Rio
Condutas de policiais militares em abordagem em Ipanema serão analisadas pela corporação
Mãe de um dos jovens abordados acusa PM de atitude racista em ação na Zona SulA mãe de um adolescente de 13 anos de idade acusa a Polícia Militar de ter realizado uma abordagem racista na noite desta quarta-feira (03) na Rua Prudente de Moraes, em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
Imagens que circulam pelas redes sociais, mostram os policiais saindo de uma viatura, com armas em punho, apontando em direção ao jovem que estava acompanhado de outros três amigos negros, também adolescentes.
Os garotos estavam na porta de um prédio quando foram abordados pelos agentes, que depois encaminham os jovens para dentro do edifício.
Eles foram revistados e depois liberados pelos policiais.
A mãe de um dos adolescentes informou que os jovens contaram que eram turistas.
Três dos que foram abordados são estrangeiros, negros, filhos de diplomatas e oriundos do Canadá, do Gabão e de Burkina Faso.
Em nota, a Polícia Militar informou que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes.
Ainda de acordo com a corporação, em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo.
Procurado, o Itamaraty informou que acompanha o caso e busca averiguar as circunstâncias do ocorrido, para eventual tomada de providências.
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Alerj, deputada Dani Monteiro, repudia mais um episódio racista durante abordagem policial no Rio de Janeiro. Desta vez, adolescentes negros e estrangeiros, filhos de diplomatas, ficaram na mira das armas de agentes da Polícia Militar, que deveriam garantir a proteção de todos os cidadãos, sem discriminação. A deputada Dani Monteiro se solidariza com as vítimas e coloca a CDDHC à disposição das famílias.
“É inadmissível que, em pleno século XXI, ainda nos deparemos com cenas de tamanha violência e racismo institucional e estrutural. Esta é mais uma reprodução cotidiana sofrida por jovens negros fluminenses. A abordagem da Polícia Militar é marcada pela truculência com a população preta, de quem age primeiro com a força, mesmo quando a abordagem é com meninos filhos de diplomatas. E isso demonstra o preconceito que permeia nossa sociedade, especialmente em ações policiais. Não podemos tolerar que jovens negros sejam tratados como suspeitos em potencial apenas pela cor de sua pele, seja em áreas periféricas ou num dos bairros mais ricos do país, como Ipanema. Essa prática nefasta precisa ser combatida com firmeza e urgência. Neste caso específico, muito parece que o racismo se alia à certa xenofobia. Todos os cidadãos têm o direito de serem tratados com dignidade e respeito, e é papel do Estado garantir a segurança de todos, sem discriminação. Estamos acostumados a vermos nas manchetes de jornais os diversos episódios de jovens negros sendo abordados e retirados violentamente em ônibus na Zona Sul do Rio, durante o verão. Desta vez, são adolescentes estrangeiros passando por uma violência semelhante. Não podemos aceitar nenhum desses casos, que claramente mostram o racismo enraizado em práticas policiais. Enquanto presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Alerj, além de repudiar o episódio, me solidarizo com as famílias e fico à disposição para atendimento na CDDHC.“
Confira o vídeo: