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Carnaval

Entre dois amores: Agentes de saúde se preparam para o Carnaval

Dedicados aos pacientes durante todo o ano, nesta época profissionais também caem no samba

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Foto Destaque: Edu Kapps / SMS-Rio

A agente comunitária de saúde (ACS) Marilene Conceição se divide neste mês de janeiro entre dois amores: seus pacientes e o carnaval. Nos preparativos para brilhar na Marquês de Sapucaí, sem se descuidar do trabalho na Clínica da Família Lourival Francisco de Oliveira, em Jacarepaguá, ela já está com o samba no pé para desfilar em cinco escolas, em três dos quatro dias de desfiles no Sambódromo.

A maratona, fora dos dias e horários de trabalho, começa cedo com a Inocentes de Belford Roxo pela Série Ouro, na sexta-feira (9), e depois, no domingo (11), pelo Grupo Especial, com a Beija-Flor e a Grande Rio, e também na segunda-feira (12), com Vila Isabel e Viradouro.

Apaixonada e veterana na famosa passarela de 700 metros, Marilene participou pela primeira vez de um desfile em 2006, na Unidos do Viradouro. Desde então, já integrou quase todas as escolas de samba do Grupo Especial, enquanto na Série Ouro já passou por seis agremiações. Muito animada, ela conta que, além de alegria, o carnaval também serve de aprendizado sobre diferentes culturas e para recarregar as energias para um novo ano inteiro de trabalho.

“É um momento de alegria e de extravasar também. Para mim, é um grande aprendizado em cada enredo apresentado, são aulas de cultura a céu aberto representada por nós que desfilamos. Minha expectativa para o carnaval deste ano é que todas as escolas façam um belo espetáculo como sempre”, compartilha a profissional.

Agente comunitário e diretor de bateria de escola do Grupo Especial

Júlio César, de 44 anos, é agente comunitário de saúde de segunda a sexta-feira na Clínica da Família Diniz Batista, no Parque União. Mas, no carnaval, ele é o Mestre Julinho, integrante da bateria da Unidos da Tijuca. Morador do Complexo da Maré, sua história de amor com o samba se iniciou aos 16 anos, quando seu tio, que era compositor da escola, levou moradores da Maré para tocar na quadra. A partir daí, seu amor pela bateria só cresceu, passando por diversas escolas, até se tornar diretor de bateria da sua escola de coração.

“O samba é a minha vida. Eu não consigo me imaginar longe da minha escola, a Unidos da Tijuca. Há 18 anos sendo diretor de bateria, posso garantir que é impossível ficar longe da avenida”, diz Júlio César, com muita emoção e expectativa para o carnaval 2024.

Missão de acolher e compreender as necessidades do outro

O início da história no carnaval do agente comunitário Amilton D’eça, de 58 anos, se entrelaça com a missão do profissional de saúde na Clínica da Família Souza Marques, em Madureira, de acolher e compreender as necessidades da população.

Em 1998, na escola de samba Tradição, Amilton acolheu 30 crianças e ajudou a confeccionar fantasias para a ala mirim de passistas devido a um problema de entrega das roupas. Foi onde sua história e amor pelo Carnaval se iniciou.

“Eu recolhi tudo que tinha no galpão atrás da quadra e, mesmo sem ferramentas adequadas, confeccionei 30 fantasias. Não ia deixar criança alguma entrar sem fantasia. Meus olhos encheram de lágrimas vendo aquelas crianças que ensaiaram tanto, tristes porque achavam que não poderiam desfilar. Depois disso, me tornei presidente da ala de passistas e passei por várias escolas, desfilando e fazendo fantasias”, conta Amilton.

Após esse episódio, Amilton deu aula de aderecista em um curso de qualificação profissional em carnaval por três anos consecutivos, na quadra da Tradição, formando profissionais para essa época do ano. Atualmente, ainda consegue unir o carnaval ao seu trabalho de agente comunitário, fazendo distribuição de preservativos e orientando a população sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) nos desfiles da Intendente Magalhães, na Zona Norte.

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