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ESMO 2023: Congresso europeu de Oncologia tem inovações em tratamentos para principais tumores

Brasil terá forte participação no evento; Oncoclínicas apresenta 11 estudos científicos próprios e outros três em parceria com a espanhola Medsir na programação

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Foto Destaque: Divulgação

Os principais temas que serão apresentados no congresso de 2023 da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO, em inglês), entre os dias 20 a 24 de outubro em Madri, Espanha, serão inovações em diagnóstico e tratamento, novas tecnologias, especialmente envolvendo técnicas de engenharia genética e o contexto global da oncologia, incluindo políticas de prevenção e inclusão.

“A ESMO vem se consagrando como um dos principais congressos do mundo para apresentação de dados em inovação, pesquisa e estudos acadêmicos que podem transformar o cenário da oncologia em todo o mundo não só aumentando as taxas de cura, mas também de qualidade de vida durante o tratamento”, explica Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co. e presidente do Instituto Oncoclínicas.

Os principais destaques do congresso como um todo, aponta o oncologista, são sobre o câncer de pulmão, maior causa de mortes por câncer no mundo. Estão na agenda os estudos CheckMate, que compara o tratamento com o nivolumabe (imunoterápico) neoadjuvante combinado à quimioterapia versus quimioterapia isolada, seguida de cirurgia e nivolumabe adjuvante ou placebo para o câncer de pulmão de células não pequenas ressecável em estágio II-IIIB sem história prévia de tratamento.

Outros estudos são relacionados a medicina de precisão. O ALINA avalia a segurança e eficácia do alectinibe adjuvante versus quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas positivo para rearranjo no gene ALK, em estágio inicial.

O estudo LIBRETTO-431 analisa o selpercatinibe de primeira linha versus quimioterapia e pembrolizumabe no câncer de pulmão de células não pequenas positivo para rearranjo em RET.

“De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 85% dos pacientes diagnosticados com câncer de pulmão são do tipo não pequenas células. E apesar de importantes avanços terapêuticos e campanhas de redução do risco da doença, como o combate ao tabagismo – causa principal da doença -, esse tipo de tumor ainda figura como o que mais leva a mortes em todo o mundo. Por isso, avanços nas frentes de tratamento para esses casos são extremamente relevantes para o cenário global da oncologia”, explica Carlos Gil.

Outros tipos comuns de câncer, como os diferentes tipos de tumores ginecológicos, também contarão com análises que devem captar a atenção da comunidade médica durante a programação do congresso. “Temos estudos muito interessantes sobre o câncer do colo do útero e o câncer do endométrio com imunoterapia, comparando opções de terapêuticas e que podem trazer avanços nos protocolos clínicos”, avalia.

Dentre essas análises citadas por ele estão o KEYNOTE-A18, que avalia o efeito do pembrolizumabe associado à quimioterapia para câncer de colo do útero localmente avançado de alto risco, e o BEATcc, que se concentra no uso de atezolizumabe de primeira linha combinado à quimioterapia a base de platina e bevacizumabe para câncer de colo do útero metastático persistente ou recorrente.

Brasileiros marcam presença na Esmo com estudos inéditos

A participação do Brasil também vem crescendo na Esmo. Este ano, análises importantes lideradas por especialistas do país serão divulgadas durante o evento, entre eles dois artigos do oncologista Rodrigo Dienstmann, diretor médico da OC Precision Medicine, unidade especializada em análise patológica, genômica e big data da Oncoclínicas.

No “The role of the Global Curriculum in the era of digital health and artificial intelligence”, o profissional avalia como os oncologistas devem ser educados na implementação de algoritmos de inteligência artificial na prática clínica. Ele também participará da discussão sobre avanços na medicina de precisão em tumores gastrointestinais: “A ideia no painel é debater sobre os mecanismos de resistência a novas terapias alvo-molecular no câncer colorretal”, comenta.

Em estudo de colaboração com Rodrigo Dienstmann, a médica oncologista Flávia Amaral Duarte, também da Oncoclínicas, apresenta os resultados de efetividade no mundo real da combinação de quimioterapia associado a imunoterapia no câncer de pulmão de pequenas células, uma doença rara e muito agressiva, num trabalho intitulado “Brazilian real-world data of immunotherapy on extensive disease small cell lung cancer”.

“Confirmamos um aumento clinicamente relevante na sobrevida dos pacientes com a introdução da imunoterapia comparado ao tratamento com quimioterapia isolada, similar ao descrito em ensaios clínicos”, explica a pesquisadora. “Um exemplo claro do valor das bases de dados do mundo real da Oncoclínicas&Co., gerando evidência de impacto na decisão terapêutica”, ressalta Rodrigo Dienstmann.

Outra análise nacional importante e que estará presente na Esmo é sobre cuidados paliativos. A médica Sarah Ananda Gomes, líder nacional da especialidade na Oncoclínicas&Co., mostra o impacto econômico desse olhar para a integralidade e qualidade de vida dos pacientes com câncer no artigo “Exploring the Economic Impact of Palliative Care in Oncology at the End of Life”.

“Essa é uma discussão cada vez mais presente e importante na oncologia. Sempre buscamos a cura, os tratamentos mais avançados, o aumento da sobrevida, mas precisamos prover uma linha de cuidado integral que reconheça as necessidades particulares de cada indivíduo, com alta qualidade de vida, alívio do sofrimento e que preserve a dignidade humana. Para isso é fundamental investir na implementação de um programa de cuidados paliativos, que sabemos hoje, por muitas evidências na literatura, que o acompanhamento precoce traz inúmeros benefícios ao paciente, familiares e também para todo sistema de saúde, garantindo o mais alto padrão de excelência na assistência”, explica.

Porém, a especialista em cuidados paliativos ressalta que muitos stakeholders (gestores) no Brasil ainda enxergam esse investimento apenas como um custo. “Calcular e evidenciar o impacto econômico é fundamental para que o crescimento dos programas ocorra de modo sustentável e também para que se desenvolvam políticas públicas e privadas de saúde em que o bem-estar do paciente esteja sempre em primeiro lugar”, finaliza Sarah Ananda.

Ao todo, a Oncoclínicas levará para a Esmo 2023 um total de 14 estudos, 11 deles assinados por médicos do corpo clínico no Brasil e outros três desenvolvidos pela Medsir, renomada empresa espanhola de desenvolvimento e coordenação de pesquisas clínicas com foco em oncologia que tem a Oncoclínicas como parceira no Brasil e América Latina.