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Motoristas de app da Ilha do Governador são rendidos por traficantes da região

Segundo denúncias, eles eram parados por traficantes, muitos deles armados, impedidos de circular pelas ruas da Ilha, e liberados somente após o pagamento de uma taxa cobrada ilegalmente

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(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Ao menos 23 motoristas de aplicativo rendidos por traficantes na Ilha do Governador foram até a delegacia do bairro para registrar ocorrência. Eles foram interceptados pelos criminosos nesta sexta-feira (31), em diferentes pontos da região, enquanto realizavam viagens.

Segundo denúncias, os motoristas eram parados por traficantes, muitos deles armados, impedidos de circular pelas ruas da Ilha, e liberados somente após o pagamento de uma taxa cobrada ilegalmente.

Em uma das mensagens, compartilhada em um grupo de WhatsApp, uma motorista de aplicativo faz um alerta aos colegas e conta como foi a abordagem:

“Só um alerta. Ilha do Governador. To desde 8h na favela. Me liberaram agora. Pegaram 23 Uber. Mandaram todos fazerem um pix pra serem liberados. O cara falou que não quer mais uber dentro da ilha. Não parei na favela. Os caras estão de moto, parando todos os carros. Já estão fazendo isso há três dias”, afirma a motorista, que teve o anonimato preservado por medida de segurança.

Corridas na Ilha, só até o Galeão

Outro motorista, que teve a identidade mantida em sigilo, recomendou aos colegas em um grupo de WhatsApp que aceitem apenas corridas até, no máximo, o aeroporto Internacional do Galeão:

“Quem conhece familiar que roda como Uber ou é Uber, esquece a Ilha. No máximo, vá até o aeroporto do Galeão. De resto, esquece”, alerta o motorista.

Em nota, a Polícia Civil informou que as investigações da delegacia da Ilha do Governador estão em andamento para apurar os fatos.

MP: sete traficantes são denunciados à Justiça por extorsão

No início da semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou à Justiça, pelo crime de extorsão, sete traficantes que exigem pagamento a motoristas de aplicativos, mediante grave ameaça de morte e com emprego de armas de fogo, na Ilha do Governador. A Promotoria pediu também a prisão preventiva dos denunciados.

Segundo as duas denúncias apresentadas, os criminosos integram a organização criminosa denominada Terceiro Comando Puro (TCP), que controla a venda de drogas na Comunidade do Dendê, da Pixunas e na maioria das demais comunidades da Ilha do Governador. Segundo o Ministério Público, “os criminosos expandiram os seus negócios ilegais, organizando-se como uma narcomilícia e passando a cobrar taxas, por meio de extorsões contra motoristas de aplicativos, mototáxis e de táxi, dentro da área em que exercem domínio”.

Foram denunciados Mario Henrique Paranhos de Oliviera, conhecido como “Neves” ou “Nem”; apontado como mandante e responsável por ordenar as atividades ilícitas, e que se encontra preso; Marlom Rodrigues Chieregatto dos Santos, o “ML” ou “Marreco”; Leonardo Rodrigues Pereira, conhecido como Dogão”; Leonardo Alves dos Santos, o “Valoroso” ou “Pavora”; Anderson Alves dos Santos Barbosa; Claudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho, o “Nhonho”; e Mario Henrique Paranhos de Oliveira.

Extorsões têm taxa de inscrição e cobranças semanais

Na semana passada, o Jornal da Tupi denunciou a atuação dos criminosos que cobram propina de motoristas de aplicativo na Ilha do Governador. Eles afirmam que têm recebido ameaças de homens fortemente armados quando tentam acessar as comunidades da região, tanto para embarcar, como para desembarcar passageiros.

A entrada desses motoristas estaria condicionada ao pagamento de taxas cobradas ilegalmente. Com isso, temendo represálias, muitos têm evitado aceitar corridas para a Ilha.

Eles afirmam que, além de uma taxa de inscrição imposta pelos criminosos, de R$ 150, há uma cobrança semanal, de R$ 45. Os motoristas que pagam a propina e são liberados pelos bandidos a circular pelo bairro são geralmente identificados com um selo adesivo colado no carro. Muitos deles, desavisados, por não rodarem habitualmente ou não morarem na Ilha do Governador, são alertados sobre a cobrança pelos próprios passageiros.

O que diz a Polícia?

Em nota, a Polícia Civil afirma que a delegacia da Ilha do Governador tem investigações em andamento sobre a prática criminosa e realiza diligências para identificar, localizar e responsabilizar criminalmente os envolvidos. No mês passado, segundo a nota, uma ação conjunta entre as polícias Civil e Militar prendeu em flagrante um homem acusado de integrar a narcomilcia que age extorquindo dinheiro de motoristas de aplicativo da região. Já em março deste ano, os agentes prenderam um mototaxista também envolvido no esquema.

Também por meio de nota, a Polícia Militar destaca a importância de acionar o 190 ou o aplicativo RJ 190, bem como registrar os crimes nas delegacias, para que haja uma ação coordenada com a Polícia Civil.