Rio
Advogada é vítima de racismo em loja de departamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio
Ingryd Souza contou que foi abordada por uma gerente da Zara, no último domingo (19), no momento em que saía do estabelecimento, questionando o que ela levava dentro da bolsa de compras
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) investiga a denúncia de uma advogada que afirma ter sido vítima de racismo dentro de uma loja no Barra Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ingryd Souza contou que foi abordada por uma gerente da Zara, no último domingo (19), no momento em que saía do estabelecimento, questionando o que ela levava dentro da bolsa de compras.
Nas redes sociais, a advogada relata que estava acompanhada do marido no momento em que o alarme localizado na entrada da loja foi acionado. Alexandre Rangel, que também é advogado e é branco, carregava duas sacolas, a bolsa de mão dela e uma mochila, mas não foi questionado por nenhum funcionário.
“Comecei a perceber a violência porque a abordagem era direcionada somente a mim. O Alexandre estava com uma mochila e três bolsas, e ele não foi abordado em momento nenhum, a palavra não foi direcionada a ele. Ele é uma pessoa parda, de pele clara, cabelos lisos e traços finos. Quando o sensor da loja é acionado quando ele passa sozinho, pedem até desculpas”, afirma Ingryd.
Questionada pela gerente sobre o conteúdo da bolsa que carregava, Ingryd afirmou que não levava a peça de roupa que a funcionária sugeriu que tinha desaparecido da loja. Em seguida, a advogada tentou sair e o alarme novamente foi acionado, quando então os seguranças da loja foram acionados.
Ingryd decidiu então abrir a bolsa e provou que não estava com os ítens que ela foi acusada de furtar. Os funcionários da Zara, segundo a advogada, disseram que a ela abordagem era uma medida de segurança, para proteger a cliente, já que o sinal sonoro de outras lojas poderia ser acionado caso a peça com o sensor passasse pelo alarme.
Quando o marido de Ingryd começou a gravar toda a abordagem, os seguranças e a gerente da loja pediram desculpas, e o alarme não disparou mais.
“Eu já tinha passado por situações semelhantes, de seguranças perseguindo, mas ninguém nunca havia me abordado dessa forma. É uma situação que demonstra que nós, pessoas pretas, não precisamos ter nenhum ato suspeito. Nosso ato suspeito é simplesmente nascer preto. Essa loja precisa parar com isso e respeitar a nossa dignidade como seres humanos”, afirma a advogada.
Procurada pela reportagem da Tupi, a Zara afirmou, em nota, que “é uma empresa que não tolera qualquer ato de discriminação e lamenta que a cliente tenha se sentido desta maneira em uma de suas lojas. A empresa ressalta que está reforçando todos os processos e políticas de atendimento com as equipes para que suas lojas sejam sempre um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para todos”.
Também em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e que os agentes realizam diligências para elucidar todos os fatos.