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Ministro do STF determina que Daniel Silveira volte imediatamente para o presídio
Na decisão, Alexandre de Moraes alegou uma série de violações ao monitoramento eletrônico da Justiça por parte do parlamentarO ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que o deputado Daniel Silveira (PSL) seja novamente conduzido para o regime fechado. Moraes alega na decisão, tomada nesta quinta-feira (24), que o parlamentar desrespeitou o uso de tornozeleira eletrônica mais de 30 vezes e, mesmo após ser punido, não pagou uma fiança de R$ 100 mil imposta na semana passada.
Para o ministro do STF, a atitude de Silveira demonstra “total desprezo pela Justiça”. Ainda segundo o texto da decisão, a “inadequação da medida cautelar em cessar o periculum libertatis do denunciado, o que indica a necessidade de restabelecimento da prisão, não sendo vislumbradas, por ora, outras medidas aptas a cumprir sua função como bem salientado pela Procuradoria Geral da República, que, quando instada a se manifestar acerca das violações ao monitoramento eletrônico, pugnou, em primeiro lugar, pelo fim da substitutividade e retorno da prisão”.
“Não consta dos autos qualquer notícia de depósito da fiança estabelecida. Pelo contrário, Daniel Silveira, em petição protocolada às 13h38min de 23/6/2021, informou que não depositou nenhum valor, circunstância que se verifica até o momento. A contagem do prazo de 48h para o depósito, iniciada dia 21/6/2021 – primeiro dia útil após a intimação –, está inequivocamente esgotada”, ressaltou Moares ainda. “Em face do reiterado desrespeito às medidas restritivas estabelecidas, restabeleço a prisão de Daniel Silveira, nos termos do art. 282, § 4º, do CPP, devendo ser recolhido, imediatamente, às dependências do Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”, completou o ministro do Supremo.
Relembre o caso
No dia 16 de fevereiro, Daniel Silveira foi preso em flagrante por crime inafiançável, após divulgar um vídeo em suas redes sociais defendendo a volta do AI-5, instrumento considerado o mais duro da ditadura militar, e pedindo a destituição do cargo dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, desde março, passou a cumprir prisão domiciliar com medidas cautelares, dentre elas o uso de tornozeleira eletrônica.
Por conta da gravação, o deputado responde a uma representação no Conselho de Ética por procedimento incompatível com o decoro parlamentar. O processo foi elaborado pelos partidos PSOL, PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede, com o pedido para que o parlamentar do PSL perca o mandato por conta dos ataques ao Supremo.
O relator do processo no Conselho de Ética da Câmara, o parlamentar Fernando Rodolfo (PL-PE), apresentou o parecer sobre o caso no último dia 09 e defendeu que Silveira seja suspenso por seis meses, ao invés de ter o mandato cassado. De acordo com o relator, Silveira não cometeu nenhum ato que justificasse a cassação, pois “agiu nos limites do exercício de seu mandato, estando albergado pela imunidade material que lhe é conferida pela Constituição Federal”.