Esportes
Anistia Internacional se reunirá com a Fifa para discutir situação dos trabalhadores das obras da Copa do Mundo do Catar
Abusos e violações foram denunciados nos últimos anos; relatório de novembro revelou a aumento dos índices prejudiciaisA Fifa, através de seus representantes, vai receber, nesta segunda-feira (14), uma delegação da Anistia Internacional para discutir a situação dos trabalhadores imigrantes no Catar que participam das obras para a Copa do Mundo de 2022, que será realizada no país. A organização não governamental defende os direitos humanos em escala mundial. O encontro será realizado na sede da entidade máxima do futebol, em Zurique, na Suíça. Nos últimos anos, a Anistia Internacional fez diversos alertas sobre a condição precária dos operários imigrantes nas instalações de construção no Catar. Diversos jogadores e países também levantaram a questão, que foi denunciada através de diversas partes do mundo.
Em uma das ocasiões, a ONG produziu um relatório de 52 páginas, onde revelou uma série de abusos sofridos pelos trabalhadores imigrantes, alguns deles sendo obrigados ao trabalho forçado. A denúncia também destacou situações como condições precárias de alojamento, passando por salários atrasados, confisco de passaportes para dificultar a saída dos trabalhadores do país, chegando até a ameaças de retaliação, como a proibição de deixar o Catar, caso alguns deles continuassem a se negar a trabalhar.
Em março do ano passado, a Anistia Internacional pediu á Fifa que pressionasse o Catar para melhorar as condições dos trabalhadores migrantes no país, o que aparentemente surtiu efeito. Em novembro de 2021, no entanto, foi publicado um relatório que indicou que os progressos no mercado de trabalho ficaram estagnados e algumas práticas abusivas ressurgiram.
Segundo reportagem do jornal inglês “The Guardian”, publicada em fevereiro do ano passado, no mínimo 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram no Catar desde novembro de 2010, quando o país virou desde da Copa de 2022. Na época, o comitê organizador local declarou que haviam sido 37 mortes, sendo 34 classificadas como “não trabalhistas”.
De acordo com a Fifa, a realização da Copa do Mundo contribuiu para a melhoria de condições de trabalho no Catar e ajudou a introduzir mudanças nas leis trabalhistas locais. O encontro com a Anistia Internacional vai tratar disso, com foco especial no setor de serviços.
Nós recebemos muito bem o engajamento da Anistia Internacional e estamos sempre abertos para discussões construtivas e transparentes, além de levar qualquer preocupação aos nossos parceiros. Continuamos totalmente comprometidos em garantir a proteção dos trabalhadores envolvidos com a entrega da Copa do Mundo — disse o chefe de Responsabilidade Social e Educação da Fifa, Joyce Cook, em nota.