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Trump mira madeira importada e ameaça exportações brasileiras
Presidente dos EUA assinou documento que prevê ações para aumentar produção doméstica e reduzir importação do material
Uma nova investigação comercial nos EUA corre o risco de impactar, mais uma vez, o mercado brasileiro, desta vez, o de madeiras em tábua. Neste sábado (1º), o presidente Donald Trump assinou uma determinação que prevê ações para aumentar a produção local de madeira e, consequentemente, dificultar a importação deste material. Entre as iniciativas, há um dispositivo para que o Departamento de Comércio investigue possíveis danos que as importações do produto podem causar para a segurança nacional.
As investigações serão conduzidas pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e se baseiam na Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, de 1962. É importante destacar que a legislação em questão é a mesma utilizada por Trump para justificar a imposição de tarifas globais sobre o aço e o alumínio importados pelo país, que também causam relevante impacto nas exportações brasileiras.
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Além da determinação de investigação, o presidente dos EUA assinou, ainda, uma ordem executiva para elevar o número de possíveis fornecedores de madeira e madeira serrada e buscar reduzir os custos para a moradia e construção. A ideia é tentar garantir processos de licenciamento mais rápidos e aumentar a quantidade de produtos de madeira oferecidos para venda. A informação foi transmitida por um alto funcionário da Casa Branca, que falou sob condição de anonimato.
O governo dos EUA, por meio de um informativo, esclarece que há uma exigência de novas orientações das agências do país com o objetivo de expandir a produção de madeira. Entre as demandas, está a aceleração na aprovação de projetos florestais sob a Lei de Espécies Ameaçadas. O funcionário anônimo ressaltou que a ordem ajudaria a prevenir incêndios florestais e melhorar o habitat dos animais.
Antes da assinatura do documento, o conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou a jornalistas, por meio de teleconferência, que a investigação seria uma espécie de contraponto às ações de grandes exportadoras do produto, como Canadá, Alemanha, além do próprio Brasil. “(Esses países) estão despejando madeira em nossos mercados às custas da nossa prosperidade econômica e segurança nacional”, disse o conselheiro.
Entre os produtos que devem ser impactados, estão todos os itens feitos a partir de madeira serrada, a exemplo de móveis e armários de cozinha. Ainda não há uma previsão oficial para a conclusão das investigações, apesar de que a informação repassada pelo funcionário da Casa Branca indique que o processo seria acelerado pelo Departamento de Comércio do país.
Apesar de o funcionário de alto escalão do governo norte-americano não ter adiantado qual seria a proposta de tarifa aplicada para os produtos confeccionados a partir de madeira, o presidente Donald Trump chegou a afirmar no início do mês passado que estava pensando em impor uma taxa de 25% sobre a madeira serrada e produtos florestais.
A autoridade que falou sob anonimato acrescentou que o governo norte-americano considera que a dependência das tábuas de madeira importada é um risco à segurança nacional. Como explicou o funcionário, o produto é altamente consumido pelas forças armadas do país no setor da construção. Além disso, ele ressaltou que os EUA consideram que a dependência maior de importações de uma commodity com alta capacidade de oferta dentro do próprio país é um perigo para a economia.
Se for confirmada, a tarifa sobre tábuas de madeira pode ser mais uma na lista de produtos taxados pelo governo de Donald Trump que geram impacto na balança comercial brasileira. No último dia 10 de fevereiro, o presidente dos EUA assinou uma medida que impõe taxa de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelo país. A medida foi recebida com apreensão pelo governo brasileiro e pelos produtores, que seguem na busca de uma resolução pacífica do problema, por meio de negociações.
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