Esportes
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, afirma ter sido vítima de racismo dentro da entidade
Segundo o dirigente, ato aconteceu neste domingo, durante convocação da Seleção para os amistosos de junho
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirmou, neste domingo (28), ter sido vítima de racismo na sede da CBF, entidade que comanda, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, durante a convocação da Seleção Brasileira para os amistosos de junho. O dirigente não deu detalhes sobre o ocorrido, mas afirmou que irá acionar o departamento jurídico da entidade.
Ednaldo fez a afirmação ao comentar a situação do atacante Vini Jr e as medidas de combate ao racismo propostas pela CBF.
“Isso foi importante, o Vinicius Junior tem agradecido muito, tanto ele quanto seus empresários. Ontem aconteceu em todas as rodadas, hoje também vai acontecer. Já está passando na decisão do Campeonato Paraense, do Águia de Marabá contra o Remo. Isso tem que acontecer, todos falando e combatendo, porque é é um crime, um crime que constrange as pessoas quando não são fortes e não têm a vivência de resistir, como eu resisto” – disse.
“Eu resisto, comecei a sofrer racismo desde os oito anos, tenho 60 anos e sofro. A gente sofre em qualquer momento, aqui dentro do auditório hoje teve racismo, tem situações em que a pessoa… Junto com o jurídico da CBF vamos procurar ver o que é possível para colocar de uma forma pública no site da entidade esses racistas, para que eles não fiquem no meio de pessoas de bem e que estão pregando o combate ao racismo e eles praticando” – completou Ednaldo.
A situação de deu justamente uma semana após os atos racistas contra o atacante Vinicius Jr, do Real Madrid. Ainda neste domingo, a CBF já havia apontado quais ações está tomando visando o combate ao racismo.
” O racismo não vai parar somente… Nós fizemos um seminário de combate ao racismo em 25 de agosto e ele continua. Tem um grupo de trabalho permanente, com cerca de 80 pessoas dos mais diferentes segmentos da sociedade, incluindo judiciário, polícia federal, atletas, imprensa, dirigentes. O racismo está em todos os cantos, estava aqui hoje. Isso é em todo momento. Tem racistas na imprensa, tem racistas a todo tempo. Vamos estar de frente para falarmos e não nos amedrontarmos” – disse.
Ednaldo também explicou o porquê da escolha do amistoso contra Guiné, no dia 17 de junho, ser na Espanha, local onde Vini Jr sofrera os atos racismos. Na visão dele, a escolha é um ato de resistência – enfrentar o racismo de frente em seu reduto.
“Quando questionaram por que seria na Espanha (o amistoso contra Guiné), onde houve racismo, primeiro: estávamos tratando o jogo na Espanha há 60 dias. Quando acontece uma questão de racismo, aqueles que sofrem não vão para debaixo da cama com medo, vai ter que enfrentar. E enfrentar o racista em seu reduto é a melhor coisa para passar a mensagem com vigor. Não é nenhum desafio, autoritarismo, mas os racistas a gente tem que dizer não e repetir esse não várias vezes” – declarou.
“Você nunca viu um racista dizer que é racista, eles cometem as ações de racismo e quando a pessoa coloca e diz que aquilo foi racismo ele, no máximo, diz que não foi racismo, pega uma legião de colegas e amigos, diz que não foi racista, mas tem muitos. E tem em todo canto do mundo, da sociedade, tem no futebol, tem na imprensa, tem nos bancos, tem na polícia, em todo canto. Temos que estar sempre acompanhando e divulgando, dizendo quem é, a vida vai continuar, a pessoa não vai se deixar abater por questões do racista. Tem que deixar o racista abatido, ele que está cometendo um crime” – continuou.
“Essa campanha é para todos, o Vini Jr está sendo de uma forma contumaz lá na Espanha, isso não é de hoje, estamos falando há mais de um ano, acionamos os mesmos personagens que acionamos dessa vez: Uefa, Conmebol, Federação Espanhola. E se tiver que repetir mais vezes vamos repetir quantas vezes forem necessárias” – prosseguiu o dirigente.