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Mãe e filhas são resgatadas em condição análoga à escravidão em Araruama

Uma das filhas, atualmente com 16 anos, teve parte do dedo amputado ao manusear uma máquina

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Local onde família foi resgatada [Foto: Reprodução/G1]

Mãe e duas filhas foram resgatadas de um trabalho em condições análogas à escravidão em um sítio em Araruama, Região dos Lagos. De acordo com testemunhas, a família trabalhava todos os dias na propriedade há cerca de três anos.

Uma das filhas, atualmente com 16 anos, teve parte do dedo amputado ao manusear uma máquina. A vítima conta que ficou com sequelas e dificuldade em segurar objetos. Após o acidente, a mãe passou a roçar o terreno com uma foice e as duas filhas, com facões.

“Estamos diante um caso de trabalho escravo e trabalho infantil. A participação da sociedade é fundamental na identificação e denúncia dessas infrações”, comentou o Auditor-Fiscal do Trabalho Eugênio Santana, que participou da ação e coordena o combate ao trabalho infantil no âmbito da Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro (SRTb/RJ).

Segundo testemunhas, inicialmente, a propriedade era um matagal, que foi roçado pela família. A mãe afirmou que, na época, outros trabalhadores ajudaram a capinar o sítio. Eles recebiam diárias, ao contrário delas. Antes de serem construídas as casas, as necessidades fisiológicas eram feitas no mato.

Adolescente perdeu um dos dedos durante trabalho no sítio [Foto: Reprodução/G1]

A casa onde a família morava não tinha geladeira e fogão. A água consumida era direto da rede de abastecimento, sem qualquer filtro, e os itens de higiene eram conseguidos por doação. O contato com o dono do terreno era através de dois celulares dados por ele, que não mora no local.

“Elas estavam trabalhando de segunda a segunda no sítio há cerca de três anos. A mãe nos relatou que trabalhava em troca de comida porque não sabia contar. A família é analfabeta”, explicou o Auditor-Fiscal do Trabalho, Márcio Lins Guerra.

A operação foi realizada pela Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro (SRTb/RJ)em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT/RJ) e com a participação de oficiais de justiça e representantes de segurança institucional do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª. Região (TRT/RJ).

Pós-Resgate

A Auditoria-Fiscal do Trabalho exigiu o pagamento do salário retroativo da família e denunciou o proprietário do terreno pelas irregularidades constatadas. Mãe e filhas receberam guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado, pelo qual receberão três parcelas de um salário mínimo cada. A família foi levada para morar em outro local.

Apenas no estado do Rio de Janeiro, mais de 1.700 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à de Escravo em 2023.