Adolescentes com obesidade lidam mais dificilmente com frustrações - Super Rádio Tupi
Conecte-se conosco

Ciência e Saúde

Adolescentes com obesidade lidam mais dificilmente com frustrações

Especialista explica como identificar a obesidade e destaca o apoio da família

Publicado

em

A adolescência é uma fase complexa da vida e para muitos adolescentes. Falar sobre o assunto com os pais ou médicos pode ser difícil. 85% deles se preocupam com o peso, indicam dados apresentados no Congresso Europeu de Obesidade, em Maastricht, na Holanda. Muitos deles acham impossível ter autoestima elevada e gostar de ser como é, por mais que os padrões de beleza sejam o inverso do corpo acima do peso. De fato, é muito difícil, mas não é impossível.

Segundo a psicanalista Leila Cristina, Freud não é tão claro quanto a alimentação quando fala sobre obesidade, pois na época pode ter sido uma coisa que não chamou tanto a atenção dele. Mas ela pode ser identificada como uma necessidade de nutrição ainda de quando a pessoa era bebê. “Essa necessidade vai se juntar com o prazer de sugar o leite materno, o que pode fazer com que, no futuro, a criança passe a sugar o dedo quando deixa de mamar no peito. Esses pacientes também têm a incapacidade de lidar com seus conflitos psíquicos internamente. Nesses casos, a obesidade é uma expressão por meio do corpo de algo que não pode ser expresso pela via da linguagem. Assim, a pessoa vai comendo cada vez mais para se sentir livre dessas frustrações. É como se ela tivesse engolindo as frustrações em relação aos seus objetos de desejo”, explica. 

Leila Cristina, psicanalista (Foto: Divulgação)

Ainda segundo Leila, lidar com a obesidade é mais complicado quando se trata de adolescentes, pois eles sofrem bullying na escola. “Isso traz mais frustração, fazendo com que o adolescente passe a comer ainda mais. O sujeito obeso também não se insere em um estilo de vida em que se come para viver. É um comer para morrer, o que é bastante grave”. A obesidade pode também estar ligada aos transtornos de ansiedade, alimentar, bipolar, depressivo ou uso de substâncias, que podem ser químicas, drogas ou até o álcool. “A prevalência do transtorno de ansiedade é muito alta, principalmente entre os jovens e adolescentes, que precisam enfrentar o bullying. A psicanálise é uma grande aliada nesse enfrentamento, mas o apoio da família é fundamental. Pode-se incentivar este adolescente a praticar esportes, ter uma alimentação mais saudável e buscar a psicoterapia”, avalia.

Leila finaliza dizendo que este tema deve ser abordado com muito carinho, respeito e sempre observando o adolescente. “É preciso falar. Seria importante também que as escolas quebrassem esse tabu e falassem sobre esse problema, sempre com muito afeto, carinho e cuidado, para que não haja mais traumas e não se agrave esta situação”.