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INCA estuda aumento de casos de câncer de mama agressivo entre mulheres negras
Pesquisa investiga incidência do câncer de mama triplo negativo e considera ancestralidade para melhor compreensão da doença.Um estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) busca entender por que há uma maior incidência de câncer de mama agressivo, especificamente o subtipo triplo negativo (TNBC), entre a população negra no Brasil. Este é o primeiro estudo que considera o critério da ancestralidade para investigar a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da doença.
O projeto, intitulado “Mantus – Mulheres Negras e Câncer de Mama Triplo Negativo: Desafios e Soluções para o SUS”, tem como objetivo definir o perfil das mulheres mais afetadas pelo TNBC, levando em conta fatores sociais, comportamentais, ambientais e biológicos. Segundo a pesquisadora Sheila Coelho Soares Lima, “este subtipo é mais comum entre mulheres negras, e o prognóstico costuma ser pior em comparação às mulheres brancas”.
Sheila explicou que uma análise molecular anterior indicou alterações que parecem ser específicas de mulheres negras, e “é esse achado que estamos explorando no momento”. A fase piloto do estudo, já concluída, envolveu a avaliação retrospectiva de mil pacientes do Instituto, confirmando a relação entre o câncer de mama agressivo e a cor da pele.
As hipóteses iniciais para a maior ocorrência do TNBC em mulheres negras incluem a influência da ancestralidade e mecanismos moleculares, além de fatores como o menor acesso a serviços de saúde. “Pretendemos explorar tudo em conjunto, pois não existe nenhum estudo que englobe esses diversos aspectos, muito menos no Brasil”, afirmou Sheila.
O principal objetivo do estudo é gerar dados científicos que ajudem no desenvolvimento de estratégias para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, além da formulação de novas terapias. “Considerando que 76% da população que usa o Sistema Único de Saúde é negra, os resultados que buscamos vão reduzir custos e melhorar o tratamento na rede de saúde do Brasil”, destacou a pesquisadora.
O trabalho também se expandiu para incluir centros parceiros em diversas regiões do Brasil, especialmente no Nordeste, onde a população negra é mais significativa. “Reunimos uma equipe de epidemiologistas, geneticistas, oncologistas clínicos e mastologistas para dar sua contribuição. Estamos na fase de levantamento de dados e de inclusão de pacientes”, finalizou Sheila.