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Tudo é narrativa? O impacto secreto das histórias no que você acredita

O poder das histórias: quem controla a narrativa, controla o mundo?

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Tudo é narrativa? O impacto secreto das histórias no que você acredita
O impacto da narrativa - Créditos: depositphotos.com / AllaSerebrina

O conceito de narrativa abrange uma grande diversidade de estilos e propósitos, variando de matérias jornalísticas a ficção científica. No entanto, independente do formato, cada história é uma construção que envolve uma certa dose de subjetividade. A distinção entre o que é factualmente verdadeiro e o que é criação da imaginação muitas vezes se torna tênue.

Enquanto as documentações visam a precisão e veracidade, outras formas, como a literatura e o cinema, oferecem mais liberdade criativa. Este texto explora as nuances entre diferentes tipos de narrativas, questionando o que realmente diferencia um relato realista de um fictício.

Como definir o que é fato?

As narrativas jornalísticas e históricas são consideradas fatualistas devido ao seu compromisso com a precisão dos eventos que relatam. Jornalistas e historiadores buscam a verdade ao cobrir fatos, ouvindo diferentes perspectivas e verificando as informações. Contudo, mesmo narrativas baseadas em fatos são influenciadas por quem as conta.

Primeiramente, o ato de recordar os eventos e organizá-los em uma sequência lógica já introduz um nível de subjetividade. Além disso, a percepção individual, influenciada por experiências pessoais e visão de mundo, inevitavelmente colore o relato, tornando cada narrativa uma representação única de uma mesma realidade.

A questão da ficção: Esta história realmente aconteceu?

A ficção é geralmente vista como oposta ao fato; no entanto, trabalhos teóricos sugerem que todos os relatos, inclusive os factuais, são construções. Jacques Aumont e Michel Marie, em seu Dicionário Teórico e Crítico de Cinema, afirmam que a ficção é uma forma de discurso que sempre será uma representação, não a realidade em si.

Quando se considera um evento de forma narrativa, escolhas são feitas sobre o que enfatizar ou suprimir, incorporando, portanto, técnicas tradicionalmente associadas à ficção. Isso não significa que reportagens jornalísticas sejam pura invenção, mas sim que elementos criativos são inevitavelmente incorporados na forma como a história é contada.

Tudo é narrativa? O impacto secreto das histórias no que você acredita
Ilustração do que é a narrativa – Créditos: depositphotos.com / Veneratio

A narrativa jornalística pode ser considerada ficção?

Embora o jornalismo busque relatar fatos da maneira mais fiel possível, a narrativa, por sua própria natureza, requer algum grau de construção. Hayden White, um influente teórico da história, argumenta que nenhuma coleção de eventos históricos, por si só, se forma em uma narrativa sem a intervenção do narrador.

A objetividade absoluta é, portanto, uma ilusão. Relatos são reflexos da realidade pela perspectiva do narrador, incorporando técnicas artísticas como variação de tom, caracterização e estilo descritivo. Assim, o jornalismo, apesar de suas intenções verdadeiras, não escapa a essa característica narrativa.

A perspectiva crítica: Somos enganados pela narrativa?

É encorajador pensar que narrativas factuais não são influenciadas por interpretação subjetiva, mas aceitar essa ficcionalidade intrínseca pode levar a um consumo mais crítico de informações. Embora narrativas jornalísticas possam incorporar elementos próprios, sua importância na sociedade é inegável.

O mais prudente a fazer é consumir informações de múltiplas fontes, promovendo uma visão abrangente dos eventos e minimizando os riscos de se deixar influenciar pela subjetividade inerente às narrativas pessoais. Isso não só amplia o entendimento dos fatos como também contribui para um discurso mais equilibrado e informado.

1 comentário

1 comentário

  1. MARCIO SAMUEL KERBEL FIGUEIREDO SILVA

    9 de fevereiro de 2025 em 14:16

    Análise pertinente em tempos de subjetividades à flor da pele e visões limitadas pela polarização. Existem formas de filtrar os conteúdos que nos chegam pelos mais diferentes meios e o obter fontes e leituras diversas dos fatos, pode ser o melhor caminho a seguir

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