Política
‘A esquerda precisa saber o que está acontecendo no mundo’, analisa Lula
Em entrevista, o ex-presidente avaliou a direita como mais "ousada" desde a queda do Muro de Berlim, em 1989
Em entrevista, o ex-presidente avaliou a direita como mais “ousada” desde a queda do Muro de Berlim, em 1989
(Foto: Reprodução)
Em entrevista ao site Opera Mundi, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que, após a queda do Muro de Berlim em 1989, a direita foi mais “ousada” do que a esquerda. Segundo Lula, isso aconteceu “porque ela partiu para temas, muitas vezes, de interesse pertinentemente do Estado”. Na conversa, o petista explica sua tese através de uma exemplificação: “O discurso contra os migrantes é muito forte em qualquer país do mundo. Veja o que está acontecendo agora no Brasil com os discursos do governo em relação à Venezuela”.
Lula ainda relembrou as críticas que recebeu por ter apoiado a queda do muro na época: “Eu na verdade fui muito criticado no Brasil porque eu era um cara favorável à queda do Muro de Berlim. Eu nunca aceitei a ideia de pensamento único, nunca aceitei a ideia de que tudo seria resolvido se estivesse escrito em um manual e eu acho que a queda do Muro de Berlim, ela permitiu que a esquerda pudesse voltar a pensar. A pensar livremente novas formas de organização, a pensar livremente novas formas de fazer sindicalismo, a pensar novamente em brigar para melhorar de vida, mas isso não aconteceu”.
“A esquerda precisa voltar não a construir seu discurso original, mas a esquerda precisa saber o que está acontecendo no mundo, ou seja, na medida em que você não tem uma confrontação mais direta, você tem apenas um lado capitalista impondo regras, onde tudo, tudo é feito em função de melhorar a produtividade, de melhorar a rentabilidade e não tem nada pensando em como melhorar a humanidade. Como melhorar? Eu quero mais tecnologia para quê? Eu quero mais desenvolvimento para quê? Eu quero mais produção para quê? Tudo só tem sentido se melhorar a vida do povo”, analisa.
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