Rio
Família denuncia agressões sofridas por criança autista em escola particular no Recreio dos Bandeirantes
Jairo Gerard alegou que não pretende deixar o filho na escola
Os pais do menino de um menino autista de 10 anos denunciaram a escola Pensi por agressão ao filho. O caso aconteceu na terça-feira, 2 de abril, no turno da manhã, na unidade 2 do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
A mãe de Gabriel, Carla, foi chamada na escola e, ao questionar a instituição, obteve a resposta que o aluno estava alterado, sofrendo uma crise em função do autismo. Ela disse que recebeu o filho chorando muito e com hematomas espalhados pelo braço e peitoral. Carla e o pai de Gabriel, Jairo Gerard, alegam que o menino já havia sofrido agressões e que sempre foram à escola para conversar e explicar a forma certa de agir no momento de crise do filho.
Ao receber as mensagens enviadas pela mãe, o pai foi à unidade e ligou para 190. Quando a viatura policial chegou, os pais, o menor, e os funcionários da escola foram encaminhados para a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) para prestar esclarecimentos. A família registrou boletim de ocorrência e a criança foi submetida a exame de corpo de delito, onde foram constatadas as agressões sofridas pelo menor.
Jairo Gerard disse que não pretende deixar o filho na escola. Em entrevista à reportagem da Super Rádio Tupi, o pai da criança afirmou que já procura outra instituição de ensino para matricular o filho.
‘’Ele não voltará para esse centro de agressão. A gente simplesmente está querendo denunciar o crime, abuso, maus-tratos às crianças, e principalmente as atípicas. Então a gente não tem a intenção de voltar com o Gabriel pra lá não. Nós vamos procurar outro local para ele estudar,’’ afirmou o pai de Gabriel.
Em um ofício enviado para o e-mail dos pais, a direção do Pensi, orientada pela equipe jurídica, relata que houve uma quebra de confiança entre os responsáveis do menor e a instituição. Em outro momento, a escola alega que ‘’se faz necessário pontualmente conter o aluno, quando medidas alternativas não funcionam, visando garantir a sua própria integridade física’’. Com as fotos divulgadas pelos pais, percebe-se que houve uma força bruta ao tentar conter a criança.
A direção afirma ainda que o menor só poderá voltar à escola mediante a um laudo médico que garante que os episódios apresentados pelo aluno (crises em função do autismo) não se repitam para que eles possam garantir a integridade do aluno.
Em nota, a Escola Pensi negou as acusações e informou que “as autoridades policiais já estão a par do ocorrido e com todas as imagens do episódio que deixam claro que não houve qualquer agressão ao aluno por parte de nenhum colaborador da escola”.
A unidade escolar ainda reforçou que “a equipe que interage com o estudante é orientada para agir de acordo com combinados em reuniões com a família, inclusive com a neurologista que o assiste, a zelar pela integridade do mesmo, e evitar qualquer forma de contato por toque ou força, mesmo que seja buscando ajuda para auto regulação do mesmo.”
Leia a nota na íntegra:
“Sobre a matéria publicada, a direção da escola reforça que preza pelo cuidado, respeito e carinho com todos os alunos. Além disso, segue um rigoroso protocolo de conduta, desenvolvido especialmente, para atendimento à criança com transtorno de espectro autista e se encontra à disposição para os esclarecimentos necessários.
O aluno citado está matriculado desde agosto de 2023 e é acompanhado permanentemente por uma mediadora escolar, em total conformidade com o laudo médico trazido pela família. A equipe que interage com o estudante é orientada para agir de acordo com combinados em reuniões com a família, inclusive com a neurologista que o assiste, a zelar pela integridade do mesmo, e evitar qualquer forma de contato por toque ou força, mesmo que seja buscando ajuda para auto regulação do mesmo. Importante ressaltar que em alguns momentos a intervenção se faz necessária como ação protetiva contra qualquer dano possível ao próprio.
Vale também reforçar que a coordenação, juntamente com a direção, sempre esteve alinhada com a mãe do aluno, em todos os episódios ocorridos. Todas as imagens foram liberadas para a mãe, além de conversas em que foi reforçado todo o cuidado com o aluno e que envolvem a equipe médica pessoal, a mãe e as equipes pedagógica e da psicologia da escola.
Finalmente, informamos que as autoridades policiais já estão a par do ocorrido e com todas as imagens do episódio que deixam claro que não houve qualquer agressão ao aluno por parte de nenhum colaborador da escola.
O acolhimento aos alunos com NEE é pautado nas diretrizes da Lei número 13.146, de 6 de julho de 2015 e nas considerações do Pensi em relação àquilo que é necessário, educacionalmente, ao pleno e integral desenvolvimento dos alunos.
Os alunos com NEE são tratados com responsabilidade e respeito diariamente em nossas unidades. Contamos, na unidade do Recreio, com 2 psicólogas que compõem a equipe pedagógica de suporte aos alunos com NEE e que auxiliam na orientação de nossos profissionais mediadores.
Além disso, disponibilizamos uma série de adaptações em nosso sistema avaliativo, tendo alunos que fazem prova adaptada, trabalho complementar e outros que são avaliados através de relatórios elaborados por nossas psicólogas, coordenadoras e professoras.
Nosso setor de psicologia mantém uma estreita comunicação com as profissionais particulares dos nossos alunos para que o PEI seja focado no desenvolvimento integral e de acordo com as especificidades de cada um.
Também contamos com um setor socioemocional que semanalmente ministra aulas com temas que auxiliam no desenvolvimento socioemocional dos alunos através do LIV, Laboratório de Inteligência de Vida.
Estamos aptos e a postos para que as individualidades dos alunos sejam compreendidas e integradas da melhor maneira possível.
Acreditamos que a escola deve exercer um papel fundamental à apropriação de habilidades e competências que possibilitem a integração destes alunos aos diversos contextos oferecidos pelo mundo externo à escola”.