‘Ele atirou no peito pra matar’, diz mulher de vendedor morto por policial de folga em Niterói

‘Ele atirou no peito para matar’, diz mulher de vendedor morto por policial de folga em Niterói (Foto: Divulgação)

O sargento da Polícia Militar, Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, prestou depoimento nesta segunda-feira (14), na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá. O PM, que estava à paisana, foi o responsável por atirar e matar o vendedor Hyago Macedo de Oliveira, de 21 anos, em frente à estação das Barcas, no Centro de Niterói, no início da tarde desta segunda.

A companheira da vítima, Thaís Conceção de Oliveira Santos, esteve na Delegacia de Homicídios e, muito abalada, falou rapidamente com a imprensa. “Estávamos planejando a festa do nosso bebê. Já tínhamos pago todo salão, todas as coisas. Ele só desceu para trabalhar como faz diariamente. Ele não cometeu crime nenhum. […] O policial atirou no peito para matar”, iniciou Thaís.

“Ele estava com uma caixa de bala na mão vendendo por ali e simplesmente ofereceu para o policial. Eu não sabia que oferecer a mercadoria que você vende é crime. A gente tá trabalhando. Se você não quer comprar o doce, tudo bem. Você não é obrigado. Agora um homem vir, sacar uma arma e tirar a vida de um pai de família desnecessariamente. Que mundo estamos vivendo? Isso é uma covardia! Ele saiu para comprar coisas para trabalhar e comprar as coisas pra filhinha dele e não voltou mais. Ficou estirado no chão porque um homem veio com uma arma e matou ele”, finalizou.

De acordo com Polícia Militar, o sargento teria reagido a uma tentativa de assalto. A corporação também informou que a 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar foi acionada e acompanha o caso.

A morte de Yago causou revolta entre outros vendedores de balas da cidade de Niterói que se dirigiram em direção ao terminal da Praça Araribóia, para realizar uma manifestação no entorno da Avenida Visconde de Rio Branco. Alguns comerciantes da região fecharam suas lojas por medida de segurança.

Em um dos embates entre Guardas Municipais e manifestantes, um homem que estava com uma criança de 1 ano e três meses nos braços chegou a discutir com um dos agentes, acompanhado de outros manifestantes. Um dos guardas, que ainda não foi identificado utilizou um spray de pimenta para dispersar a multidão.

A borrifada acabou atingindo o rosto da criança que precisou ser atendida por uma viatura do Corpo de Bombeiros. Pelo menos duas pessoas foram detidas por policiais do décimo segundo Batalhão e conduzidas para a delegacia do Centro de Niterói. O policiamento segue reforçado na região.