Saúde
Ano novo, vida nova: início do ano pode representar virada em busca da saúde mental
Especialistas afirmam que não há uma receita universal para evitar episódios de ansiedade e depressão, afinal, cada pessoa tem maneiras diferentes de lidar com os sentimentosDe acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), um a cada quatro brasileiros sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida. Ninguém quer fazer parte dessa estatística e, para isso, é preciso cuidar da saúde mental, tema da campanha de conscientização Janeiro Branco.
Segundo a professora Raquel Staerke Gonçalves, coordenadora do Departamento de Psicologia do Centro Universitário Celso Lisboa, todos podem se beneficiar com uma atitude simples: evitar padrões de conduta que não sejam saudáveis e produtivos.
Para conseguir identificar o que tem afetado a saúde mental, a primeira providência, diz Raquel, é, neste início de ano, fazer uma retrospectiva do que aconteceu até agora. Ao observar e refletir sobre sentimentos e atitudes do passado, é possível, assegura a professora, transformá-los.
“Fazer uma retrospectiva ajuda a minimizar comportamentos que não são saudáveis. Além disso, esse exercício pode ajudar a avaliar, de uma forma real e justa, as possibilidades de mudança”, afirma a professora da Celso Lisboa.
Além de olhar para o passado, é necessário mirar o futuro tendo em mente novos projetos e perspectivas. Manter o pé no chão, no entanto, é primordial. Uma lista elaborada com muitas idealizações, fora da realidade de cada pessoa e sem ideias viáveis, pode provocar frustrações e prejudicar a autoestima.
Outro cuidado a ser tomado é evitar a positividade tóxica. Comemorar as conquistas e valorizar o lado bom das coisas é importante, contudo, é preciso não deixar que a pressão pela felicidade constante se torne mais um peso que atrapalhe o cotidiano das pessoas.
“A positividade exacerbada também afasta a pessoa da vida real ao impedir que a gente tenha consciência de como eventuais problemas podem nos afetar, ignorando seus efeitos sobre nossa saúde mental”, alerta Raquel.
A especialista também chama a atenção para os desafios trazidos pelo mundo digital. O cotidiano diante das telas pode gerar uma sensação constante de alerta, com informações e estímulos incessantes, causando uma sensação de cansaço mental.
Além disso, o ambiente virtual pode ser agressivo, já que protegidas pela distância ou mesmo anonimato nas redes sociais, muitas pessoas trazem à tona seu pior lado. As vítimas desse ódio da internet podem desenvolver traumas, síndrome do pânico, distúrbios alimentares, problemas com o sono e casos graves de depressão, que podem provocar reclusão social e até consequências mais graves.
Um antídoto para esses relacionamentos a distância é manter contato olho no olho com as pessoas queridas.
“Devemos, nesse cenário do avanço tecnológico, manter o contato vivo e presencial com as pessoas. Familiares, amigos, colegas, enfim, pessoas. A conexão aproxima, traz a experiência emocional de pertencimento e assim, o sentido da vida fica mais nutrido e saudável”, defende a professora.
Quando o ritmo do cotidiano parece ser massacrante e a sensação de turbulência na cabeça persiste, agravando os sintomas de transtornos mentais, Raquel defende que é fundamental buscar a ajuda de um profissional.
“Os profissionais têm a qualidade de escuta não envolvida com as vidas daqueles que os procuram. Isso é facilitador tecnicamente, pois o campo de compreensão das angústias fica mais amplo, o que também amplifica a ação profissional no sentido de ajuda e orientações”, avalia.