Economia
‘Laranjas da Região de Tanguá’ é a primeira Indicação Geográfica da fruta no país
Rio de Janeiro é o primeiro estado do Brasil a adotar a Denominação de Origem do fruto como diferencial de qualidade gastronômica
A partir do registro, citricultores de quatro municípios fluminenses são reconhecidos pelas características únicas das laranjas locais, famosas por seu gosto adocicado e suculento. Os municípios de Tanguá, Itaboraí, Rio Bonito e Araruama, na Grande Rio, conquistaram o primeiro e único registro, atualmente, de Indicação Geográfica (IG) de laranjas no Brasil.
O selo, concedido recentemente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), viabilizou-se através de estímulos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio) e reconhece todo o processo produtivo da fruta, tornando únicas as “Laranjas da Região de Tanguá”. A Indicação Geográfica serve para identificar a origem de um produto ou serviço quando certa cAlex GRillo
aracterística ou qualidade se deve ao local onde é produzido.
No último dia 26 de julho, o Inpi publicou a 100ª Indicação Geográfica, por Denominação de Origem, e formalizou os direitos de proteção das “Laranjas da Região de Tanguá”. O Rio de Janeiro é o primeiro estado do Brasil a adotar a Denominação de Origem do fruto como diferencial de qualidade gastronômica.
“O nosso estado vem fomentando o crescimento e a revitalização da citricultura, que tem se destacado pela sua qualidade. Além disso, a produção movimenta outras atividades econômicas, como o turismo das cidades que formam a Rota da Laranja”, destacou o secretário de estado de Agricultura, Alex Grillo.
O engenheiro agrônomo e extensionista da Emater-Rio, Licínio Louzada, explicou que foi um processo longo e complexo, com tratativas retomadas em 2017 sobre conseguir o registro dos laranjais. “A nossa laranja tem uma cor muito forte, um alaranjado que não é comum, e um adocicado marcante. A vontade de oficializar o produto era antiga, contando com a parceria de diversas instituições que trabalharam para que os produtores conquistassem a Indicação Geográfica”, detalhou ele.
Ao todo, cerca de R$ 500 mil foram angariados via Ministério da Agricultura como investimento ao processo de IG das laranjas, e uma empresa de consultoria ambiental foi licitada para fazer o catálogo dos dados levantados.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou as análises das frutas e identificou os fatores naturais da região, através das entidades vinculadas Embrapa Agroindústria de Alimentos e Embrapa Solos. Louzada afirmou que semanalmente, durante três anos, foram feitas reuniões com os produtores a fim de definir um padrão de qualidade.
Selo “Laranjas de Tanguá”
A presidente da Associação dos Citricultores e Produtores Rurais de Tanguá (Acipta), Alessandra Bellas, frisou que o produtor interessado em vincular o selo da Indicação Geográfica às suas laranjas deverá procurar a instituição para o credenciamento.
Após a entrega de documentação cadastral, a associação fará uma visita técnica para georreferenciar a propriedade e avaliar os lotes de laranjas conforme o Caderno de Especificação Técnica.
“Todo o processo dos selos será realizado pelo Conselho Regulador das Laranjas da Região de Tanguá, órgão dentro da Acipta criado para esta finalidade. O conselho é formado por sete membros, sendo quatro produtores associados, eleitos entre os pares, e três representantes de instituições técnico-científicas, sendo a Emater-Rio, Defesa Agropecuária e Embrapa”, esclareceu.
Um dos pontos-chaves do selo é conseguir o aumento de renda aos produtores de laranja; somente no município de Tanguá foram cerca de mil hectares de laranjais georreferenciar no projeto.
Dentre as instituições envolvidas estão a Associação dos Citricultores e Produtores Rurais de Tanguá (Acipta), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Prefeitura Municipal de Tanguá, Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, através de suas vinculadas, Emater-Rio e Pesagro-Rio, e a Superintendência de Defesa Agropecuária.