Baixada Fluminense
Policial Civil morto por militares da Marinha foi jogado ainda com vida no Rio Guandu
Laudo apontou que Renato Couto morreu vítima de asfixia por afogamentoUm laudo da Polícia Civil apontou que o papiloscopista, Renato Couto que foi morto por militares da Marinha do Brasil foi jogado ainda com vida, no Rio Guandu. De acordo com a declaração de óbito do agente, o papiloscopista foi vítima de asfixia por afogamento.
Renato também sofreu uma hemorragia por causa dos disparos que levou no abdômen e na perna. O corpo do policial só foi encontrado nesta segunda-feira (16), três dias depois do crime.
Além de militares do Corpo de Bombeiros, a operação de resgate mobilizou familiares e amigos de Renato, que ficaram bastante emocionados no momento do reconhecimento do corpo do policial.
Renato Coutinho de Mendonça foi morto, na sexta-feira (11), após discussão em um ferro-velho. O policial trabalhava como perito no Instituto Félix Pacheco e foi vítima de uma emboscada por um dos donos do espaço.
Entre os acusados estão o filho do proprietário do ferro-velho, o sargento da Marinha, Bruno Santos, e outros dois amigos de farda: o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares.
Aos investigadores, os militares confessaram o crime e relataram ter jogado o corpo do papiloscopista no rio. Para transportar o policial, os suspeitos usaram uma van da Marinha.
Eram 8h30, desta segunda-feira, quando os Bombeiros encontraram um corpo no Rio Guandu. Às 9h47, a família chegou ao local e reconheceu o corpo como sendo do policial civil.
A irmã mais nova, Débora Couto, falou que Renato já havia sido roubado por diversas vezes e algumas peças foram encontradas no ferro-velho de Lorival de Lima, pai de um dos acusados.
O objetivo do policial era abrir uma loja e uma casa para a mãe.”Quem é trabalhador sabe o quanto é difícil e o quanto as coisas estão caras. Meu irmão tinha vendido carro para poder fazer a obra de uma loja que ele ia montar para ele, para ter uma renda extra, e uma casa pra minha mãe na parte de cima. Não foi só agora, ele era roubado inúmeras vezes e podemos provar, porque tem Boletim de Ocorrência. Meu irmão foi morto com as notas fiscais do que havia sido roubado no bolso”.
A irmã comentou também sobre os três militares. A fisioterapeuta fala que não tem dúvidas de que tudo foi orquestrado.
“São militares que deveriam estar trabalhando à favor da população, eles estavam no serviço, saíram de dentro do quartel em uma viatura. O local onde foi até aqui [Japeri] é uma distância muito grande, então eles tinha certeza da impunidade deles”.
Segundo a Polícia Civil, os militares chegaram a lavar, por três vezes a viatura da Marinha para limpar o sangue do policial. “Eles jogaram o corpo no rio e de lá eles pararam em uma lava-jato em Austin, em Nova Iguaçu, e lavaram a viatura, inclusive utilizando cloro. Depois eles levaram para a garagem do 1º Distrito Naval e lavaram outras duas vezes. O objetivo deles era apagar os vestígios de sangue”, destacou o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital.
O delegado Adriana França, titular da 18ª DP (Praça da Bandeira), informou que desde a semana passada, em meio a operações da Polícia Civil, ferros-velhos foram interditados.
“O ferro-velho [onde o crime aconteceu] foi interditado logo após o flagrante. Três foram fechados ao longo das investigações. Os depoimentos são conflitantes. O próprio pai [Lourival de Lima] alega não ser proprietário e sim o filho”.