Política
Collor avalia processo de impeachment de Bolsonaro como inevitável
Ex-presidente diz ver similaridades entre o atual cenário e aquele que enfrentou em 1992Em entrevista ao portal de notícias Uol, o senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) afirmou ver semelhanças no atual cenário político enfrentado pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), com aquele que resultou na sua renúncia do cargo, em 1992. Para ele, trata-se de “favas contadas” a abertura de um processo de impeachment contra o chefe do Executivo.
“Pelo que já vivi, isso são favas contadas. Se houver manifestação do Supremo (Tribunal Federal) indo para o Congresso, será autorizado esse processo imediatamente”, avaliou Collor. Na noite da última segunda-feira, o ministro Celso de Mello, do STF, aprovou a instauração de um inquérito para investigar as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro contra Bolsonaro.
Ainda na análise de Collor, a política do “toma lá, dá cá” com os partidos de centro, oferecendo cargos em troca de apoio político no Congresso, foi adotada tardiamente. “Demorou demais, e agora de afogadilho (o mesmo que de maneira apressada) iniciar esse tipo de contato… Não é tão agradável essas investidas que o presidente está fazendo. Está fazendo de um modo equivocada, o presidente da Câmara não está participando”, opinou.
Para ele, tal política pode ter efeito danoso agora. “Se não for feito à luz do dia, com transparência, e passar a ter encontros no final da noite, fora da agenda, começa esse vazamento de informações. ‘Porque ofereceu isso a tal partido, isso a tal outro’. Isso sim é que se confunde com o toma lá, dá cá e é isso que temos que evitar”, esclareceu o ex-presidente.
Sobre as similaridades com o processo de impeachment em 1992, Collor diz: “Essa falta de entendimento com o Congresso, eu já vi. E não gostei do que vi. Não tenho nenhum gosto que aconteça novamente”. “Governo que não tem maioria no Congresso Nacional, no sistema presidencialista, não consegue terminar o seu mandato”, afirmou categoricamente.
Para o ex-presidente, a aposta no apoio popular também é outra estratégia equivocada de Bolsonaro. “O grande apoio que eu imaginei ainda ter estava no meio do povo”, relembrou. “Por isso, acho que essa questão de se apoiar nesse ponto, em contraponto à falta de apoio do Congresso, isso não dá certo. Eu vivi, não dá certo”, completou logo em seguida.