A pior seca em 70 anos: O que isso significa para o Brasil?

Em 2024, o Brasil está enfrentando uma das piores secas dos últimos 70 anos, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A estiagem prolongada está impactando severamente os níveis dos rios, a qualidade do ar e a produção agropecuária em várias partes do país.

A seca teve início em 2023 e persiste em 2024, afetando aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, mais da metade do território brasileiro. Em agosto de 2024, quase 4 mil municípios foram classificados em situação de seca, dos quais 201 estão em condição extrema. Este cenário desafia administração pública e a sociedade.

Por Que a Seca Está Tão Intensa em 2024?

Vários fatores estão contribuindo para a intensidade desta seca sem precedentes. Oscilações climáticas naturais, como o El Niño/Southern Oscillation (ENSO) e a Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO), têm um papel significativo, aliados às mudanças climáticas induzidas pela atividade humana.

• El Niño/Southern Oscillation (ENSO): Aumenta a variabilidade climática, resultando em períodos prolongados de seca.
• Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO): Influencia os padrões de precipitação com ciclos de décadas.
• Mudanças Climáticas: Intensifica eventos climáticos extremos devido ao aquecimento global.

Qual o Impacto da Seca no Brasil?

A seca prolongada está causando sérios problemas em vários setores:

• Níveis dos Rios: Rios importantes, como o Negro e o Solimões, estão com os níveis d’água mais de 4 metros abaixo do registrado no ano anterior.
• Setor Agropecuário: Estados como Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso têm mais de 80% de suas áreas produtivas comprometidas.
• Qualidade do Ar: A ausência de chuvas e as altas temperaturas facilitam a ocorrência de incêndios, piorando a qualidade do ar.
• Incêndios Florestais: A estiagem prolongada favorece a propagação de incêndios, que devastam extensas áreas de floresta.

O Que Esperar para os Próximos Meses?

As perspectivas para os próximos meses são preocupantes. O relatório do CEMADEN para setembro de 2024 alerta que as temperaturas da superfície do mar no Oceano Atlântico, acima da média, podem retardar a chegada das chuvas, exacerbando ainda mais a seca. Embora algumas precipitações estejam previstas para a segunda metade do mês, elas não serão suficientes para mudar o cenário atual.

O cenário requer ações urgentes e eficazes para mitigar os efeitos desta seca histórica. A ação conjunta de governos, setor privado e sociedade civil é crucial para enfrentar esse desafio ambiental monumental.

Como a Seca de 2024 se Compara com Anos Anteriores?

A seca de 2024 é destacada não apenas por sua intensidade, mas também pela abrangência territorial. Entre 2012 e 2022, as secas no Brasil eram mais localizadas. No entanto, a seca atual está afetando amplamente várias regiões do país. Comparado a anos como 1998, 2015 e 2020, 2024 apresenta uma severidade e extensão territoriais sem precedentes.

Para superar esta crise, é essencial fortalecer a conscientização e implementar ações coordenadas. Somente com esforço coletivo será possível mitigar os impactos desta seca extrema, garantindo a preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade do Brasil.