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Sambe e deguste: exposição resgata memória negra em manifesto artístico
Sob o título "Será o Benedito?", a artista Fátima Farkas inaugura uma coleção de obras sobre a herança africana e a luta contra o apagamento históricoO Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) abre suas portas para uma exposição transformadora que busca resgatar a história e a identidade da população negra no Brasil. Sob o título “Será o Benedito?”, a renomada artista visual Fátima Farkas inaugura uma coleção de obras que mergulham nas profundezas da herança africana e na luta contra o apagamento histórico.
A mostra, que ocorrerá a partir desta sexta-feira (10) até 20 de julho de 2024, é uma homenagem aos 19 anos de existência do IPN, recentemente reconhecido como Patrimônio Cultural da cidade do Rio de Janeiro. Com a curadoria perspicaz de Mauro Trindade, a exposição promete ser uma experiência imersiva e comovente.
“Será o Benedito?” reúne aproximadamente 32 telas que retratam figuras marcantes das lutas raciais, muitas das quais foram silenciadas pela herança racista e patriarcal que permeia a história do Brasil. Farkas, com sua habilidade expressiva, utiliza retratos fotográficos de negros como ponto de partida para recriar memórias e resgatar personagens históricos esquecidos.
Um dos destaques da exposição é a figura de Benedito Caravelas, também conhecido como Benedito Meia-Légua, líder quilombola que lutou pela libertação de escravos no Nordeste e no Espírito Santo. A artista se inspira em fotografias antigas, como as de Alberto Henschel, para dar vida a esses heróis esquecidos.
Além de Benedito, outros retratos notáveis incluem líderes como João Cândido Felisberto, Luiz Gama e a rainha Nzinga, todos símbolos de resistência e perseverança. Farkas não apenas retrata essas figuras, mas também denuncia o apagamento histórico ao substituir rostos por vegetação ou por um vazio branco, simbolizando o desaparecimento de corpos e vidas ao longo dos séculos.
Para Mauro Trindade, curador da exposição, “Será o Benedito?” não é apenas uma coleção de obras de arte, mas um manifesto político e estético que busca resgatar a memória e redefinir a narrativa histórica. É uma oportunidade para os visitantes se emocionarem e refletirem sobre questões cruciais da história brasileira.
Além disso, a exposição oferece uma experiência sensorial única, com uma fragrância no ar evocativa de elementos presentes na rotina dos escravizados, como café, ouro, fumo e cana.
“Será o Benedito?” estará em exibição no Instituto Pretos Novos até 20 de julho de 2024. Não apenas celebra os 19 anos do IPN, mas também marca os 250 anos do sítio do Cemitério dos Pretos Novos, um importante vestígio da chegada dos africanos escravizados no Brasil.
Fátima Farkas, cuja trajetória profissional está intimamente ligada às questões étnicas e culturais brasileiras, traz uma perspectiva única para esta exposição. Sua formação entre o Rio de Janeiro e São Paulo e sua integração ao grupo Contraponto evidenciam sua contribuição singular para a arte brasileira contemporânea.
Serviço:
- Exposição: “Será o Benedito?”
- Artista: Fátima Farkas
- Curadoria: Mauro Trindade
- Local: Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos
- Endereço: Rua Pedro Ernesto, 32-34 – Gamboa, Rio de Janeiro
- Período: 10 de maio a 20 de julho de 2024
- Horário de Funcionamento: De terça a sexta das 10h às 16h; aos sábados das 10h às 13h