Diretora da Biblioteca Nacional coloca o cargo à disposição

Foto: Reprodução internet

Nesta sexta-feira (29), Helena Severo, diretora da Biblioteca Nacional, colocou seu cargo a disposição. Através de uma carta aberta, a gestora diz ter sido informada pela imprensa de sua substituição, sem nenhum comunicado oficial.

De acordo com o jornal O Globo, o secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim , escolheu Rafael Alves da Silva, que se apresenta como Rafael Nogueira, para o cargo.

A diretora executiva da biblioteca, a historiadora doutora Maria Eduarda Marques, também deixou o cargo nesta sexta.

Leia abaixo a carta de Helena Severo:

Servidora de carreira da União há aproximadamente 30 anos, exerci, neste período, as funções de Secretária Municipal e Estadual de Cultura do Rio, presidente da Fundação Theatro Municipal, diretora do Museu da República e presidente da FUNARJ.

Foi, portanto, com grande honra e alegria que assumi, em 2016, a presidência da Biblioteca Nacional, considerada a oitava maior biblioteca do mundo. Com servidores da Casa, formamos, com base em critérios meritocráticos, uma diretoria de grande competência, que alcançou relevantes realizações, a começar pela reforma das fachadas do prédio histórico, que se encontravam encobertas por tapumes há mais de sete anos. Na mesma linha de obras, acabamos de homologar licitações de sete grandes projetos que beneficiam o prédio-sede e o anexo, incluindo-se aí a instalação de um moderno sistema de combate a incêndio.
A Instituição encontra-se num momento virtuoso, de consolidação e incremento de seus projetos, como a ampliação da BN Digital (5,5 milhões de acessos por mês) e dos programas de bolsas de pesquisa, a programação de exposições para o próximo ano, círculos de conferências, criação de novas brasilianas digitais, entre outros.

Foi para mim motivo de perplexidade, ter tomado conhecimento de minha substituição através da imprensa, sem qualquer comunicação dos órgãos competentes, como manda o protocolo. Esclareço que entendo perfeitamente que todos os governos têm direito de formar suas equipes de acordo com suas orientações políticas e programáticas. Entretanto, não posso concordar com a forma desrespeitosa com que esse processo de mudança vem sendo conduzido. Fato que fica claro no trato dispensado a mim, à minha equipe e, principalmente, a esta instituição bicentenária da relevância da Biblioteca Nacional.

Desnecessário dizer que, diante de tudo, coloco imediatamente meu cargo à disposição, no que sou seguida por minha Diretora Executiva, historiadora doutora Maria Eduarda Marques.

Faço votos que a Biblioteca Nacional seja regida com o respeito e a dignidade que merece.

Helena Severo

Maria Eduarda Marques