Rio
Mulher fica sem andar, cega e surda após implante de silicone: “Achei que estava morta”
Uma mulher acusa um hospital particular da Zona Norte do Rio após complicações severas causadas pelo procedimentoUma mulher de 27 anos acusa um hospital particular da Zona Norte do Rio de erro médico durante um implante de silicone. Luciene de Souza afirma que, desde o procedimento realizado há cerca de 10 meses no Hospital Semiu, na Vila da Penha, passou a enfrentar uma série de problemas de saúde, como perda temporária da visão, surdez, paralisia e a retirada das mamas.
Paciente relata descaso no pós-operatório
Segundo Luciene, a decisão pela cirurgia estética ocorreu após o nascimento dos dois filhos. Ela conta que economizou mais de R$ 20 mil para realizar o procedimento. No entanto, de acordo com a família, ela teve uma parada cardíaca durante a operação e, desde então, convive com limitações físicas.
Há 8 meses luciene vivia se escondendo, não por vergonha, mas por achar que aquela situação mudaria, pensando que de alguma forma algo iria melhorar em sua Visão, audição ou nos movimentos. pic.twitter.com/qhRI43gr0G
— Luciene Silva (@lucasjuninho23) April 5, 2025
Após a cirurgia, exames foram realizados para entender o que havia acontecido, mas, segundo a paciente, cuidados básicos não foram prestados durante a recuperação. A falta de curativos adequados nas mamas teria contribuído para um quadro de necrose, que levou à necessidade de uma nova intervenção para remoção dos seios.
“Eles esqueceram que tinha botado o silicone em mim. Quando foi abrir o silicone já estava necrótico. Apesar de tudo que aconteceu comigo, ainda estava com a prótese abrindo um buraco. Mesmo com toda a situação, a doutora me deu alta e me mandou para casa.”, relata Luciene.
Luciene precisou ser transferida para hospital público
Dandara Castro, prima da paciente e técnica de enfermagem, conta que a jovem precisou ser transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde passou por novos procedimentos, incluindo a instalação de uma sonda urinária.
Atualmente, Luciene faz uso de cadeira de rodas e recuperou parcialmente a visão. “Quando a Luciene acordou, ela já acordou gritando, desesperada. Não tinha ninguém ao lado dela. Ela não via ninguém, também não escutava ninguém. Então ela achou que estava morta”, afirma.
Após a cirurgia, Luciene parou de andar e usa uma sonda. Foto: Reprodução
A prima também relata que a família só descobriu a gravidade da infecção por iniciativa própria: “Eles esqueceram da prótese dela. Quando abriram, já estava com cheiro forte. Os seios dela estavam entrando em necrose”. Dandara diz que, até hoje, a família busca entender o que causou as complicações: “A gente está tentando de todas as formas uma resposta”.
Luciene, que antes trabalhava e cuidava dos filhos sozinha, hoje depende de familiares.
Caso é investigado pela Polícia Civil
Sem acordo com o hospital, a família registrou o caso na 27ª DP (Vicente de Carvalho). A Polícia Civil informou que instaurou um inquérito, solicitou documentos à unidade e realiza diligências para apuração dos fatos.
Procurado, o Hospital Semiu declarou, em nota, que a médica responsável pelo procedimento atua de forma autônoma, sem vínculo empregatício com a instituição. A unidade informou ainda que apenas cedeu o espaço para a realização da cirurgia, conforme prática comum no setor, e que não recebeu queixas formais relacionadas à infraestrutura.
Já a cirurgiã, também por nota, disse ter seguido todos os protocolos médicos, prestado assistência por mais de 30 dias e se afastado posteriormente por conflitos com familiares. Ela nega falhas no procedimento e afirma confiar no andamento da investigação.
Confira a nota na íntegra:
O Hospital Semiu informa, através da presente nota, que a paciente Luciene de Souza foi submetida à cirurgia eletiva de colocação de prótese de silicone no dia 26/07/2024, pela Dr.ª Sandra Gonzalez.
Quanto ao fato, o Hospital Semiu esclarece que a referida médica não possuía e não possui qualquer vínculo de preposição com esse nosocômio, de modo que a referida cirurgia se deu de forma autônoma e sob exclusiva responsabilidade técnica e administrativa da Drª Sandra. O hospital apenas cedeu suas instalações para a realização do procedimento.
Importante destacar que é comum e rotineiro que médicos sem qualquer relação de preposição com hospitais utilizam-se dos centros cirúrgicos dos nosocômios para realizarem procedimentos médicos em seus pacientes, como no caso em questão, sendo esses médicos responsáveis pelo pré e pós cirúrgico dos pacientes. As obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar em casos como esses ficam adstritos ao fornecimento de recursos materiais (instalações adequadas), aos quais a paciente jamais se queixou.
Ressaltamos que o Hospital Semiu possui toda estrutura e suporte necessário para garantir a segurança para o tipo de procedimento que fora realizado pela paciente Luciene de Souza.
No mais, permanecemos à disposição para eventuais dúvidas que forem suscitadas.