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O universo é um videogame? Cientistas exploram teoria da simulação

O estudo baseia-se no experimento da dupla fenda da mecânica quêntica.

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O universo é um videogame? Cientistas exploram teoria da simulação
Foto: Greg Rakozy/Unsplash

A equipe de cientistas, que inclui Farbod Khoshnoud da Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, em Pomona (CalPoly), está na vanguarda de uma teoria controversa: a hipótese de que o universo poderia funcionar como um videogame, gerando uma realidade “sob demanda” para observadores conscientes.

Essa ideia, já teorizada por filósofos e popularizada pelo filme Matrix de 1999, baseia-se numa interpretação não convencional da mecânica quântica, especificamente no famoso experimento da dupla fenda. Mas como isso funcionaria na prática?

Experimento da Dupla Fenda: A Base da Teoria da Simulação

O experimento da dupla fenda é fundamental para essa teoria. Quando luz é disparada através de duas fendas, observa-se um padrão de interferência, indicando que a luz age como uma onda. Entretanto, ao observar a luz com detectores, esse padrão desaparece, sugerindo que a própria observação afeta o comportamento das partículas.

Em outras palavras, as partículas subatômicas parecem se comportar de forma diferente quando observadas, algo que tem intrigado os físicos há décadas. Campbell sugere que esse fenômeno pode ser um indício de que a realidade só é “renderizada” no momento da observação, semelhante a um jogo de computador que gera cenários conforme o jogador avança no jogo.

Como Funcionam os Experimentos para Testar a Hipótese da Simulação?

Para verificar essa hipótese, a equipe desenvolveu uma série de experimentos, descritos em seu artigo “On testing the simulation theory”, publicado em 2017 no The International Journal of Quantum Foundations. Esses experimentos são variações do clássico experimento da dupla fenda e propõem testar o momento da renderização.

Num dos experimentos, eles propõem armazenar dados sobre a trajetória das partículas e os padrões que formam em dispositivos de armazenamento separados e, em seguida, destruir alguns deles antes que alguém veja os resultados. Se os padrões de interferência só aparecerem quando os dados da trajetória correspondente tiverem sido destruídos, isso poderia indicar que a realidade está sendo gerada no momento da observação.

Consciência: Um Elemento Essencial da Realidade?

De acordo com um comunicado recente, a teoria da simulação de Campbell se diferencia do conceito de “simulação ancestral” proposto pelo filósofo Nick Bostrom. Para Campbell, a consciência é um elemento essencial da realidade, não apenas um subproduto da simulação.

Esses experimentos, se conduzidos com sucesso, podem desafiar a compreensão convencional da realidade e revelar conexões profundas entre a consciência e o cosmos. Campbell criou uma organização sem fins lucrativos, o Centro para a Unificação da Ciência e da Consciência (Cusac, na sigla em inglês), e arrecadou fundos através do site de financiamento coletivo Kickstarter para realizar as pesquisas.

A Teoria da Simulação é Apenas Ficção Científica?

É importante ressaltar que essa teoria é altamente especulativa e controversa. Muitos físicos acreditam que há explicações mais plausíveis para os fenômenos quânticos que não exigem a suposição de que nossa realidade seja uma simulação.

No entanto, há cientistas como Melvin Vopson, da Universidade de Portsmouth, que continuam a explorar essa possibilidade. Vopson sugeriu que uma nova lei da física poderia sustentar a teoria do universo simulado, explorando a ideia de que a realidade poderia ser composta de unidades de informação, semelhantes a bits computacionais.

Embora essas teorias sejam radicais para muitos, o mundo científico continua a observá-las com uma mistura de ceticismo e curiosidade. A pesquisa de Campbell capturou a imaginação não só dos cientistas, mas também do público geral, especialmente considerando o fascínio que a ideia de uma realidade simulada desperta.

Com a exploração dos laboratórios de física, a ficção científica pode estar cada vez mais próxima de se tornar realidade, nos levando a questionar profundamente a natureza do nosso universo.