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Educação

Dedicação que dá frutos: merendeira mais antiga é homenageada em Ciep

Tia Guará teve a horta de escola em Mesquita batizada com o seu nome

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Foto Destaque: Sandra Barros

Há 29 anos, Guaraciara Cardoso se dedica a “regar” as sementes da educação. E, para retribuir tanto afeto e dedicação, a diretora Jupiaciara dos Santos Matos, do Ciep 111 – Gelson Freitas, em Mesquita, resolveu batizar com o nome da merendeira de 63 anos a nova horta da escola.

Cercada por funcionários e alunos da escola, a homenagem foi realizada nesta sexta-feira (4), Tia Guará percorreu a horta inaugurada enquanto todos a ovacionavam. Às lágrimas e visivelmente feliz, Tia Guará abriu seu coração sobre o carinho dado à ela, que ingressou na Secretaria de Estado de Educação pelo concurso de 1994, e, desde então, tem sido uma figura querida e respeitada por alunos, colegas e pais.

“A emoção é inexplicável! Os estudantes estão na minha vida todos esses anos. Eles me fizeram entender que trabalhar com amor é importante para eles e para nós também. Quando vejo um jovem se formar, levantar o canudo, é uma alegria que não sei descrever em palavras, é como se fôssemos uma família. Precisamos amar o que fazemos e eu amo muito. Torço para que as novas gerações cuidem desse espaço e se dediquem muito aos estudos”, disse.

Tia Guará junto dos alunos que a amam tanto (Foto: Reprodução / Sandra Barros)

Ao longo de quase três décadas, ela atuou em defesa dos estudantes. Começou como merendeira, função que exerceu por quase 20 anos, e, depois, auxiliou na área administrativa e de apoio à direção. Tia Guará contou ainda que mantém o que aprendeu durante sua primeira reunião em uma entrevista feita ainda no concurso, há 29 anos.

“Quando eu entrei, me disseram que os alunos são como clientes. Se você os tratar bem, eles vão gostar do seu trabalho e nunca vão se afastar de você. É isso que procuro fazer todos esses anos. E, claro, ensinar aos colegas, sempre com muito amor e carinho”, diz a servidora.

Com mais de mil alunos, a unidade de horário integral agora vai poder utilizar suas próprias verduras na merenda, tudo 100% orgânico e com a ajuda dos próprios estudantes. A horta inaugurada já conta com plantação de alface, coentro, mostarda, cebolinha, salsa, pimentão, rúcula e couve. O espaço era um lugar comum do colégio, e foi transformado em uma área de aprendizado, onde os estudantes podem cultivar muito mais que hortaliças. Eles podem cultivar saberes, como explicou a orientadora educacional da escola, Deborah Moraes.

“Não estamos só plantando alimentos, estamos semeando cultura e conhecimento. Quando Pero Vaz de Caminha escreveu sobre nossa terra, há 500 anos, ele disse “em se plantando, tudo dá”, e não mentiu. Essa horta é a prova disso e será um local de saber. Estamos muito emocionados por ter a Tia Guará, a primeira mulher entre nós, que somos uma escola dirigida por mulheres, e que nunca desistiu de ninguém, como homenageada”, disse a servidora.

Atualmente, Tia Guará passa o dia de olho nos alunos, entrega os diários e visita as salas. Ela viu crescer ao menos duas gerações, e, hoje, trabalha com os filhos de seus ex-alunos, os mesmos que cuidou quando eram crianças e usavam o tradicional uniforme dos Cieps, a camisa amarela com um lápis desenhado.

Homenagem merecida (Foto: Reprodução / Sandra Barros)

Segundo a aluna Isabelle Queiroz (16 anos), que frequentou todo o Ensino Fundamental na unidade, a agora cursa o Ensino Médio Integral, Tia Guará é maravilhosa. “É como uma avó. Quando estamos mal, ela vem e conversa e diz que vai ficar tudo bem. Ela nos ouve e nos orienta. Eu achei super justa a homenagem, ela merece. Só de pensar que, em breve, ela vai se aposentar, fico triste. Eu a amo muito”, diz a estudante.

A diretora do Ciep, Jupiaciara Matos, disse que quando chegou na unidade, há seis anos, Tia Guará já era muito querida por todos da comunidade escolar. “A decisão de homenageá-la foi muito assertiva, pois os alunos são apaixonados por ela, que sempre intercede por cada um. A Guará não sabia da surpresa e todos sabem que ela é uma doçura de pessoa. Agora, vamos usar as verduras da horta e também fazer oficinas com os estudantes. É o legado dela”, afirma a professora.

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