Patrulhando a Cidade
’Morreu como um escravo’, diz irmão do congolês Moïse Mugenyi morto há um ano
A vítima foi espancada até a morte por ter ido cobrar dois dias de pagamento atrasados
Em memória do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, brutalmente assassinado em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e em celebração ao Dia do Refugiado Africano e ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, foi realizada, na manhã desta terça-feira, uma missa no Cristo Redentor.
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“A gente está pedindo justiça, porque está lento [a condenação]. Esse um ano para mim parece um mês, a gente sofre. Hoje, ninguém dormiu. Hoje ele sofreu, então hoje vamos orar pra ele, para ele descansar em paz. Quando eu acordo, parece que é mentira, o tempo passa mas a dor fica muito forte. Saudade. Meu filho vai para trabalhar, você espera, mas ele não volta. Eu não queria acreditar, dizia que era mentira”, disse muito emocionada a mãe de Moïse, Ivone Lotsove.
O irmão mais velho do congolês também esteve presente na missa.
“Ele morreu como um escravo, é muito complicado. A dor nunca vai passar, da forma como aconteceu, bateram muito nele. Ele ainda pediu ajuda, mas bateram nele até o último minuto. Eles falam que não foi com intenção de matar. Se não tivesse o vídeo iam falar que meu irmão era bandido, porque ele é preto. Se não tivesse vídeo teriam dúvidas. Tem o vídeo, mas nada acontece. Um ano e só tem três pessoas presas”, lamentou o irmão mais velho Maurice Mugenyi.
Após a missa no Cristo Redentor, o grupo marcou um ato no quiosque onde Moïse Kabagambe foi assassinado no dia 24 de janeiro do ano passado.
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