vacinas se tornaram extremamente confiáveis e têm salvado vidas ao longo dos anos.
No Dia Nacional da Imunização, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) faz um alerta sobre a importância da vacinação para crianças, jovens e adultos. Levantamento da Gerência de Imunizações da SES mostra que, apesar da eficácia comprovada dos imunizantes, muitas pessoas deixaram de se vacinar ou levar as crianças para receber as doses disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS).
“As vacinas são a forma mais eficaz de proteção contra doenças graves e que podem deixar sequelas permanentes na vida de uma pessoa, como é o caso da poliomielite e do sarampo. Por isso, fazemos um alerta para que as pessoas olhem suas cadernetas de vacinação ou procurem os postos para atualizar o esquema vacinal. Podemos evitar a volta de várias doenças e óbitos por tantas outras. A população precisa ter consciência da importância da imunização”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.
Os dados revelam uma grande redução nas coberturas de todas as vacinas do calendário infantil. A BCG, que previne contra a tuberculose, teve queda acentuada em 2021. Apenas 68,74% dos bebês do estado foram imunizados contra a doença no ano passado. A tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, é aplicada em duas doses, sendo a primeira aos 12 meses. Em 2020, a cobertura da primeira dose da vacina foi de 79,58%, caindo para 73,09%, em 2021. A segunda dose reduziu de 62,83%, em 2020, para 51,39%, em 2021. Com relação à pólio, em 2020, o esquema primário, em menores de 1 ano, teve uma cobertura de apenas 76,07% e a primeira dose de reforço não passou de 68%. Em 2021, os valores caíram para 69,46% e 59,36%, respectivamente.
As vacinas pentavalente, meningocócica c, pneumocócica X valente e contra o rotavírus também sofreram redução. A meta preconizada pelo PNI é a imunização de 90% do público-alvo para as vacinas BCG e rotavírus e 95% para as demais vacinas do calendário nacional de vacinação. Nenhuma das vacinas previstas no calendário infantil alcançou os valores ideais nos últimos cinco anos.
Já para os adolescentes são disponibilizadas as vacinas HPV quadrivalente (papilomavírus humano), dTpa (para gestantes adolescentes, contra difteria, tétano e coqueluche), Meningocócica ACWY (conjugada) e dT (difteria e tétano). Embora o Calendário Nacional de Imunizações preveja faixas etárias para aplicação das vacinas, é importante reforçar que os imunobiológicos ficam disponíveis nas salas de vacinação dos municípios para que os esquemas vacinais sejam completados em qualquer idade.
A vacina contra o HPV (papiloma vírus humano) é um dos principais imunizantes aplicados nos adolescentes. Inserida no calendário vacinal em 2014, ela previne contra doenças causadas pelo papiloma vírus, como verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e câncer do colo do útero e genitais. A cobertura dessa vacina é calculada de forma cumulativa desde a sua introdução no SUS. Para as meninas, a imunização é feita na faixa etária de 9 a 14 anos. Com a população prevista de cerca de 900.835 jovens, a cobertura está em 54,76% para a primeira dose e 33,27% para a segunda. Já a taxa de aplicação da vacina nos meninos considera a faixa etária de 11 a 14 anos, com uma população prevista de 544.732 indivíduos. Desses, a cobertura é de 22,45% para a primeira dose e 14,02% para a segunda dose.
Para os adultos, o Ministério da Saúde recomenda a manutenção dos esquemas vacinais atualizados para as seguintes vacinas: dT (dupla tipo – contra difteria e tétano), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatite B e febre amarela.
As vacinas contra a pneumonia e gripe são ofertadas aos idosos com 60 anos ou mais. Anualmente, são realizadas campanhas nacionais contra a influenza para imunizar o público mais suscetível às formas graves e óbitos pela gripe. Apesar de a campanha deste ano ter iniciado há mais de dois meses, apenas 41% dos idosos procuraram os postos de saúde para receber o imunizante. A expectativa da campanha é imunizar 90% do público-alvo total, que corresponde a 6,7 milhões de pessoas.
Covid-19
A Campanha de imunização contra Covid-19 teve início em janeiro do ano passado e, desde então, mais de 33 milhões de doses já foram aplicadas no estado. Até esta quarta-feira (08.06), 12.713.449 pessoas completaram o esquema vacinal primário (primeira e segunda dose). O dado corresponde a 80% da população a partir dos 5 anos. Quanto às doses de reforço, até o momento foram aplicadas 6.625.011 doses. Os adolescentes de 12 a 17 anos já podem tomar a primeira dose de reforço (DR1) enquanto as pessoas com 50 anos ou mais, imunossuprimidos e trabalhadores da saúde devem receber a segunda dose do reforço (DR2). A SES alerta sobre a importância de a população completar o esquema vacinal contra a Covid-19 de forma a manter boa resposta imunológica diante do surgimento de novas variantes.
“O que observamos nesses dois anos da pandemia da Covid-19 é que, após a criação e disponibilização das vacinas, tivemos uma grande redução nas internações, nos agravamentos e óbitos pela doença. Não deixem de retornar aos postos de saúde para receber o reforço na imunização. As vacinas são seguras e ajudam a salvar vidas”, concluiu Chieppe.