Rio
Relatório aponta que crime organizado já domina 1.700 localidades no Estado do Rio
Dados apontam que a maior facção criminosa do Rio ampliou significativamente sua área de atuação após a medida adotada pelo STFNo Rio de Janeiro, desde a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2020, restringindo as operações policiais em favelas, é possível observar uma notável expansão do domínio do tráfico de drogas. Esta conclusão é destacada em um relatório elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base em dados fornecidos pela Polícia Civil.
O material destaca que, de acordo com a Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, cerca de 1,7 mil localidades do estado estão sob os domínios do tráfico ou da milícia.
Segundo informações da corporação, o Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do estado, ampliou significativamente sua área de atuação após a medida adotada pelo STF durante os estágios iniciais da pandemia de Covid-19.
O relatório em questão foi desenvolvido com base em informações fornecidas pelas forças policiais do estado do Rio de Janeiro e foi apresentado ao STF na segunda-feira (9). Elaborado por um grupo de trabalho do CNJ, o documento visa subsidiar políticas públicas de segurança no Rio, no contexto da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, também conhecida como ADPF das Favelas.
Veja as regiões onde registrou o avanço do crime organizado após a ADPF 365
1 – Grande Jacarepaguá: Água Santa (Morro do Dezoito), Campinho (Bica e Fubá), Praça Seca (Barão, Baronesa, Chácara Flora, Chacrinha e São José Operário), Quintino (Saçu), Tanque (Covanca) e Taquara (Jordão).
Conforme as investigações, o Comando Vermelho tomou o controle dessas comunidades que anteriormente estavam sob o domínio da milícia. Agora, os paramilitares estão empenhados em retomar esses territórios, concentrando seus contra-ataques em Água Santa e na Praça Seca.
2 – Grande Penha: Brás de Pina (Cinco Bocas, Guaporé, Quitungo), Cordovil (Cidade Alta e Pica-pau), Parada de Lucas, Penha Circular e Vigário Geral.
O Comando Vermelho iniciou uma série de ataques contra o QG (Quartel General) do Terceiro Comando Puro, conhecido como Complexo de Israel, situado em Parada de Lucas e Vigário Geral. Esses ataques visam recuperar o controle sobre as favelas da Cidade Alta e Pica-Pau, as quais estavam sob seu domínio até novembro de 2016.
3 – Centro do Rio: Estácio, Catumbi e Santa Teresa (Complexo de São Carlos: Morro de São Carlos, Mineira, Zinco, Querosene; Complexo do Fallet-Fogueteiro-Turano).
Essa área tem sido cenário de disputas territoriais entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro ao longo de décadas. A partir de 2022, essa rivalidade se intensificou com o aumento das tentativas do Comando Vermelho de invadir o Complexo de São Carlos.
4 – Baixada Fluminense: Nova Iguaçu (Km 32) e Queimados (São Simão e Torre).
Em Nova Iguaçu, o tráfico passou a atacar áreas adjacentes à antiga rodovia Rio-São Paulo, como o Km 32, conhecido como reduto de milicianos. Em Queimados, a linha do trem funciona como uma fronteira entre as áreas controladas pelo Comando Vermelho e pelo Terceiro Comando Puro. Os ataques do Comando Vermelho partem de São Simão, de um lado da linha férrea, com o intuito de conquistar o Morro da Torre, do outro lado da linha.
5 – Grande Bangu: Vila Kennedy (CV), Complexo de Vila Aliança (TCP) e Catiri (Milícia).
As principais organizações criminosas do Estado estão envolvidas em uma guerra sangrenta, impulsionada pela busca de expansão territorial e aumento dos lucros provenientes de diversas atividades ilícitas. Vila Kennedy e Vila Aliança são cenários de confrontos violentos, os quais têm se intensificado nos últimos anos. Atualmente, o Comando Vermelho está concentrando seus esforços na região do Catiri, antes dominada pela milícia.
6 – Pedreira x Chapadão
Historicamente o complexo do Chapadão é dominado territorialmente pela facção criminosa auto intitulada Comando Vermelho (CV). Ao mesmo tempo o complexo de favelas da Pedreira, Quitanda e Lagartixa é dominado por outra facção do tráfico de drogas, auto intitulada Terceiro Comando Puro (TCP). Atualmente, tendo em vista as várias restrições às operações policiais, traficantes de drogas do Comando Vermelho estão expandindo seus domínios ilícitos, alcançando áreas que antes não eram favelas. Além disso, ambas as facções delinquentes (CV e TCP) vêm travando verdadeiras guerras sangrentas por territórios, expondo as vidas dos cidadãos da região.
Relatório aponta as Disputas Territoriais desde 2020
Em 2020 foram registradas 114 disputas, em 2021 foram 289 registros e em 2022, último ano do estudo aponta 315 confrontos por disputa de território.
De 2020 para 2021 um aumento de 153.51% e de 2021 para 2022 um aumento de 9%.