Baixada Fluminense
Bombeiros localizam corpo de policial morto por militares da Marinha
Renato Coutinho de Mendonça foi morto, na sexta-feira (11), após discussão em um ferro-velhoO Corpo de Bombeiros localizou, na manhã desta segunda-feira (16), na região do Rio Guandu, nas proximidades de Japeri, na Baixada Fluminense, o corpo do papiloscopista Renato Coutinho de Mendonça. Marcas de sangue foram vistas no Arco Metropolitano, no local onde os três militares da Marinha jogaram o agente após disparar contra ele na última sexta-feira (13).
O policial trabalhava como perito no Instituto Félix Pacheco e foi vítima de uma emboscada por um dos donos de um ferro-velho, o filho dele, o sargento da Marinha, Bruno Santos, e outros dois amigos de farda: o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares. Aos investigadores, os militares confessaram o crime e relataram ter jogado o corpo do papiloscopista no rio. Para transportar o policial, os suspeitos usaram uma van da Marinha.
Eram 8h30, desta segunda-feira, quando os Bombeiros encontraram um corpo no Rio Guandu. Às 9h47, a família chegou ao local e reconheceu o corpo como sendo do policial civil. A irmã mais nova, Débora Couto, falou que Renato já havia sido roubado por diversas vezes e algumas peças foram encontradas no ferro-velho de Lorival de Lima.
O objetivo do policial era abrir uma loja e uma casa para a mãe.”Quem é trabalhador sabe o quanto é difícil e o quanto as coisas estão caras. Meu irmão tinha vendido carro para poder fazer a obra de uma loja que ele ia montar para ele, para ter uma renda extra, e uma casa pra minha mãe na parte de cima. Não foi só agora, ele era roubado inúmeras vezes e podemos provar, porque tem Boletim de Ocorrência. Meu irmão foi morto com as notas fiscais do que havia sido roubado no bolso”.
A irmã comentou também sobre os três militares. A fisioterapeuta fala que não tem dúvidas de que tudo foi orquestrado.
“São militares que deveriam estar trabalhando à favor da população, eles estavam no serviço, saíram de dentro do quartel em uma viatura. O local onde foi até aqui [Japeri] é uma distância muito grande, então eles tinha certeza da impunidade deles”.
Segundo a Polícia Civil, os militares chegaram a lavar, por três vezes a viatura da Marinha para limpar o sangue do policial. “Eles jogaram o corpo no rio e de lá eles pararam em uma lava-jato em Austin, em Nova Iguaçu, e lavaram a viatura, inclusive utilizando cloro. Depois eles levaram para a garagem do 1º Distrito Naval e lavaram outras duas vezes. O objetivo deles era apagar os vestígios de sangue”, destacou o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital.
O delegado Adriana França, titular da 18ª DP (Praça da Bandeira), informou que desde a semana passada, em meio a operações da Polícia Civil, ferros-velhos foram interditados.
“O ferro-velho [onde o crime aconteceu] foi interditado logo após o flagrante. Três foram fechados ao longo das investigações. Os depoimentos são conflitantes. O próprio pai [Lourival de Lima] alega não ser proprietário e sim o filho”.