Rio
Mãe de Marielle Franco não vê morte da filha como ‘o fim’
Sobre a possível condenação dos réus, Marinete Silva, a segunda testemunha a prestar depoimento, demonstrou esperançaMarinete Silva, mãe de Marielle Franco, foi a segunda testemunha a depor no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, os assassinos confessos da vereadora e do motorista Anderson Gomes. O julgamento ocorreu no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (30). Emocionada, Marinete relembrou momentos com a filha e destacou a necessidade de uma condenação. “É o que eu espero. É o que toda a sociedade espera”, enfatizou. Ela acrescentou: “A morte da Marielle não é o fim. Se fosse, não estaríamos aqui”.
Marinete relembrou a noite do crime, em 14 de março de 2018. “Eu me via nitidamente em um delírio de uma mãe, pois naquele momento eu não conseguia acreditar que aquilo tudo era verdade. Às vezes eu não consigo me recordar daquelas noites que passei. Seria insanidade de uma mãe achar que a filha ainda estava viva? Não. Era a dor que ultrapassava meu peito em tão poucos dias”, recordou.
Anielle Franco compara chegada ao TJ para julgamento ao dia do velório de Marielle
Marinete ainda comentou sobre o longo percurso até o julgamento dos réus, mencionando as dificuldades enfrentadas: “Depois de muita resistência, depois de passar por cinco delegados, por mudança no Ministério Público”. Ela ressaltou sua determinação: “O que a gente traz hoje aqui, eu não posso dizer que eu agradeço não só pela minha insistência e pela minha fé, mas foi muito duro chegar até aqui. Eu nunca desisti desse dia, de ganhar essa confiança da defensoria, que passou a ser uma extensão da minha casa, da minha história com a minha filha”.
Sobre a possível condenação dos réus, Marinete demonstrou esperança. “É o que eu espero. É o que toda a sociedade espera”, acrescentou. “Eu não caminhei para o fim. Caminhei para o início. Por isso, estamos aqui hoje”.
Julgamento
O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que afirmam ter assassinado Marielle a mando dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acontece mais de seis anos após os assassinatos que abalaram o Brasil. A data foi estabelecida pelo juiz Gustavo Kalil durante uma reunião no Fórum Central do Rio, que contou com representantes do Ministério Público, assistentes de acusação e a defesa dos réus.
A primeira testemunha a ser ouvida foi Fernanda Gonçalves Chaves, ex-assessora de Marielle, que estava presente durante o crime. O depoimento foi realizado de forma remota.