Rio
Quadrilha de roubo de celulares pagava ‘pedágio’ ao Comando Vermelho para agir
O dinheiro era utilizado para financiar a compra de fuzis e a construção de barricadas em comunidades dominadas pelo tráfico
Uma investigação da Polícia Civil do Rio revelou que uma quadrilha especializada em roubo de celulares e extorsão de vítimas tinha ligação direta com o Comando Vermelho (CV). Os assaltantes atuavam com a autorização da facção e repassavam parte dos lucros obtidos para os criminosos.
A Operação Omiros, realizada nesta terça-feira (18), prendeu mais de 30 criminosos que integravam a organização criminosa.
O dinheiro era utilizado para financiar a compra de fuzis e a construção de barricadas em comunidades dominadas pelo tráfico.
“Os roubadores não são necessariamente traficantes, mas estão a serviço da facção. Esse dinheiro alimenta o tráfico de drogas, compra fuzis e mantém as barricadas que impedem a entrada da polícia em certas comunidades. O crime de roubo de celulares acaba se tornando mais uma fonte de financiamento do Comando Vermelho”, explicou o delegado Pedro Brasil, da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD).
Pedro ainda explicou que, no Rio, nenhum criminoso comete roubos em certas áreas sem a autorização do Comando Vermelho. Segundo ele, essa prática gera lucros para a facção criminosa, que utiliza o dinheiro para expandir suas operações.
“Nenhum criminoso pratica roubos em determinadas áreas do Rio sem o aval do Comando Vermelho. Essa atividade gera lucro para a facção, que usa o dinheiro para fortalecer o crime organizado, comprar armamento pesado e consolidar seu domínio em várias comunidades”, afirmou o delegado.
Operação cumpre mandados de prisão
A Operação Omiros cumpriu 43 mandados de prisão em cidades como Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João de Meriti, Barra do Piraí e também no estado de São Paulo.
As investigações revelaram que a quadrilha era altamente organizada, dividida em diferentes núcleos especializados para maximizar os lucros e dificultar a ação da polícia. Cada grupo tinha uma função específica:
- Núcleo violento: realizava os assaltos, abordando as vítimas com armas e roubando celulares.
- Núcleo técnico: formado por criminosos com conhecimento em informática, que usavam a dark web e aplicavam golpes de phishing para roubo de dados.
- Núcleo de extorsão: ameaçava vítimas e seus familiares, exigindo senhas bancárias e desbloqueio dos aparelhos roubados.
- Núcleo de receptação: revendia os celulares roubados em feiras, grupos de WhatsApp e sites de comércio eletrônico.
“Além do trauma do roubo, as vítimas eram perseguidas e aterrorizadas. Os criminosos ligavam, mandavam mensagens dizendo que sabiam onde elas moravam e exigiam as senhas dos aparelhos. Era um esquema profissional, planejado para tirar o máximo possível das vítimas”, afirmou o delegado.
Interceptações revelaram ordens para matar vítimas
A quadrilha foi monitorada por quase dois anos. Durante as interceptações telefônicas, a polícia flagrou criminosos ordenando execuções caso as vítimas resistissem.
“Se não entregar, atira”, disse um dos assaltantes em uma das gravações captadas pela investigação.
As escutas revelaram que os criminosos planejavam os roubos com base em informações privilegiadas, escolhendo ônibus e pontos estratégicos para agir.
Dentro dos coletivos, olheiros observavam os passageiros e identificavam aqueles que carregavam celulares de alto valor. Assim que encontravam um alvo distraído, repassavam a informação aos assaltantes, facilitando a abordagem e o roubo.
Venda ilegal e lucro milionário
Os celulares roubados eram revendidos de diversas formas. Os aparelhos desbloqueados eram vendidos em camelôs, pela internet e até dentro de ônibus.
A polícia também identificou que o núcleo técnico da quadrilha contava com criminosos experientes em tecnologia, que utilizavam métodos avançados para desbloquear os aparelhos e acessar contas bancárias das vítimas.
A polícia acredita que a quadrilha pode ser ainda maior e que novos criminosos podem tentar assumir o esquema, o que exige um trabalho contínuo de monitoramento.
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José Silvestre
18 de fevereiro de 2025 em 13:32
Deveriam ter matado todos esses vermes,que já mataram muitas pessoas de bem para roubar