Mundo
Denúncias, acordos e guerras: a retrospectiva 2024 ao redor do mundo
Relembre os acontecimentos e figuras globais mais marcantes dos últimos 12 meses de 2024O ano de 2024 foi marcado por inúmeros eventos de importância mundial. Nomes como Donald Trump, Joe Biden, Bashar al-Assad, Gisèle Pelicot, Luigi Mangione e outras figuras impactaram diretamente o curso mundial.
Catástrofes naturais também assolaram diversas regiões do globo e chamaram atenção para as consequências do aquecimento global. Houve, ainda, momentos de celebração universal, como os Jogos Olímpicos. A seguir, confira os acontecimentos mais marcantes do ano:
Terremoto de magnitude 7,6 no Japão
No primeiro dia de 2024, o Japão foi atingido por um terremoto de magnitude 7,6. O tremor principal ocorreu na cidade de Anamizu, na região de Ishikawa, por volta de 16h10 no horário local (4h10 no horário de Brasília). Casas e prédios desabaram e o alerta de tsunami com ondas de até 15 metros foi acionado. Ao menos 48 pessoas morreram.
Lista de celebridades em documentos de Jeffrey Epstein
Em janeiro, documentos ligados a Jeffrey Epstein, magnata financeiro e criminoso sexual americano condenado à prisão perpétua, revelaram nomes de celebridades que estariam relacionadas ao esquema sexual do empresário.
Entre os citados estão o príncipe Andrew, da Inglaterra, que é acusado de ter tido relações sexuais com uma menor de idade a mando de Epstein. Leonardo diCaprio, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Bruce Willis, Kevin Spacey, George Lucas, Naomi Campbell e Stephen Hawking também são mencionados, mas não são acusados de nenhum crime.
Guerra entre Rússia e Ucrânia completa dois anos
O conflito entre Rússia e Ucrânia completou dois anos em 24 de fevereiro. Ao longo de 2024, a Ucrânia ficou em uma posição predominantemente defensiva, mas nos últimos meses do ano mudou a abordagem ao atacar o território russo e dizimar figuras importantes, como o general Igor Kirillov, ligado ao governo do presidente russo Vladimir Putin.
A Rússia, por sua vez, manteve a posição predominantemente ofensiva, realizando ataques expressivos contra a Ucrânia. Em 26 de novembro, o país realizou o maior ataque com drones da guerra, com 188 equipamentos kamikaze, provocando grandes danos à infraestrutura ucraniana.
Em novembro, a Ucrânia recebeu do presidente americano Joe Biden a autorização para usar mísseis americanos de longo alcance. A medida preocupou Putin, pois poderia significar uma escalada no conflito. Em dezembro, o presidente russo alegou que está pronto para negociar o fim da guerra com a Ucrânia, e sugeriu que as negociações comecem em 20 de janeiro de 2025.
Suposto desaparecimento de Kate Middleton
Entre dezembro de 2023 e março de 2024, a Princesa de Gales esteve afastada dos deveres reais, o que despertou especulações nas redes sociais. Em janeiro, o Palácio de Kensington informou que Kate passou por uma cirurgia e deveria se recuperar até a Páscoa — sem maiores detalhes.
Internautas levantaram a possibilidade de que Kate teria doado um rim ao rei Charles, ou então que estaria separada do Príncipe William. No dia das mães na Inglaterra, em março, a princesa publicou uma foto com os filhos que tinha sido alterada digitalmente, fato que aumentou ainda mais as especulações de que ela estaria desaparecida.
Dias depois, Kate anunciou que enfrentava um câncer e que realizava quimioterapia preventiva. Em junho, ela realizou sua primeira aparição pública após o anúncio do diagnóstico e aos poucos voltou a exercer as funções reais.
Primeira mulher eleita no México
Em 2 de junho, Claudia Sheinbaum foi eleita a primeira mulher e a primeira pessoa de herança judaica a comandar o México. Ela venceu o pleito presidencial com mais de 60% dos votos, marcando uma conquista histórica em um país conhecido pela cultura profundamente patriarcal e católica.
Militares invadem palácio presidencial da Bolívia e tentam dar golpe
Militares comandados pelo ex-comandante do Exército da Bolívia, Juan José Zúñiga, invadiram o palácio presidencial do país em 26 de junho e tentaram aplicar um golpe de Estado, a fim de demover o presidente Luis Arce. Os militares ficaram quatro horas na Praça Murillo e inclusive tentaram entrar com um tanque de guerra dentro do Palacio Quemado, a sede do poder.
O movimento foi desarticulado por Arce, que destituiu Zuñiga, bem como os comandantes da Marinha e da Aeronáutica. A Procuradoria-Geral da Bolívia abriu uma investigação contra o ex-comandante e os militares que participaram do ato.
Verão mais quente da história
O verão de 2024 no Hemisfério Norte entrou para a história por ser o mais quente já registrado, segundo o observatório europeu Copernicus. O período desbancou o verão de 2023, que até então tinha registrado as maiores temperaturas. O dia 22 de julho foi o dia mais quente da história, com a temperatura global de 17,15°C. Em agosto, por sua vez, a temperatura global atingiu 22,96ºC, 1,5ºC mais alta do que normalmente é registrado nesta época.
Olimpíadas de Paris
Entre 26 de julho e 11 de agosto, ocorreram os Jogos Olímpicos de Paris. A cerimônia de abertura contou com a participação de Celine Dion e Lady Gaga e emocionou espectadores em todo o mundo.
Os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar na colocação geral, com 40 medalhas de ouro, 44 de prata e 42 de bronze. A China ficou em segundo, com 40 ouros, 27 pratas e 24 bronzes. O Brasil alcançou a 20ª colocação, com 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes.
Não faltaram polêmicas envolvendo os Jogos Olímpicos, desde a poluição do rio Sena, no qual o presidente Emmanuel Macron prometeu nadar, até a comida escassa, ruim e com vermes na Vila Olímpica.
Eleições na Venezuela
Em 28 de julho, os venezuelanos foram às urnas para decidir o presidente do país pelos próximos anos. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, Nicolás Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, resultado que é contestado pela oposição. Internacionalmente, questionou-se a transparência do pleito. O Brasil, inclusive, pediu que o CNE liberasse as atas das urnas, que poderiam comprovar a veracidade da votação.
Houve manifestações em todo o país, e figuras da oposição foram presas por questionarem os resultados. Apesar de ter sido anunciado derrotado, o candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia, que está exilado na Espanha desde setembro, disse que voltará à Venezuela em 10 de janeiro de 2025 para tomar posse.
Prisão do rapper P. Diddy
Após meses de investigação, o rapper Sean Combs, conhecido como P. Diddy, foi preso em 16 de setembro, acusado de tráfico sexual e agressão. Ao longo do ano, o artista foi denunciado por mais de 100 vítimas, algumas delas menores de idade. As acusações abrangem o período de 1991 até este ano, em cidades como Nova York, Los Angeles e Miami.
Além de abusar sexualmente das vítimas, Combs é acusado de promover festas chamadas “freak offs”, nas quais incentivava o tráfico sexual. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber foram alguns dos famosos que compareceram às festas de Diddy. Internautas especularam que eles soubessem o que acontecia nos eventos e que compactuam com os crimes.
Gisèle Pelicot torna o próprio processo público
Em setembro, a Justiça da França anunciou o julgamento de um homem acusado de promover o estupro de sua esposa por mais de 70 homens diferentes, enquanto ela era mantida inconsciente pelo uso de drogas. A vítima, Gisèle Pelicot, abriu mão do anonimato e tornou o julgamento público para conscientizar a população sobre a submissão química, que é o uso de drogas para cometer agressões sexuais. Pelicot ganhou o coração da França e se tornou um ícone feminista. Ao final do julgamento, em 19 de dezembro, o ex-marido dela foi condenado à prisão.
Conflito em Gaza completa um ano
Em 7 de outubro, o conflito na faixa de Gaza completou um ano. Até dezembro deste ano, a guerra dizimou mais de 45 mil palestinos e feriu outros 100 mil, de acordo com o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.
Em junho, Israel aceitou um cessar-fogo de seis semanas proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) a fins humanitários. Após este período, o conflito seguiu. Israel bombardeou pontos que considerava serem dominados pelo Hamas e acusou o grupo de se apropriar de escolas e hospitais. O Hamas, em resposta, disse que o país está procurando desculpas para assassinar civis em massa.
Eleições norte-americanas
Neste ano, os Estados Unidos elegeram o republicano Donald Trump como o 47º presidente a comandar o país. As eleições ocorreram em 5 de novembro de 2024 e o resultado saiu na madrugada do dia 6.
No entanto, o processo eleitoral americano repercutiu internacionalmente antes do pleito em si: em julho, o presidente e então candidato à reeleição Joe Biden desistiu da campanha eleitoral, após desempenho desastroso em debate contra Trump. A vice-presidente, Kamala Harris, assumiu a campanha e gerou a expectativa de que os Estados Unidos teriam uma líder mulher pela primeira vez. No entanto, a previsão não se concretizou.
Cúpula do G20
A Cúpula do G20, encontro anual entre os líderes das maiores economias do mundo, ocorreu no Rio de Janeiro entre 18 e 19 de novembro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). A edição de 2024 contou com a presença de Chefes de Estado, Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais de 19 países, da União Europeia e da União Africana.
Entre os principais resultados do encontro estão a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo Brasil para erradicar a fome no mundo até 2030; a criação do G20 Social, responsável por aproximar a sociedade civil dos debates do grupo; o lançamento da Iniciativa Global para a Integridade da Informação, a fim de combater a desinformação e a reforma da governança global, sobretudo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Acordo entre União Europeia e Mercosul
Em 8 de dezembro, líderes do Mercosul e da União Europeia anunciaram a conclusão das negociações do Acordo de Parceria entre os dois blocos, após 25 anos de conversas. O tratado prevê redução de tarifas comerciais e facilitação de investimentos. A expectativa é que alavanque o comércio entre as duas regiões em um mundo cada vez mais polarizado entre China e Estados Unidos.
Apesar do anúncio, o acordo ainda precisa ser assinado, e líderes europeus colocaram impedimentos ao tratado. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que não assinará o acordo se não houver mudanças no texto. Emmanuel Macron, presidente francês, se opôs a pontos do tratado. Além disso, agricultores da Espanha e da França foram às ruas protestar contra o pacto.