Brasil
Pobreza e extrema pobreza atingem menor nível no Brasil desde 2012, aponta IBGE
Entre 2022 e 2023, 8,7 milhões saíram da pobreza e 3,1 milhões deixaram a extrema pobrezaO Brasil encerrou 2023 com os menores índices de pobreza e extrema pobreza registrados desde o início da Síntese de Indicadores Sociais, em 2012. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4), 58,9 milhões de brasileiros viviam na pobreza (27,4% da população), enquanto 9,5 milhões estavam na extrema pobreza (4,4%).
A análise baseou-se no conceito de pobreza monetária, adotando os parâmetros do Banco Mundial. Sendo extrema pobreza US$ 2,15 por pessoa por dia (R$ 209 mensais) e pobreza US$ 6,85 por pessoa por dia (R$ 665 mensais).
Entre 2022 e 2023, 8,7 milhões saíram da pobreza e 3,1 milhões deixaram a extrema pobreza, reflexo de programas sociais e aumento do emprego.
Impacto de Empregos e Benefícios Sociais
O pesquisador do IBGE, Bruno Mandelli Perez, atribui a melhora a dois fatores: o mercado de trabalho e programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
“O mercado de trabalho tem maior impacto na redução da pobreza, enquanto benefícios sociais são cruciais para combater a extrema pobreza”, explica Perez.
Em 2023, o aumento nos valores médios do Bolsa Família contribuiu para a continuidade dessa trajetória positiva.
Desigualdade Regional
A redução da pobreza não foi uniforme. O Nordeste apresentou os maiores índices de pobreza (47,2%) e extrema pobreza (9,1%). Em contrapartida, o Sul registrou as menores taxas: 14,8% e 1,7%, respectivamente.
Grupos Mais Vulneráveis
A pobreza afeta mais mulheres, negros e jovens:
Mulheres: 28,4% estão em situação de pobreza (homens: 26,3%).
Negros (pretos e pardos): 35,5% dos pardos e 30,8% dos pretos são pobres, comparados a 17,7% dos brancos.
Jovens até 15 anos: 44,8% vivem na pobreza, quase o dobro da média nacional.
Por outro lado, idosos (60+) registram índices mais baixos, graças à maior cobertura por aposentadorias e pensões vinculadas ao salário mínimo.
Relevância dos Benefícios
Os programas sociais responderam por 57,1% da renda das famílias mais pobres, ultrapassando o trabalho (34,6%). Sem essas transferências, a extrema pobreza teria mais que dobrado, atingindo 11,2%.
Índice de Desigualdade
O Índice de Gini, indicador que mede a distribuição de renda em um país, de 2023 permaneceu em 0,518, o melhor nível desde 2012. Sem os programas sociais, o indicador seria 0,555, evidenciando sua importância na redução das desigualdades.