Botafogo
No Uruguai, torcedores do Botafogo são orientados a não falar português e evitar camisa do clube
Torcedores do Botafogo vivem insegurança em Montevidéu antes do confronto com Peñarol pela Libertadores. Situação tensa na cidade inclui ameaças e intimidaçõesO clima fica cada vez mais tenso em Montevidéu, no Uruguai, que vai receber o jogo entre Peñarol e Botafogo, na quarta-feira (30), válido pela Libertadores. Torcedores do clube carioca que foram para Montevidéu relatam momentos de medo e insegurança, especialmente por estarem sendo identificados como brasileiros, o que tem causado reações hostis.
Victor Malanquini, torcedor do Botafogo de 39 anos, relatou sua experiência ao chegar ao país com o cunhado. Na manhã de terça-feira, enquanto visitavam o Mercado del Puerto, foram abordados por torcedores do Peñarol. “Estávamos falando português, e dois torcedores locais perceberam e começaram a nos questionar, com garrafas na mão. Tentamos disfarçar dizendo que éramos argentinos, mas mesmo assim eles nos seguiram,” conta Malanquini, que é de Vitória, no Espírito Santo.
O motorista de um táxi próximo os ajudou a se afastar da situação, alertando que torcedores do Peñarol estariam em busca de brasileiros para intimidar, devido às prisões de uruguaios no Rio após atos de selvageria na orla do Recreio. “Ele nos aconselhou a evitar falar português alto e usar qualquer adereço que identificasse o Brasil,” completou.
Malanquini ainda relatou a incerteza sobre sua entrada no estádio. “Compramos os ingressos, mas as autoridades uruguaias dão a entender que não permitirão a presença de torcedores do Botafogo. É frustrante e lamentável, ainda mais pelo custo e pelo esforço para apoiar o time em um momento tão importante,” lamenta.
Professora viaja com o pai e não deve ir ao jogo
A professora Thais Gabrich, de 28 anos, viajou com o pai, de 61 anos. Eles buscam não se identificar como brasileiros para não chamar a atenção dos torcedores locais.
“Meu pai não fala espanhol, e o meu é básico, mas estamos tentando não chamar atenção. Muitas pessoas nos alertaram para não ir ao jogo, inclusive no Estádio Centenário, onde foram bem incisivos sobre o risco,” conta Thais.
Diante do cenário, Thais considera não ir ao jogo. “Estou muito triste, é minha primeira semifinal de Libertadores. Sou professora autônoma, desmarquei aulas e assumi gastos altos para estar aqui. É uma decepção enorme, pois talvez nem consiga ver o jogo,” desabafa.
Botafogo discorda sobre torcida única
O Botafogo se pronunciou sobre a tentativa do Ministério do Interior do Uruguai e da AUF (Associação Uruguaia de Futebol) em colocar torcida única na partida contra o Peñarol, às 21h30 desta quarta-feira, no Campeón del Siglo, pelas semifinais da Conmebol Libertadores.
As entidades alegam falta de segurança para os torcedores visitantes após os conflitos causados por alguns uruguaios no Rio de Janeiro na última semana, 21 torcedores do Peñarol ainda estão presos em território brasileiro.
De acordo com o regulamento da Conmebol, o Peñarol pode sofrer punições por não colocar todos os ingressos disponíveis para visitantes à venda e não oferecer segurança no estádio.
O Botafogo repudiou a decisão unilateral sobre torcida única e afirmou que o Peñarol e a polícia uruguaia abriram um precedente perigoso para a disputa da competição ao não garantir segurança para a torcida visitante, sendo beneficiado por isso.
Conmebol se pronuncia
Através de um ofício enviado à Associação Uruguaia de Futebol, a Conmebol pediu que o Ministério do Interior e o Peñarol garantam não só a presença, mas também a segurança dos torcedores do Botafogo que pretendem acompanhar o clube no jogo de volta das semifinais da Libertadores, no estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu.
Sendo assim, o Peñarol precisa, por escrito, fornecer as garantias necessárias para a realização da partida com a presença da torcida visitante, conforme é previsto no regulamento da competição. Caso não sejam entregues, o duelo será com portões fechados.