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Procedimento pode acelerar em até seis vezes a regressão do câncer de mama
Teste durou 21 dias e mostrou resultados animadores: usando apenas quimioterápico, houve regressão de 10%. Em tratamento combinado, tumor diminuiu 60%Um composto encontrado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e de Harvard, nos Estados Unidos, pode fazer câncer de mama regredir seis vezes mais rápido. A prática inclui uma etapa antes da quimioterapia com o uso de droga identificada, a qual enfraquece as células tumorais. A pesquisa foi publicada na Science Signaling, revista científica distribuída pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).
“Nós levantamos 192 compostos, que estavam em uma biblioteca de compostos, de drogas, do laboratório. A gente já sabia onde esses compostos iam operar no metabolismo da célula. Testamos para verificar qual deles atingia a célula especificamente do triplo-negativo”, contou Vinícius Guimarães Ferreira, pós-doutorando do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e um dos autores da pesquisa. Triplo-negativo é o nome dado para o tipo mais severo de câncer de mama.
De acordo com os pesquisadores, ao deixar o tratamento contra o tumor mais eficiente, reduz-se o tempo que o paciente estará sujeito aos efeitos colaterais dos medicamentos tóxicos utilizados na quimioterapia. “É como se fosse um barranco, você empurra a célula perto do barranco para entrar o quimioterápico e dar aquele último empurrão”, comparou Ferreira.
A primeira parte do estudo analisou os compostos disponíveis para encontrar a molécula ideal. “No final, a gente encontrou alguns que eram os mais promissores e fomos para o modelo animal”, indicou o pesquisador. As drogas que deixaram os tumores mais vulneráveis foram testadas em camundongos com câncer de mama.
O teste durou 21 dias e mostrou resultados animadores: usando apenas quimioterápico, houve regressão de 10%. No tratamento combinado, o tumor diminuiu 60%.
Os pesquisadores destacam que, conforme dados da Sociedade Americana de Câncer, o câncer de mama triplo-negativo é responsável por cerca de 10% a 15% dos cânceres de mama e é mais comum em mulheres com menos de 40 anos. É um tipo de câncer que cresce mais rápido, tendo opções de tratamento limitado.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve ter cerca de 66 mil novos casos de câncer de mama por ano entre 2020 e 2022.