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Saúde

Rio terá 14% dos novos casos de câncer de mama do país e especialista recomenda mamografia para detecção precoce da doença

Oncologista esclarece mitos e verdades sobre o exame

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Foto Destaque: Divulgação

O Rio de Janeiro terá 10.290 novos casos de câncer de mama em 2024, concentrando 14% dos diagnósticos que devem ser feitos no mesmo período em todo o Brasil (73.610), segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O prognóstico de cada paciente vai depender de uma série de fatores, como idade, tipo e tamanho do tumor, mas quanto mais cedo for feita a descoberta da neoplasia, maiores serão as chances de cura.

Por isso, médicos chamam a atenção para a importância da realização periódica da mamografia, cujo dia é comemorado em 5 de fevereiro. Coordenador de Oncologia Mamária do Hospital Marcos Moraes e oncologista clínico da Oncoclínicas Rio de Janeiro, Gustavo Bretas explica que o exame, considerado a forma mais eficaz de rastreio da doença, deve ser feito todos os anos por mulheres a partir dos 40 anos.

Ele lembra que a recomendação vale também para homens trans não submetidos à mastectomia (retirada dos seios), pois eles correm os mesmos riscos. Já homens cis não precisam se preocupar tanto: apenas 1% dos cânceres de mama acometem o grupo.

Bretas diz que os principais sinais de alerta são nódulos ou caroços na mama, vermelhidão na pele, retração ou saída de líquido espontâneo e anormal do mamilo. Acrescenta ainda que, embora campanhas sobre o autoexame sejam importantes, não basta apalpar os seios para descartar a existência de possíveis tumores.

“O autoexame na mama não é uma medida de rastreamento, uma vez que só é possível sentir os caroços maiores. A mamografia é o principal exame para identificar a neoplasia”, diz, esclarecendo outras dúvidas sobre o tema. Confira:

A mamografia dói?

Depende. Algumas pacientes sentem desconforto durante o exame porque o seio é colocado entre as placas do aparelho e, em seguida, é feita uma compressão da mama para fazer a radiografia (raio-x). Durante esse processo, pode haver dor, mas ela é momentânea.

Bretas recomenda que as mulheres que ainda menstruam marquem o exame para depois do término do ciclo. “O exame deve ser realizado após o período menstrual para evitar que o aumento da sensibilidade, típico desses dias, piore o desconforto do exame”.

Quando o autoexame não identifica nenhum nódulo, está tudo certo?

Isso é um mito. O autoexame só é capaz de identificar lesões suspeitas palpáveis, ou seja, maiores. Um dos objetivos da mamografia é diagnosticar lesões muito pequenas, impalpáveis. Por esse motivo, não recomendamos mais o autoexame como método isolado de rastreamento. Ou seja, mesmo que o autoexame regular não apresente nada, a mamografia deve ser realizada.

Grávidas podem realizar a mamografia?

A mamografia não é uma contraindicação absoluta na gravidez, pois a dose de radiação é insignificante ao feto. Mas é preciso, segundo Bretas, usar uma proteção abdominal específica. O oncologista esclarece, porém, que o poder diagnóstico da mamografia pode ser alterado, já que as gestantes apresentam alterações da própria gravidez. Por isso, nestes casos, é recomendado associar o exame físico e a ultrassonografia.

Quem faz a mamografia precisa também fazer ultrassonografia mamária?

A ultrassonografia tem o papel de complementar a mamografia em alguns casos e é capaz de diagnosticar tumores não identificados na primeira forma de rastreio, principalmente, em mulheres com mamas densas ou com alto risco de câncer de mama. Cabe ao médico, após examinar a paciente, dizer se há necessidade de usar a ultrassonografia também.

A radiação da mamografia faz mal à saúde?

A dose de radiação usada na mamografia é muito baixa. Se comparar risco x benefício, o benefício é maior e, por isso, ela é recomendada como principal meio de rastreamento para câncer de mama.

Quem tem prótese de silicone pode rastrear tumores através da mamografia?

A prótese mamária pode dificultar a realização da mamografia, mas não impede que o exame seja feito.

Quem amamenta pode fazer a mamografia?

Se a lactante apresentar alguma lesão que indique a necessidade da mamografia, não há problema em realizá-la. No entanto, as alterações da mama neste período podem dificultar o diagnóstico e aumentar o desconforto durante o exame.

Sou transexual. Preciso fazer mamografia?

Em homens trans não submetidos a mastectomia (retirada das mamas), é recomendada a realização de exame clínico periódico e mamografia após os 40 anos de idade, assim como para as mulheres cis.

Já em homens trans submetidos a mastectomia, como grande parte do tecido mamário foi retirado, não há necessidade de exame mamográfico de rotina.

No caso de mulheres trans, não há estudos avaliando a mamografia de rastreamento de rotina para aquelas que recebem terapia hormonal. No entanto, o risco de câncer de mama pode aumentar por conta de um maior período de exposição a hormônios. Com base neste possível aumento do risco, é razoável discutir o rastreio mamográfico com mulheres transexuais e seguir as recomendações da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) para mulheres cis.