Campeonato Brasileiro
‘Até breve’: Renato Gaúcho escreve carta de despedida após se demitir do Grêmio
Técnico encerrou ciclo de quase cinco anos na terceira passagem pelo Tricolor GaúchoDepois de quatro anos e meio no comando do Grêmio, durante sua terceira passagem pelo clube, Renato Portaluppi pediu demissão do cargo após a eliminação na fase de pré-Libertadores, na última quarta-feira (14), para o Independiente Del Valle, do Equador, dentro de casa.
Nesta segunda-feira (19), o treinador escreveu uma carta de despedida aos torcedores gremistas num tom de “até breve”. Renato estava se recuperando da Covid-19 e, agora, terá um tempo para descansar após ficar quase cinco anos ativo no Tricolor Gaúcho, onde conquistou a Copa do Brasil (2016), Libertadores (2017), Recopa Sul-Americana (2018), três Estaduais (2018, 2019 e 2020), além da Recopa Gaúcha (2019).
Do clube, inclusive, o técnico recebeu uma estátua na atual Arena do Grêmio. Tanto pela passagem como jogador, mas como treinador, quando se tornou o profissional com jogos à frente do clube.
Confira a carta:
“Quando o meu telefone tocou, em setembro de 2016 e do outro lado da linha estava o Dr. Adalberto Preis, não precisei nem esperar ele terminar de falar. “Estou dentro, Dr. Pode contar comigo que estou voltando”. O Grêmio não me chama, o Grêmio me convoca. Sempre foi assim e sempre vai ser. Foram quase cinco anos de muita dedicação, de muito trabalho e, principalmente, de muitas alegrias. Batemos metas muito importantes, recolocamos o clube no caminho das grandes conquistas e me orgulho de cada dia de trabalho, de cada treino, de cada gota de suor, de cada lágrima, de cada jogo e de cada aprendizado, nas vitórias e também nas derrotas. Se hoje sou o treinador com mais jogos no comando do clube, e isso é uma alegria que não cabe dentro do peito, devo a muita gente. Ao presidente Romildo, que durante todo esse período esteve ao nosso lado e fez de tudo para que sempre tivéssemos as melhores condições de trabalho. Nos momentos bons e nos momentos de dificuldade, ele sempre estendeu a mão e isso não tem preço.
Desde o primeiro dia de trabalho em 2016, criamos um relacionamento com o grupo de jogadores que sempre foi de respeito e admiração mútuas. Passaram pelo clube atletas extremamente profissionais, dedicados, inteligentes, amigos e que deram o sangue por essa camisa. E tenho certeza que continuará sendo assim. O Grêmio tem um grande grupo de homens. E por falar em grupo, uma das maiores alegrias que eu tive aconteceu no último sábado. Já estava fora da quarentena e à noite, por volta das 21h, tive uma surpresa linda. O grupo inteiro “invadiu” o meu quarto do hotel para me abraçar. Ainda bem que o coração está em dia. Tive de expulsar eles depois da uma da manhã. E ainda queriam fazer churrasco para mim na segunda-feira. Mas aí não vou aguentar. Esse é o meu grupo! Não é fácil ficar quase cinco anos sem ter nenhum problema com jogador.
O Grêmio não me chama, o Grêmio me convoca. Sempre foi assim e sempre vai ser. Foram quase cinco anos de muita dedicação, de muito trabalho e, principalmente, de muitas alegrias.
E o que é que eu vou dizer de todos os funcionários do clube? Que saudade que eu vou sentir de cada um deles. As “gringas” do restaurante fazem uma comida maravilhosa e eu estava sempre ali fazendo uma boquinha. Os massagistas, os seguranças, na grande figura do Fernandão, chefe da segurança do Grêmio e da seleção brasileira, pessoal da rouparia, da fisioterapia, todos eles. Queria poder abraçar cada um e agradecer pessoalmente por tudo que fizeram ao longo desse período.Preciso fazer um agradecimento especial ao departamento médico, que é um dos melhores do Brasil. Dr. Márcio, Dr. Rabaldo e Dr. Gabriel sempre tiveram muito cuidado comigo, em todos os momentos. E também o Dr. Leandro Zimerman, cardiologista, que teve participação fundamental também.
Claro, nem tudo são flores quando você tem um convívio de tanto tempo. Tive de puxar a orelha de alguns, trazer outros para a realidade da vida, mas “É O QUE EU DIGO PRA VOCÊS”, dentro do vestiário nunca teve crise. Todos os nossos problemas nós resolvemos internamente, com o grupo blindado e sólido o tempo todo.
Quero terminar falando do coração desse clube. A torcida do Grêmio, em especial a Geral do Grêmio, é simplesmente apaixonante. Em momentos de pandemia, a maioria dos estádios está vazia. Mas não a Arena. Ali do lado de fora, mais precisamente na Esplanada, tem alguém que sempre vai encher esse estádio. Posso estar longe fisicamente, mas aquela estátua, que tanto me orgulha, sou EU e vai estar sempre pulsando pelo Grêmio.
Obrigado a todos e até breve!”