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Justiça ouve 11 testemunhas em processo que apura morte de mulher envenenada por bombom

Audiência foi realizada na 1ª Vara Criminal da Capital

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Foto destaque: Brunno Dantas / TJRJ

Foi realizada na tarde desta sexta-feira (20), na 1ª Vara Criminal da Capital, a primeira audiência de instrução e julgamento de Susane Martins da Silva, acusada de envenenar a cuidadora de idosos Lindaci Viegas Batista de Carvalho. O crime aconteceu em 20 de maio deste ano, no dia do aniversário da vítima, que comeu bombons envenenados, supostamente enviados por Susane.  

A primeira testemunha ouvida foi a irmã da vítima, Lenice Viegas Batista. Ela contou que tinha conhecimento das ameaçadas que Lindaci vinha sofrendo por parte da acusada. Lenice relatou que a ré era ciumenta e que, na época do crime, a irmã não tinha mais nenhum relacionamento amoroso com Mário Sérgio Gravital, que passou a namorar Susane.  

Na sequência, o filho mais velho de Lindaci, de 17 anos, contou que o pai havia dito à mãe, por telefone, que tinha enviado as flores e os bombons. 

“Ele quis tirar proveito, se redimir por erros do passado. Eu sabia que não tinha sido meu pai, mas pensei que o Mário (ex-namorado) é que tinha enviado os presentes”.  

O rapaz também contou que, já no hospital, enquanto esperavam notícias de Lindaci, perceberam que havia “uma bolinha estranha” no chocolate. 

“No hospital nos entregaram as coisas da minha mãe e, dentro da bolsa, tinha um embrulho com os bombons. Meu irmão foi comer e percebeu a bolinha. Nesse momento, comunicamos ao segurança do hospital e passamos a desconfiar de envenenamento”.  

O ex-marido de Lindaci, Alexandre de Carvalho, admitiu que mentiu ao dizer à ex-mulher que havia enviado as flores e os chocolates.  

“Foi uma brincadeira que hoje pesa a minha consciência. Tenho que tomar remédios para dormir. Não consigo entender esse crime. Lindaci sempre foi uma pessoa tranquila, carismática, trabalhadora. Nunca imaginei que alguém pretendia tirar a vida dela”.  

Já o motoboy Lucas David Bernardes Borges, quarta testemunha a depor, relatou que, no dia 20 de maio, chegou em seu ponto de trabalho pela manhã e encontrou um rapaz a sua espera. O jovem lhe deu R$ 100 para realizar a entrega de um buquê de flores e bombons em Vila Isabel.  

“O local era uma vidraçaria. Como Lindaci não estava, deixei com um senhor. Não cheguei a encontra-la pessoalmente. Na segunda-feira à noite, comecei a receber ameaças por telefone. Na terça-feira de manhã, eu vi a reportagem na televisão, liguei os fatos e fui à delegacia”.  

Ao sair da delegacia em companhia dos policiais em busca de câmeras de segurança próximas ao seu local de trabalho, Lucas se deparou com Susane Martins, que o aguardava. A mulher foi contida por mototaxistas, colegas de Lucas, que a reconheceram pelas imagens.  

“Ela chegou procurando o Lucas e dizendo que queria comprar um celular novo pra ele. Achei estranho, ela tremia, estava muito nervosa. Pedi para ela aguardar e fui à padaria próxima, em busca de imagens das câmeras de segurança. Vi, nas gravações, ela dentro do carro, enquanto o rapaz entregava os objetos para o Lucas entregar. Seguramos ela até a chegada do Lucas e dos policiais”, explicou Daniel do Carmo, um dos mototaxistas que estavam no local. 

Paulo Sérgio da Silva, primo da ré, contou que soube pela televisão que Susane era suspeita do crime. Ele disse que ela era uma pessoa que convivia bem em sociedade e que soube pela mãe de Susane que ela fazia uso de medicação para depressão e nervosismo. 

O filho mais novo de Lindaci, de 16 anos, afirmou que a mãe já havia comentado com ele sobre ameaças que teria sofrido de outra mulher que ele não sabia quem era. No dia do crime, ele disse que a mãe chegou a lhe mandar uma mensagem com foto das flores e dos bombons perguntando se tinham sido enviadas por ele no meio da tarde, mas, como o celular dele havia descarregado, só viu mais tarde. O rapaz acrescentou ainda que chegou a experimentar um pedaço pequeno do chocolate quando chegou ao hospital para onde a mãe foi levada e estranhou pela textura, suspeitando que estivesse com chumbinho, e avisou lá sobre a desconfiança. 

Em seguida, foi ouvido Mário Sérgio Gravital, ex-namorado da acusada e da vítima. Ele disse que conhecia a vítima há muitos anos, com quem teria namorado no passado e se tornou amigo dela desde o término do relacionamento amoroso. De acordo com Mário Sérgio, ele namorou a ré por cerca de um ano e meio, tendo encerrado em novembro de 2022 porque Susane teria ficado enfurecida ao ver uma mensagem de Lindaci no celular dele pedindo para pegar algumas coisas dela que ainda estariam na casa dele. Mário Sérgio acrescentou que, neste dia, a acusada quebrou o aparelho e pegou o chip para acessar as redes sociais dele, tendo feito diversas postagens com o perfil dele e ligado para contatos de sua agenda. Ele relatou ainda que Susane teria se autolesionado e o acusado de agressão, motivo pelo qual ele teria ficado preso por 27 dias no final de 2022 e, por mais 35 dias, entre abril e maio de 2023 quando, segundo ele, a ré teria clonado o seu celular e feito ameaças em seu nome dirigidas a ela e ao filho por uma rede social. De acordo com Mário Sérgio, Lindaci havia lhe informado sobre as ameaças que sofria de Susane, mas que tanto ele quanto a vítima acreditavam que “eram da boca para fora” e passariam. 

Também prestaram depoimentos o policial civil Fernando Henrique Fonseca e os amigos da acusada, Roberta Kelly e Luiz Augusto da Silva. Os amigos disseram que Susane sofre de depressão desde a adolescência e que vivia um relacionamento conturbado com Mário Sérgio. 

A audiência de instrução e julgamento continuará no próximo dia 11/12, às 16h30, com a oitiva de uma testemunha de defesa e o interrogatório da ré.