Esportes
Pressão interna por nova venda da SAF aumenta no Vasco
Diretoria segue à frente do futebol por força de liminar, válida desde maio
A diretoria do Vasco vê crescer sobre si a pressão para revender a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), empresa que gere o futebol do clube. Com a alta cúpula vascaína à frente dos trabalhos, após liminar impetrada em maio do ano passado, ainda não foi possível encontrar um novo investidor, já que a pendenga com a 777 Partners continua na Justiça. A situação incomoda sócios beneméritos e conselheiros do clube, que pressionam para que se encontre um novo gestor para a empresa.
Na última semana, Clóvis Munhoz e Júlio Brant, duas importantes figuras da política vascaína, renunciaram a seus cargos no conselho deliberativo do clube. Ambos acusam a diretoria do Vasco de lentidão e falta de transparência no processo. Desde maio passado, quando entrou com a liminar, a diretoria busca novos compradores, mas não houve avanços significativos nestas conversas. Atualmente, 39% das ações da SAF estão em arbitragem, isto é, dependerão de análise judicial para saber se o Vasco ou a 777 têm razão em suas reclamações.
“Uma hora falam que não tem interessado, outra hora falam em três, quatro, em cinco interessados. Aí, outra hora falam que o processo está andando muito rápido, outra hora falam que está andando muito devagar. Não há transparência com relação ao processo e o sócio quer ver o investimento entrando na nossa SAF. Esse é o desejo do sócio. Então, a atual gestão precisa respeitar e entender que o clube não tem dono, é formado por sócios e os sócios tomaram uma decisão em ampla maioria e essa decisão precisa ser respeitada. É o que vamos cobrar nessa nossa saída do conselho deliberativo do clube”, afirma Brant.
O grego Evangelos Marinakis apontou que só seguirá adiante nas conversações quando estas questões estiverem resolvidas do ponto de vista judicial. Embora o presidente Pedrinho tenha destacado várias vezes que seu maior desejo é vender a SAF, também admitiu que não houve nenhuma proposta oficial neste sentido. O clube entrou em fevereiro com um pedido de recuperação judicial, que foi acatado pela Justiça. A dívida total do clube corresponde a cerca de R$ 1,4 bilhão.
Brant: ‘Faz o processo andar’
Júlio Brant também projeta que o Vasco não deverá suportar muito tempo sem investimentos de grande porte. Embora não haja salários atrasados entre jogadores e funcionários, o Vasco não fez contratações vultosas e claramente esteve em desvantagem comparado a outros clubes nas últimas janelas de transferências. A falta de grandes recursos fez a diretoria demorar a contratar novos nomes para setores como a zaga e o ataque. Na opinião do agora ex-conselheiro, apenas o modelo da SAF – e não o associativo – é que pode garantir a melhor saúde financeira do Vasco para os próximos anos:
“É óbvio que o Vasco precisa mais do que nunca de investidores e parceiros estratégicos para fazer o futebol crescer e dar o resultado que a gente quer. O sócio e o torcedor vascaíno não aguentam mais a participação do associativo, a política influenciada no futebol. Os investimentos necessários para o futebol são hoje muito altos, então não tem como você fazer de forma orgânica pelo associativo, precisa do investidor. Não é garantia de sucesso, mas a gente tem que pressionar para que o desejo do sócio e do torcedor, manifestado lá na Assembleia Geral Extraordinária, que deu mais de 75% de votos da SAF, seja respeitado. Ah, a 777 não deu certo? Tudo bem, troca o sócio. Tem um monte no mercado querendo entrar como parceiro do Vasco. Qualifica o sócio, faz o trabalho que não foi feito na outra gestão. Mas faz o processo andar. O que não pode é sentar em cima e tocar o Vasco como uma associação, que é o que está acontecendo hoje”.
