Esportes
Arias indo embora, SAF, Thiago Silva, protestos e Z-4: confira temas principais da coletiva de Mário Bittencourt
Presidente tricolor esclareceu situações na tarde desta terça, no CT Carlos Castilho
Evitar um incêndio. Esse foi o clima da entrevista coletiva concedida pelo presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, na tarde desta terça-feira (01), no CT Carlos Castilho, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Em quase duas horas de contato com a imprensa, o dirigente abordou diversos temas não só sobre o momento conturbado da equipe tricolor, mas também sobre toda a temporada, que nem de perto se desenhou da forma como era esperada.
Por mais que os temas da entrevista estivessem bem desenhados anteriormente, um fato novo, ocorrido momentos antes da entrevista, encorpou o encontro com os jornalistas: um protesto pacífico realizado por líderes de torcidas organizadas na porta do CT.
Paulo Angioni, diretor executivo de futebol, Marcão, auxiliar permanente, Matheus Montenegro, vice-presidente, além do técnico Mano Menezes se reuniram com o grupo de torcedores por alguns minutos para debater o futuro do clube – o que, na visão de Mário, é positivo para o momento.
“Sobre a questão do encontro que teve aqui hoje, os torcedores vieram cobrar, como já aconteceu em outras oportunidades. Temos uma conduta que, desde que seja sem violência, pacífico, sempre vamos estar de portas abertas para receber. Há dois meses já tinha ocorrido um movimento desse tipo. O Matheus Montenegro os recebeu com o Paulo Angioni, com o treinador, e faz parte. O clube é uma comunidade onde todos são importantes. Torcedores são importantes. Torcidas são importantes. Tivemos dignidade para recebê-los, e eles fizeram as cobranças” – iniciou o presidente tricolor.
“Nós entendemos que demos as explicações que nos levam a estar vivendo esse momento. As cobranças são normais, as críticas são normais. Estamos de portas abertas para esse contato. Na reunião, dissemos que vamos estar unidos até o final, como foi em 2009. Em 2009, cheguei como gerente de futebol, tínhamos uma situação muito pior do que essa de hoje, e lá fui eu que convoquei as torcidas para se unirem. Esse movimento está se repetindo agora, de fora para dentro. É uma união super válida, super bacana” – completou.
Momentos depois, o dirigente foi questionado se poderia garantir que o trabalho de Mano Menezes teria continuidade. Sem ser completamente assertivo, ele valorizou os números do treinador sob o comando tricolor.
“Quando ele chegou, a gente tinha seis pontos. Éramos lanternas do campeonato. De lá para cá, ele tem 50% de aproveitamento. Hoje, quem tem 50% é quem está em sétimo, oitavo lugar. Vamos ter que manter isso. Os times que estão próximos da zona (de rebaixamento) têm 33% de aproveitamento. Nós tínhamos os objetivos das Copas também. É difícil estar nas quartas de final da Libertadores e fazer uma prioridade. Disputamos as Copas para vencer. Mas o objetivo principal era sair dessa situação incômoda do Campeonato Brasileiro. Sei que as pessoas ficam muito tristes com essa oscilação, mas temos que ter a cabeça no lugar para não tomarmos decisões precipitadas. Nós acompanhamos o Fortaleza em 2022, que teve uma arrancada, perdeu três, quatro jogos e depois voltou a subir. Nós temos também a rede social que diz que jogador bateu boca com treinador, que treinador discutiu com torcedor, e não podemos deixar que o externo chegue até a gente. Em nenhum momento passou pela nossa cabeça mexer no comando. Eliminamos o Grêmio, fomos eliminados pelo Atlético-MG no nosso pior jogo sob o comando do Mano. Fomos superados com toda justiça” – disse.
Confira outros temas da entrevista de Mário Bittencourt:
Thiago Silva no sacrifício:
“Hoje, posso dizer que até 1 minuto antes do jogo (contra o Atlético-MG), não tínhamos certeza se o Thiago (Silva) ia jogar. Momentos antes de entrar em campo ele tomou uma injeção dentro do calcanhar. Todos ficaram comovidos para ele jogar. O grupo entrou no jogo muito mexido. A saída foi muito dolorosa para nós”.
Arbitragem contra o Atlético-GO:
“Todas as vezes que o Fluminense se sente prejudicado, o Flu faz seu movimento técnico em direção à Comissão de Arbitragem da CBF. Fizemos em todos os jogos desse ano em que nos sentimos prejudicados, especialmente em quatro, onde acho que foram erros grosseiros. O Fla-Flu, no pênalti dado a favor do Flamengo; Vasco x Fluminense, na minha opinião uma bola ajeitada com a mão pelo Vegetti; o jogo do Botafogo, pênalti muito claro do Matheus (Martins) em cima do Cano. E agora o jogo contra o Atlético-GO. Não sei se vocês sabem, mas de um mês para cá a CBF faz reuniões às segundas-feiras para falar sobre a arbitragem em geral, ou erros do fim de semana. O Fluminense tem participado de todas. Vou falar especificamente de dois casos. Contra o Botafogo, a Comissão de Arbitragem reconheceu o equívoco, que houve o pênalti e o VAR deveria ter chamado. E contra o Atlético-GO, fizemos o ofício e participamos da reunião ontem. Eles mostraram as câmeras do VAR. Quando questionei a bola na mão do Vegetti, fui informado que as câmeras usadas pelo VAR são da televisão que transmite o jogo. Agora, eles me mostraram uma câmera que fica em cima da linha, e por ela, há teoricamente o tangenciamento da bola na linha. Por ela, a bola não teria saído. Acho particularmente que na dúvida deveria ter valido o movimento de campo, porque a arbitragem é soberana. Dois jogadores nossos, inclusive o goleiro, estão com a mão levantada. Acho que há uma interferência clara até na movimentação dos jogadores. Todos os clubes estão falando. No fim de semana houve reclamação do Grêmio contra o Botafogo. Costumo dizer que há uma necessidade mesmo de reciclagem no geral. Não acho que exista absolutamente nada. Quando eu achar que existe algo premeditado, eu vou embora, não faz sentido participar. Os erros são repetitivos, principalmente de interpretação das regras do jogo. O Fluminense não vai falar desse tema aqui ou buscar anulação da partida como o São Paulo está fazendo contra nós, a meu ver de forma absurda. O Fluminense está ciente que todos esses são erros de fato, que acontecem. Temos que criticar os erros, mas não podemos achar desculpas porque não temos jogados bem. Contra o São Paulo, não há sequer erro de fato. Há o cumprimento da regra de jogo que não beneficia o infrator, pelo contrário. É uma vantagem convertida em falta que para a bola, o time do São Paulo tá todo postado”.
Situação de Arias:
“Todo mundo sabe que ele queria sair na janela e que eu impus uma condição. A (proposta) não chegou ao que o Fluminense desejava, e a gente se acertou que ele fica até o fim do ano. Na janela de dezembro, atendendo às condições que temos combinadas com ele, vamos realizar o desejo dele de jogar na Europa. Não tem nada a ver com o Cruzeiro. Essas condições passam, por exemplo, de que (a transferência) não seja para nenhum clube do Brasil. As pessoas têm que compreender que ele é um profissional com esse desejo, assim como ele compreendeu que o clube precisava se proteger e tê-lo aqui para nos ajudar até a reta final. O que interessa para mim é o Fluminense, que está acima de qualquer coisa. Foi assim que conversamos, nos ajustamos, está tudo ótimo. Ele tem todo o direito de realizar o sonho dele, de ter ficado chateado. E eu tenho todo o direito de ter feito o que eu fiz. É uma conversa de adultos. O torcedor precisa entender isso. Ele vai nos ajudar até o fim do ano, depois vai seguir o caminho dele e vamos continuar torcendo muito para ele deixar as portas abertas para ele voltar, assim como o André. Quem é Fluminense até o fim são os torcedores, que vão estar sempre com o clube. Os profissionais que aqui estão honram a camisa, se apaixonam, mas têm suas famílias e desejos. Faz parte. Fico muito orgulhoso quando um jogador que ninguém conhecia vem da Colômbia, consegue se firmar no Fluminense e ganha visibilidade na Europa, na seleção dele. O Arias é uma grande pessoa, de grande caráter. Que a torcida continue o abraçando e incentivando”.
Busca por investidores e SAF:
“Sempre faço questão de dizer que o banco BTG foi contratado pelo Fluminense para ser nosso conselheiro na busca por investidores. Não significa necessariamente que vai ser um dinheiro do banco BTG ou das pessoas que lá estão. Mas também não significa que não. As pessoas que estão lá podem se interessar pelo projeto do Fluminense e fazer investimento também. Eu posso dizer pra você que já concluímos a fase de analise do clube e que o banco já está no mercado sim, em contato com investidores. essa conversa tem seu caráter de sigilo contratual, não vou dizer quem são os investidores. E deixando claro que o modelo de SAF do Fluminense não é 51/49, 70/30… o modelo do Fluminense é o modelo onde o Fluminense não vende o controle, essa é a ideia do Fluminense. Onde a gente não faria a venda do nosso controle e as pessoas ficam especulando que é 51/49, 70/30 e eu nunca falei isso, porque há a possibilidade de um modelo onde o Fluminense tenha 100% e o investimento seja feito de uma outra forma. Só pra deixar bem claro, e não estou fazendo crítica velada a ninguém, mas o nosso modelo é um modelo onde vamos buscar um saneamento definitivo do clube pro clube começar do zero. O investidor que vai vir sabe que parte do dinheiro que a gente busca é para definitivamente quitar as dívidas do clube e outra parte para investir em futebol. e gradativamente ao longo do tempo, com as dívidas acabando, o dinheiro todo investido no futebol. Exatamente como faz o Bahia, um modelo de SAF muito inteligente. Primeiro com pagamento de dívida, depois com o investimento no time de futebol a longo prazo. Eu acho que está muito claro, vocês veem que o Bahia montou um bom time, mas não montou gastando um dinheiro a mais do que fatura, é um crescimento, tem um caminho pela perenidade do Fluminense. Nosso objetivo é a perenidade do clube, que daqui a 100 anos que a gente possa deixar um legado de que um investidor veio para sanear o fluminense definitivamente e depois fazer futebol. no inicio, concomitantemente, e depois, investir o dinheiro em futebol e deixar a gente cada vez mais competitivo”.
Jogo adiado contra o Athletico (PR):
“O que nos foi informado lá atrás é que dependia da questão do Athletico estar na Sul-Americana. Estamos com uma dificuldade de datas muito grande no Brasileiro. Muito em função do calendário, mas também em função da paralisação devido ao grave problema (das enchentes) no Rio Grande do Sul. O que havia sido dito é que eles tentariam encaixar esse jogo numa possível data da Conmebol, fora de Data Fifa, para que Fluminense e Athletico não percam seus jogadores. Seria previamente marcado para esses primeiros 15 dias de outubro, mas a informação de momento é que talvez vá mais para o fim de outubro. Justamente por esse problema (de datas) da Copa do Brasil, o Fla-Flu foi antecipado do dia 20 para o dia 17, não sei se vai voltar, depende de ações no STJD. Realmente é por falta de calendário. Temos que aguardar e ser compreensivos. Acreditamos que esse jogo certamente vá acontecer dentro do mês de outubro, que foi o que nos foi passado”.
O Fluminense voltará a campo na próxima quinta-feira (03), durante a abertura da 29ª rodada do Campeonato Brasileiro. O duelo será contra o Cruzeiro, às 21h30, no Maracanã.
AMAURY COURI
3 de outubro de 2024 em 21:12
Fiquei preocupado com a tristeza do grande presidente MB, sem
ele e a torcida,não consiguiremos nos salvar